002 | Labyrinth

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T A Y L O R

Minha mãe estava em casa, pronta para levar Marjorie, para sua casa, enquanto eu me preparava para sair com Travis. Ele havia chegado a Nova Iorque para me buscar, planejando me levar a um restaurante italiano. A ideia de uma noite fora me deixava ansiosa, e a inquietação crescia com cada minuto que passava. A ideia de me afastar de minha pequena Marjorie me fazia sentir um peso de culpa constante. Sentada no sofá, eu segurava uma xícara de café quente, tentando me distrair com a conversa com minha mãe sobre os planos para a noite.

O aroma reconfortante do café recém-coado se espalhava pela sala, misturando-se ao doce perfume das flores que minha mãe havia disposto com carinho no vaso de cristal no centro da mesa. Ela estava radiante, com aquele sorriso caloroso que só ela sabia dar, claramente feliz por me ver saindo, vivendo um pouco além das responsabilidades diárias. Enquanto mexia na xícara de café, sua voz soava com doçura e firmeza, transmitindo o carinho incondicional de sempre.

— Sinceramente, mãe... acho que foi um erro aceitar esse convite — murmurei, levando a xícara aos lábios, buscando o conforto no calor da bebida. Minha voz saiu trêmula, carregada de uma preocupação que eu não conseguia esconder. A insegurança sobre a noite que me aguardava pesava sobre mim como uma nuvem de incertezas.

Minha mãe se aproximou, com o olhar mais compreensivo do mundo. Seus olhos brilhavam com ternura, e sua mão pousou suavemente no meu ombro, em um gesto de apoio familiar que sempre me fazia sentir acolhida.

— Ah, querida, não diga isso — ela começou, com aquele tom reconfortante que só mães conseguem ter, cheio de convicção, como se cada palavra fosse uma promessa. — Você tem todo o direito de aproveitar a vida. A Marjorie ficará bem, você sabe disso. Eu ficarei com ela, e você precisa de um tempo para si mesma. Você é jovem, não pode se esquecer disso. De vez em quando, é importante respirar e viver momentos que são só seus.

Eu sabia que ela estava certa, pelo menos em parte. Mas mesmo assim, a culpa era um visitante indesejado que não conseguia ir embora. Sair, relaxar com Travis, se afastar de Marjorie, parecia algo quase impossível de aceitar. Por mais que minha mãe estivesse ali, me lembrando que todos precisavam de um tempo, a ideia de me permitir viver algo fora da rotina, algo que fosse apenas meu, me deixava em conflito.

Minha mãe, no entanto, não desistia facilmente. Ela me olhou com um carinho que transbordava entendimento e disse:

— Às vezes, querida, você precisa se lembrar que para ser a melhor mãe que pode ser, precisa cuidar de si mesma também.

Respirei fundo, tentando absorver suas palavras e acreditar nelas, mesmo com o nó na minha garganta crescendo. Sabia que estava prestes a embarcar em uma noite que poderia ser maravilhosa, mas, ao mesmo tempo, sentia que havia tanto em jogo.

Olhei para o carrinho onde minha filha, Marjorie, dormia serenamente. A luz suave da sala iluminava seu rostinho, e meu coração se apertava com uma preocupação silenciosa. Na noite anterior, ela havia acordado várias vezes sem nenhum motivo aparente, e aquilo não saía da minha cabeça. Levantei-me devagar, meus passos leves para não perturbá-la, e me agachei ao seu lado. Com delicadeza, passei o dedo indicador por suas bochechas rosadas, sentindo o calor de sua pele macia, enquanto uma onda de amor e inquietação me envolvia.

— Mãe, estou preocupada... — minha voz saiu quase em um sussurro, sem tirar os olhos da pequena. — Ela ficou acordando a noite inteira, sem explicação.

Minha mãe, sentada no sofá com um olhar sereno, tentou me tranquilizar.

— Não se preocupe, meu amor. — Sua voz era suave, mas firme. — Ela é pequena, deve ser só uma cólica, ou algum desconforto que logo vai passar. Isso é normal nos bebês.

All Too Well (Nova Era) (Tayvis)Onde histórias criam vida. Descubra agora