Vênus

Capítulo 6

Depois da reunião tensa nós voltamos para nossos forções do dia, mas tarde nós três voltamos para casa.

— Agora que estamos em casa, o que você vai fazer a respeito? — Atena perguntou, jogando-se no sofá com seu velho pijama azul de guerra.

Aquela peça já era quase lendária, um uniforme de guerra contra qualquer coisa que envolvesse grandes decisões ou maratonas de séries. Ela se ajeitou como se estivesse se preparando para passar horas em uma discussão importante.

Eu não pude deixar de sorrir ao ver o jeito desleixado e confiante dela. Mesmo depois de um dia cheio, Atena nunca deixava a energia dela cair.

Ártemis, sentada em uma poltrona próxima, permanecia calada, como se já tivesse refletido sobre tudo e apenas aguardasse minha resposta.

Suspirei profundamente, sentindo o peso do dia se acumular sobre meus ombros. A reunião de mais cedo ainda girava na minha mente como uma tempestade de pensamentos e inseguranças. Caminhei até o outro lado da sala e me sentei na poltrona mais próxima da janela, buscando um pouco de paz no movimento suave das cortinas ao vento. Eu sabia que minha mente estava longe de descansar.

A sala estava acolhedora como sempre, mas, por algum motivo, essa noite parecia diferente. O silêncio não era reconfortante, e o clima estava pesado, mesmo com as brincadeiras ocasionais de Atena.

— Eu não sei, estou bastante confusa — confessei, soltando o ar devagar.

— A ideia de — Ser a "namorada falsa" de alguém por um ano... Isso é loucura.

— Loucura? Isso é só o maior experimento social que você vai fazer na vida! — Atena riu, levantando as mãos dramaticamente, como se estivesse apresentando um reality show.

Ela estava se divertindo tanto com a situação que parecia quase empolgada por mim.

— Imagina só, Vênus, você vai poder analisar o comportamento humano de pertinho! Quem sabe você não descobre algo fascinante sobre advogados chatos? — Ela acrescentou, piscando para mim, como se estivesse transformando a ideia em algo digno de um estudo sociológico.

— Vênus, você só faz isso se estiver totalmente confortável — disse Ártemis, com sua voz calma, mas cheia de uma firmeza que me surpreendeu. Ela não era de falar muito, mas quando falava, suas palavras sempre carregavam uma seriedade que cortava qualquer dúvida no ar.

Eu podia sentir o peso do conselho dela me acalmando. Ártemis sempre soube como simplificar as coisas, sem perder a sensibilidade. Seus olhos encontraram os meus e, naquele momento, me senti mais ancorada, como se ela tivesse me lembrado que eu não estava sozinha.

Olhos encontraram os meus, oferecendo apoio de uma maneira sutil, mas poderosa.

Eu sorri para ela, sentindo o conforto que suas palavras traziam.

— Ártemis tem razão. — Suspirei, cruzando os braços sobre o peito.

— Eu só vou seguir em frente com isso se eu realmente sentir que consigo fazer. Sem pressão.

Atena deu de ombros, ainda deitada no sofá.

— Isso aí, Vênus. Não tem por que se apressar. Mas, só para constar, você tem o meu apoio para mergulhar nessa loucura. Pode ser divertido.

Eu ri baixinho, mais pela energia da Atena do que pelo comentário em si. Mas, mesmo com o clima descontraído, algo em mim estava inquieto. A situação toda parecia grande demais, fora do controle... e ao mesmo tempo, parte de mim já sabia o que tinha que fazer.