Capítulo 4

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"Escrever com TDAH é uma dança entre a criatividade e a distração — e é no equilíbrio que as melhores histórias surgem."



— Não chore, o Simba vai ficar bem — disse Iara, com uma voz suave, enquanto abraçava Atena e Kal-El.

Estávamos assistindo "O Rei Leão" pela milionésima vez, mas a cena sempre atingia em cheio os corações mais sensíveis. Iara, com seu jeito delicado, tentava ser a voz da razão, mas eu sabia que nem todos os leões eram tão corajosos quanto ela.

Os olhos de Atena já estavam marejados, e ela apertava as mãos contra o peito, como se tentasse prender as lágrimas que ameaçavam escapar.

Kal-El, sentado ao lado, mordia os lábios e franzia as sobrancelhas, tentando ser forte. No entanto, seus olhos brilhavam como estrelas em uma noite escura, revelando a emoção que ele lutava para esconder.

— Eu só... só tenho alergia a rugidos de leão, é isso — disse Kal-El, tentando disfarçar a voz trêmula.

A tentativa de manter a compostura só fez Atena soltar uma risadinha entre lágrimas, a tensão se dissolvendo por um breve momento.

— Claro, e eu sou a rainha das savanas! — Respondeu Atena, rindo enquanto enxugava os olhos.

— Não tem problema chorar, Kal-El. É o Simba, por favor! Qualquer um chora! — Eu exclamei.

Eles sempre ficam tão comovidos, e mesmo que saibam o que vai acontecer, o impacto nunca parece diminuir.

— A gente já assistiu a esse filme um milhão de vezes, e os irmãos Ávila Fernandes sempre choram — resmungou Ártemis, rolando os olhos e cruzando os braços, como se quisesse se distanciar da sensibilidade deles.

— Sério, vocês deviam tentar um filme de terror. Vamos ver se choram quando o monstro aparece — continuou ela, com um ar de desafio.

A imagem de Kal-El e Atena gritando por um monstro invisível me fez rir mais alto.

— Se o monstro for tão fofo quanto o Simba, talvez a gente chore mesmo — respondeu Atena, com um sorriso provocador, piscando para Ártemis.

— E não se preocupe, Ártemis, o coração de pedra deve proteger você do terror — Atena completou, fazendo uma careta engraçada que deixou todos rindo.

— Irmã, estou com sono — disse Iara, puxando suavemente a manga da minha blusa, seus olhos grandes piscando com cansaço, trazendo um toque de ternura ao momento.

Era como se o dia estivesse pedindo uma pausa, e eu não poderia deixar de concordar com ela.

— Você quer ir para casa? — Perguntei, me abaixando para ficar na altura dela, acariciando seu rosto com suavidade. Iara era a luz da nossa família, e sua inocência sempre me tocava.

Iara assentiu, esfregando os olhos com as mãos pequenas. Ela era a caçula da família, com apenas 6 anos, e sempre foi muito aguardada. Minha mãe enfrentou muitas complicações para engravidar novamente, e aos 39 anos, ela descobriu que estava grávida de Iara, nosso pequeno milagre. E lá estava ela, pronta para nos fazer rir e também para nos lembrar do que era importante.

— Não precisa chamar o motorista, eu levo eles — disse Atena, com uma confiança que era típica dela, como se estivesse se oferecendo para ser a motorista de uma missão secreta.

— Oba! Adoro quando a Atena leva a gente! — Comemorou Iara, seu sorriso iluminando o ambiente como um farol de felicidade.

— Eu não acho uma boa ideia... — protestei, um pouco preocupada, sabendo como Atena gostava de acelerar. O que eu queria era garantir que todos chegassem em casa em segurança, sem aventuras a mais.

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