ANASTASIA AGUIRRE
Já eram 16h, faltava apenas uma hora para o fechamento da cafeteria. O movimento estava tranquilo, Leena atendia enquanto eu fazia companhia, sentada no balcão. Quando uma mesa era desocupada, eu ajudava limpando e recolhendo as coisas. Era um trabalho simples.
Neste momento, Leena estava ocupada na cozinha, então fiquei encarregada de atender os novos clientes que entravam. Até que, atrás de mim, ouvi a porta se abrir.
- Boa tarde! - Virei-me rapidamente com um sorriso no rosto, mas, de repente, uma timidez inesperada tomou conta de mim. - Seja bem-vindo. - Disse tímida.
Era o homem alto de antes. Ele entrou e me encarou por um momento, sem dizer nada, depois se dirigiu a uma das mesas vazias. Sentou-se e começou a observar o cardápio.
Peguei o caderninho e fui até ele.
- Boa tarde. - Ele me cumprimentou, com uma voz grossa e um sotaque marcante, que fez meu braço arrepiar. - Vou querer um café.
Anotei sua preferência rapidamente e fui até a cozinha, onde Leena estava.
- O seu gostoso tá aqui. - Falei baixinho, me aproximando com um sorriso discreto.
- Meu gostoso? - Ela me olhou confusa.
Leena espiou pela porta, o viu e logo voltou com um sorriso travesso.
- O que acha de ficar no meu lugar enquanto vou atendê-lo? - Ela sugeriu, já com segundas intenções.
- Nem pense nisso, eu não faço ideia de como mexer nessa cozinha. - Respondi. - Aqui, ele só pediu um café simples.
- Café?? - Ela arregalou os olhos, incrédula. - Ele pediu café??
- Sim. Qual o problema? - Franzi o cenho, sem entender. - Na verdade, isso deveria ser o mais comum, estamos em uma cafeteria. - Dei uma risadinha. - Se bem que, esse foi o único pedido de café hoje...
- E você só reparou agora? Já provou o café daqui? É horrível!
- Será que ele sabe disso? Ele costuma vir aqui?
- É a primeira vez que o vejo... Coitado.
- Bom, faça o café. Eu vou voltar lá para o balcão, caso apareça mais alguém.
Saí da cozinha e voltei para o balcão. Ele continuava sentado, concentrado no celular, com um semblante sério. O que será que ele está fazendo aqui? Leena disse que ele é um colaborador, mas não consigo imaginar um colaborador vindo a essa cafeteria só para tomar um café, com tantas outras melhores pelo campus.
Sentei-me em um dos bancos no balcão, esperando Leena me chamar para entregar o café. Sem perceber, meu olhar se fixou nele. Havia algo na sua presença que me deixava admirada, como se o ambiente ao redor ficasse mais denso. Após alguns minutos, Leena me chamou.
- Sortuda. - Ela murmurou, com um sorrisinho. Não pude evitar sorrir de volta.
Caminhei até a mesa dele e servi o café com cuidado.
Após servi-lo, voltei para o balcão. A lanchonete fecharia em breve, e eu esperava que ninguém mais entrasse. O tempo passou devagar enquanto eu o observava acabar o café. Quando ele finalmente se levantou, deixou o dinheiro em cima da mesa e saiu sem dizer nada.
Quando fui conferir, percebi que havia 50 dólares a mais do que o necessário. Sem pensar duas vezes, corri para fora, mas não consegui encontrá-lo. Ele já havia sumido.
Corri para a cozinha e fui direto até Leena.
- O cara alto deixou 50 a mais. Acho que foi por engano.
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Fleeing Desire
RomanceAnastasia Aguirre, uma jovem brasileira de 22 anos, se muda para os Estados Unidos ao lado de sua avó, na esperança de focar nos estudos e recomeçar sua vida. Logo após o início das aulas, ela nota a presença de um homem misterioso, que surge de fo...