Capítulo 5

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POV. Enid

Era sexta-feira, e o intervalo finalmente chegara. Eu estava jogada em um banco no pátio com Yoko e Bianca, ambas afundadas em seus celulares.

O clima entre nós três andava estranho. Elas trocavam segredinhos, sorrisos cúmplices e, de vez em quando, um olhar suspeito na minha direção. Eu tentei ignorar, mas meu lado curioso estava começando a coçar.

— Vamos fazer alguma coisa hoje depois da aula? — perguntei, olhando de uma para a outra. — Tava pensando em ir pra pista de skate.

Yoko me lançou um olhar rápido, meio evasivo.

— Não vai rolar hoje, Enid... — Ela mordeu o lábio, como se estivesse tentando encontrar uma desculpa. — Tenho um compromisso mais tarde.

Bianca, que sempre foi péssima em disfarçar, apenas deu de ombros.

— Eu também não posso, Enid. Coisas da família, sabe? — Ela nem olhou para mim quando disse isso, e eu sabia que havia algo mais.

— Ah, claro... — Suspirei, não querendo insistir. — Ok, tudo bem, vou sozinha então. — Tentei manter o tom leve, mas era óbvio que algo estava acontecendo e eu não sabia o que era.

O sinal tocou e nós nos levantamos para voltar às aulas. As últimas horas passaram arrastadas, tão tediosas que acabei cochilando durante a última aula. Fui acordada por Yoko, que me cutucou rindo.

— Ei, dorminhoca. Aula acabou.

— Valeu por me acordar. — Eu bocejei e passei a mão pelo cabelo, ainda meio zonza. — O professor percebeu?

— Não, mas eu deveria ter tirado uma foto. — Ela riu saindo da sala.

***

Quando cheguei em casa, a atmosfera estava mais animada. O almoço com minha família era sempre caótico, mas divertido. Meu irmão caçula, Tyler, estava mais agitado que o normal, jogando ervilhas na minha direção.

— Sério, Tyler? — Olhei para ele, incrédula, enquanto limpava uma ervilha do cabelo.

Ele apenas riu, jogando mais uma.

— Só tô treinando minha mira! Vai que algum dia eu vou pro CSI.

— Duvido — Provoquei.

— Pode parar os dois — minha mãe disse, tentando manter uma postura séria, mas não conseguindo esconder o sorriso.

— Ele que começou  — retruquei, me defendendo.

O almoço seguiu com piadas, risadas e discussões aleatórias sobre a vida.

Depois de comer, fui para o meu quarto, ainda com a sensação de que o dia seria monótono. Fiquei deitada na cama, olhando para o teto e pensando na semana, nos segredos que Yoko e Bianca estavam guardando, e, claro, em Wednesday.

Não conseguia parar de pensar na maneira como ela havia me encarado no vestiário, aquele olhar gélido e intenso que ao mesmo tempo parecia esconder alguma coisa.

Resolvi que não ia ficar trancada em casa pensando em mistérios e olhares. Peguei meu skate, avisei minha mãe e fui para a pista. Se ninguém queria me acompanhar, eu iria sozinha mesmo.

***

Chegando na pista de skate, o lugar estava quase vazio, o que era perfeito.

Assim, eu poderia treinar algumas manobras sem ser interrompida. Estava concentrada, subindo e descendo as rampas, quando percebi um vulto preto no canto da minha visão.

Era impossível não reconhecer aquela silhueta sombria.

Eu parei, sorri e fui até ela.

— Veio me ver? — perguntei, provocando como de costume.

Skater Girl - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora