Capítulo 3 - MMF

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Acordo com o toque insistente do meu celular. Meus olhos estão pesados e meus músculos ainda protestam contra o movimento, mas me esforço para pegar o telefone, que está sobre a cômoda de Layla. A ligação havia caído. Esfrego os olhos e me ajeito na cama, encostando as costa na cabeceira enquanto olho para Layla, que ainda dorme profundamente. Dou outra olhada no celular e vejo que são 7 horas da manhã. Abro o WhatsApp e meu coração da um pulo: 10 mensagens da minha mãe e 3 chamadas perdidas.

 Isso definitivamente não era um bom sinal. Sinto o corpo esquentar com aquela sensação familiar de ansiedade, e sem perder mais tempo, entro nas mensagens para ver o que está acontecendo. Mas, assim que abro o app, uma nova chamada dela aparece na tela. Não tenho nem tempo de hesitar, atendo antes que a situação piore ainda mais.

— Onde você está? — A voz dela soa ríspida do outro lado, aquele tom de cobrança que sempre me deixa na defensiva.

— Na casa da Layla, você esqueceu, mãe — tento manter minha voz tranquila, mas sei que é inútil.

— Eu sei que você está na casa da Layla. O que eu quero saber é por que você não me atendeu antes?

Suspiro silenciosamente, tentando manter a paciência.

— Eu estava dormindo e não vi a chamada. - Percebo que estou falando um pouco alto e decido me levantar da cama, caminhando em direção ao banheiro para não acordar Layla. Enquanto fecho a porta atrás de mim, minha mãe continua

.— Não importa. Eu te dei esse celular para quando eu te ligar, você atender, Maya!

— Mas mã-  começo a tentar fala, mas sou logo sou interrompida rudemente.

— Não importa! Eu quero você em casa agora! — Sua voz é firme,  sem espaço para negociações.

— Mãe, é muito cedo, eu ainda nem tomei banho... — Tento, mais uma vez, mas sei que estou falando para uma parede. Talvez a parede me daria ouvidos.

— Não importa, Maya! Eu quero você aqui imediatamente, e nem pense em demorar! — E antes que eu possa responder qualquer coisa, ela desliga na minha cara. Fico ali parada por um segundo, o celular ainda colado ao ouvido, enquanto o peso da frustração cai sobre mim. Suspiro profundamente, sabendo que qualquer tentativa de prolongar minha saída será inútil. Abro a porta do banheiro e vejo Layla se mexendo na cama, os olhos sonolentos se abrindo devagar.

— Por que tá em pé a essa hora? — Ela pergunta com a voz arrastada, ainda meio adormecida.

— Minha mãe ligou. Eu tenho que ir agora — respondo, já indo direto para minha mochila, pegando uma roupa limpa para tomar um banho rápido.

— Nossa, mas ela nem deixa você respirar, hein... — Layla murmura, mas estou tão focada em me preparar que mal registro o que ela disse. 

Entro no chuveiro e deixo a água cair sobre mim, tentando clarear a mente e lavar a tensão que já começa a tomar conta do meu corpo. O dia mal começou e já sinto aquela velha sensação de estar presa em um ciclo, como se nada do que eu fizesse fosse suficiente para agradar minha mãe.

Enquanto me troco, minha mente não para de martelar a pergunta que a terapeuta me fez na última sessão: "Quando você vai parar de viver essa batalha e começar a ser verdadeira com ela?" Eu queria tanto ter essa coragem. Mas, ao mesmo tempo, não queria lidar com as consequências que, inevitavelmente, viriam com isso. Suspiro, me preparando mentalmente para enfrentar o furacão que me espera em casa.

Termino o banho e me visto rapidamente, tentando não pensar demais no que vai acontecer quando eu chegar em casa. Pego minha mochila, jogando tudo dentro dela de forma apressada, e me olho no espelho do banheiro. Minha expressão está cansada, um reflexo de noite mal dormidas, festas, e principalmente da  pressão que sinto por não ser o que minha mãe espera de mim.

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