Capítulo 4 - MMF

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A sala de aula parecia cada vez menor enquanto eu tentava me concentrar nas fórmulas e números que a professora escrevia no quadro. A engenharia nunca foi meu sonho, mas de alguma forma, aqui estava eu, mergulhada nesse mundo de cálculos e projetos que pouco me inspiravam. Era a paixão de Layla, e eu admirava o esforço dela. Ela conseguia ser brilhante e focada quando se tratava disso, uma Layla completamente diferente da minha amiga de festas.

Eu sabia o motivo de estar aqui, mas era difícil não pensar em como teria sido seguir meu verdadeiro sonho, o de desenhar, eu fazia alguns desenhos e vendia, por um preço até considerável. O peso da minha mãe sempre esteve presente, a expectativa de que eu seguisse os passos que ela mesma não pôde seguir. Engenharia não era para mim, era para ela.

— Maya... — A voz da professora me tirou abruptamente dos meus pensamentoss. — Parece que você está bem ocupada em seus pensamentos.

Engoli em seco, tentando disfarçar o constrangimento. O olhar da turma todo em mim.

— Perdão, eu irei prestar atenção — murmurei, desviando os olhos para o caderno à minha frente, fingindo anotar algo para evitar o contato visual.

A verdade era que, mesmo que quisesse, meu coração não estava ali. E cada vez que essa sensação de desconexão surgia, eu me perguntava: até quando eu vou conseguir continuar assim?

O resto da aula passou devagar, os minutos se arrastando. Meus olhos tentavam focar no quadro, mas minha mente vagava novamente para ecomenda de desenhos que eu tinha para fazer. Minha mente estavas nas tintas, pincéis e lápis.

Quando a aula finalmente acabou, respirei aliviada. Fechei o caderno e guardei na mochila, saindo da sala rapidamente, quase correndo. Lá fora, o sol estava forte, mas não o suficiente para tirar  a tempestade dentro de mim.

Enquanto continuava andando, o peso do cansaço e desgaste que faculdade trazia, só aumentava na minha cabeça. O campus estava movimentado, mas eu me sentia deslocada, como só meu corpo estivesse ali, minha alma havia sido sugada a tempo. Peguei o celular de novo, esperando ver uma resposta de Layla.

Maya: "Acabei de sair da aula. Você não veio hoje, teve trabalho extra?"

Suspirei, já me preparando para a possibilidade de ela não responder tão cedo. Layla era uma dessas pessoas que, quando entrava no fluxo do trabalho ou da faculdade, se desligava do mundo. Eu queria muito ter essa capacidade de foco, mas, no meu caso, a falta de paixão só me deixava vagando, o famoso viajar na maionese.

Continuei caminhando pelo caminho naquelas pedras tão bonitas que tinha pelo campus, gostava de caminhar por elas. O som dos meus passos parecia ecoar na minha cabeça junto com as palavras da professora que eu mal conseguia processar durante a aula. Senti o celular vibrar e olhei rapidamente.

Layla: "Tô sufocada também, amiga! O trabalho aqui tá uma loucura. Não consegui ir hoje. Mas e você, como tá? Mais uma aula infernal?"

Eu sorri de leve ao ler a mensagem. Era típico da Layla responder assim, mesmo quando estava atolada de trabalho. Mas havia algo reconfortante em saber que, mesmo quando ela não estava por perto, ainda se importava.

Maya: "Típico, né? Engenharia sugando a alma como sempre :( . Você faz parecer fácil, mas eu tô tão perdida, Lay. De verdade."

 Admitir isso, mesmo que fosse para Layla, me deixava ainda mais ciente do quão distante eu estava do que queria. Continuei caminhando, tentando clarear a mente, quando o celular vibrou novamente.

Layla: "Maya, eu sei que tá difícil, mas a gente vai encontrar uma saída. Você tem seus desenho, aqueles desenhos perfeitos que todo mundo ama. Pelo menos te faz feliz, né?"

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