A garota de cabelos de carvão se enfiou dentro da primeira cabine que viu, a única ainda livre. Aurora ficou parada na porta se recusando a entrar em uma cabine tão minúscula se comparada a imensidão que era o banheiro, Cecilia estava com os olhos raivosos em direção a loira que ainda estava fora colocando todas em risco de serem pegas e então sussurrando ela disse
— O que você acha que está fazendo, você que acabar colocando todas nós em risco?! — A garota revirou o olhos já irritada demais — Entra aqui agora, garota! — Mas a loira se recusou a sair de onde estava e tirando uma coragem ridícula de dentro de si mesma, finalmente revidou as alfinetadas de volta para sua colega de quarto — Você não manda em mim! — Cruzou os braços irritada, afinal, como alguém consegue ser tão mal receptiva.
As bochechas da Aurora corou imediatamente, mas não ficando visível pela escuridão do banheiro.
Foi quando ouvindo alguém se aproximar da entrada do banheiro, que a garota de cabelos negros tomou uma atitude sem pensar duas vezes, ela enfiou sua mão para fora da cabine e agarrou com força a cintura de Aurora arrastando ela para dentro de vez, tudo aconteceu na velocidade da luz, sem que Aurora pudesse ao menos perceber sendo puxada, a garota encostou ela contra a parede a sua frente e trancou a porta vagamente para ninguém desse conta.
As duas garotas estavam de frente uma para a outra, a cabine minúscula forçando seus corpos a se tocarem. O silêncio constrangedor permitia que ouvissem os batimentos cardíacos acelerados. Na verdade, o coração desenfreado era o de Aurora, que sentia o calor do corpo da garota tão próximo ao seu, a mão segurando com força a cintura de Aurora fazia ela sentir uma adrenalina inexplicável mesmo que não tivesse corrido uma maratona.
— Eu... — Aurora tentou falar, mas as palavras não saíram.
A garota, ainda mantendo Aurora presa contra a parede. — Só fique quieta — sussurrou
Aurora sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Os passos da diretora passaram lentamente pela cabine delas, o som ecoando no silêncio tenso. Ambas prenderam a respiração, seus corpos quase se fundindo em um só.
Quando os passos finalmente se afastaram, a tensão diminuiu, mas a proximidade permaneceu.
— Você poderia ser ao mais... — Aurora engoliu seco — receptiva quem sabe
A garota não deu a menor importância para o que estava sendo dito, na verdade, olhou com desdém para o rosto da loira que ela estava prendendo contra a parede.
Aurora, ainda ofegante, olhou para as mechas loiras caídas no rosto da garota à sua frente. Seus sentimentos estavam confusos, um turbilhão de raiva, desejo e algo que ela não conseguia nomear.
— Só não se meta em encrenca, está bem? Tudo que você fizer é problema para mim também. Dormimos no mesmo quarto, lembra? — A garota fez um biquinho quase que implorando para que Aurora respondesse que sim e a loira balançou a cabeça concordando.
Aurora tentou se afastar para ir embora quando percebeu a calmaria, logo imaginou que não tinha mais perigo aparente, quando tentou se mexer a porta da cabine rangeu quase como um gemido fino, Cecília imediatamente segurou sua cintura com mais força, impedindo-a de se mover.
O calor da mão da garota parecia queimar através do tecido da roupa de Aurora. Seus olhares se encontraram novamente então Aurora viu novamente o olhar de raposa da garota e por um momento, o tempo parecia parar.
Mas então, os sons dos passos ecoaram novamente pelo banheiro. O clique dos saltos no piso de azulejos fez Aurora prender a respiração. Cecilia não relaxou a pressão em sua cintura, mantendo-a firmemente no lugar. — Só fique quieta — repetiu ela.
Os passos se aproximaram mais uma vez, parando bem em frente à cabine delas. Ambas prenderam a respiração, suas testas quase se tocando. O silêncio era opressor, cada segundo se arrastando como uma eternidade. Finalmente, os passos se afastaram, e o som da porta do banheiro se fechando ecoou, sinalizando que estavam sozinhas novamente. As duas soltaram a respiração simultaneamente aliviadas.
— Por que um banheiro tão grande com cabines tão pequenas? — Aurora falou brincando.
— Deve ser pra não dar para beijar escondido, não imaginam que duas garotas vão se beijar se for pequeno demais ou até se forem garotas. — A garota revirou os olhos dando um risinho.
— Mas por que se beijar na cabine se tem o banheiro inteiro? — As bochechas de Aurora começaram a queimar depois que deixou essas palavras simplesmente fugirem dela sem que tivesse nenhum controle.
— Hurum...faz sentido.
Então Cecilia se afastou rapidamente, abrindo a porta da cabine e indo embora.
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Colégio interno para Garotas - Livro Sáfico
RomanceAurora consegue uma bolsa para a prestigiada Yung High School e, no primeiro dia de aula, acaba presa no banheiro com Cecília, uma garota de personalidade forte e cabelos negros como carvão. O coração de Aurora dispara, mas as coisas ficam ainda mai...