4

206 45 1
                                        

Na hora do café da manhã, a diretoria do Clã Jeon estava com certo receio de abrir a boca, mas todos estavam ali. Os ômegas pareciam não se preocupar, principalmente Taehyung que chegou dando um beijo na bochecha de Jungkook e roubou uma fruta de seu prato. 

— Tae, deixe seu irmão. — Yoongi o puxou, era difícil lidar com Taehyung. — Sente e coma sem encher o saco dele. 

Seokjin riu. Jungkook estava um doce, mas era melhor ter precaução. 

— Onde está Jimin e Hoseok? — Jungkook perguntou. — O clã Park solicitou a minha presença em um evento dos clãs. Quem são eles para me ordenar algo?

Yoongi suspirou. Entre os clãs, o clã Jeon era o mais antigo e cobrar sua presença era um ordem que um Jeon não aceitava.

— Vovô Jeon sempre ia. — Taehyung falou alto, seu jeito mais inocente era um karma para Yoongi. — Acho que manter a tradição é importante.

É importante relatar o motivo de ser Jungkook o líder do clã e não seu próprio pai. O antigo líder não via possibilidade do próprio filho ser um líder de clã, a personalidade mimada e previsível era um alvo fácil. Quando Jungkook nasceu foi morar com o avô, a promessa de um líder, o venerável do clã Jeon se formou. E para se tornar o que é agora, havia uma bloqueio em sua personalidade, uma forma estranha de se comunicar, de viver e de se relacionar. 

Jungkook era ótimo como líder, ótimo no que fazia, ele era perfeito, mas quando o assunto era o papel de um líder de clã em suas tradições, era péssimo. 

— Eu tenho o que fazer, Taehyung. O mandante do filho da puta que tentou matar meu marido está vivo. Você acha que eu preciso ir para porra de tradição? 

— Você precisa parar de ser tão idiota, meu irmão. Pare de xingar também. — Taehyung falou mais alto. — Quem mais poderia tentar matar seu marido senão Alejandro de Bogotá? 

No momento que aquele nome saiu dos lábios de Taehyung, Jin sentiu um calafrio passando pelo corpo como um aviso. 

Antes de Jungkook falar algo, Jimin e Hoseok entraram juntos, rindo como o casal apaixonados e melosos que eram. 

— Alejandro de Bogotá e o Clã Jeon levantaram bandeira branca. — Namjoon disse cético. — Mesmo que a obsessão de Alejandro será palpável por Seokjin, até um amor tem limite. 

— Aquilo não era amor.

Seokjin nasceu e cresceu como o filho errado do Clã Kim. Por ser um ômega normal, um clã que deixava claro sua superioridade de raça não permitiria um ômega recessivo manchando o seu nome. A história que poderia ser igual a da Cinderela que tinha duas irmãs más e uma madrasta que lhe odiava. Uma história da Cinderela repaginada se não fosse pelo príncipe errado, esse era Alejandro de Bogotá. O diabo salvador. 

— Me desculpa, eu não quis dizer amor. — Namjoon segurou a mão de Jin que sorriu sem muita vontade. — Mas o cartel de Bogotá pode estar envolvido e se tiver, matar o ômega de um Venerável é justo que ocorra a uma retaliação. 

Jungkook observava Seokjin se mexendo desconfortável na cadeira. Ele sabia de algo. 

— Saiam todos. — Jungkook ordenou,  Seokjin agora se manteve imóvel. — Jin, se eu fosse uma pessoa paciente, com certeza não teríamos casado. Você foge dos meus dedos e se eu não te apertar, foge. Por isso, quero que me diga agora o que você está escondendo de mim. 

— Não estou escondendo nada. Você passa meses longe de mim e quando volta fica paranoico. — Jungkook se levantou, fazendo Seokjin engolir o nó que formou na garganta. Tinha medo quando Jungkook ficava calmo. — Amor… 

— Você não vai querer que eu descubra só, Seokjin. — Ele se curvou e segurou o queixo do marido. — Ou vai? 

— Eu não sei do que diabos você está falando. Se quer me tratar como um de seus subordinados é melhor entrarmos com o pedido de divórcio. 

Jungkook soltou o queixo do marido e se ergueu colocando as mãos no bolso. 

— Não me incomoda quando esconde de mim sobre seu corpo ou sobre nossos filhos, é seu direito, mesmo que eu tenha ficado triste com tudo, mas Seokjin… Escute bem, se o assunto é sua proteção, você nunca foi alvo da minha raiva. Não a deseja. Então, me conte o que sabe ou terei a certeza que você não confia em mim, não confia em nosso casamento. 

Seokjin murchou e suspirou. 

— Alejandro e.. Kang Ji. Eles estão disputando quem consegue me sequestrar, foi o que entendi… — Seokjin falou rápido. — Só que é difícil chegar até aqui, o clã Jeon é isolado, ninguém vai ousar e só os homens desesperados vão tentar. 

— Arrume sua mala. — Uma expressão pesada se formou no rosto de Jungkook, os olhos ficaram mais duro e os lábios crispados. — Você vai comigo até o encontro dos clãs. 

— Jungkook, amor, eu… 

— Seokjin, é uma ordem. Como líder do Clã Jeon, seu venerável no momento em que mudou lealdade a mim perante a todos após nosso casamento, eu exijo sua obediência.

Seokjin se calou e concordou, abaixou a cabeça sem ter mais o que fazer. Não podia esquecer de quem era seu marido, mesmo que fosse o seu alfa. Antes de ser marido, Jungkook já era o líder do clã Jeon. 

— Vamos que horas? 

— Amanhã. 

— Você vai dormir comigo hoje? — Seokjin perguntou, tentando amenizar a situação. 

— Irei. — Jungkook saiu da sala sem lhe olhar. 

Ainda eram casados de fato. 

Let it burn | JINKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora