Farrat
Papo reto, ficar em presídio é bagulho doido. Não aguentei 2 anos, teve rebelião,fugi e fui pra nova Holanda de novo. Morei lá desde o tempo em que eu era casado, nisso tudo fiquei casado por 7 anos.
Separei, fui preso no ano seguinte e fiquei por dois anos no presídio, fugi pq queria ver meu filho crescer, só tem 3 anos o pivete, vai fazer 4.
Passei um mês na Nova Holanda e tô na Penha agora, playboy, frente da Penha perguntou pro dono se não era bom algum cara como frente na segurança dele, alguém que ficasse responsável por cada turno dos caras e ficasse como “Chefe” na sua contenção.
Foi aí que eu entrei, de primeira fiquei meio pá, não faz uma semana que eu limpei meu nome. E ficar responsável dos caras que ia fazer sua segurança, era mó responsabilidade nas costas. Qualquer bagulho errado, eu assumia a responsabilidade.
Na hora lembrei do meu pirralho, a mãe veio morar na Penha quando me separei dela, vai ficar melhor pra matar a saudade dele.
Cheguei como, os caras tudo falando comigo e pá, mó dahora. Resolvi os bagulhos e já começei trocando os caras da segurança, passei o tempo todo andando pra cima e baixo olhando os caras do movimento, eu quero os bons, só aqueles com postura de bandido mermo.
Fiquei de papo com o sapinho e outros caras que ia pro plantão, não falei nada e só segui eles. Tinha um nervosinho do caralho falando no radinho, perguntei quem era e ele só falou o vulgo.
Não lembro de nenhum com o vulgo trem bala, nunca fui de prestar atenção. Chegando lá, só vi um gritando e outro vindo na nossa direção, seu olhar sério, todo marrento fez eu ficar curioso.
Porra, quando esse filho da puta me olhou, senti uma eletricidade na espinha, filho da puta é bonito.
Eu não curto muito não, mas peguei um quando tava na cadeia, o cara era viado, eu na seca por um ano já que a maluca da Natália não foi na visita nenhuma vez que eu tava preso, e de quebra disse que se eu mandasse alguma mulher pra fazer a visita, ia meter a porrada na mulher.
Olha que nem juntos nós tava, malucona demais.
Me lacrei e foi dentro, mermo o cara só tinha chegado uma semana, quem é doido meter o pau nesses bichos sem camisinha. Só uso camisinha, só na Natália que era sem e só dentro, foi daí que o gael veio.
Sapinho: Marrento demais. -Falou com os outros que tava na nossa frente, continuei encarando suas costas até sumir da minha vista quando virou o beco.- qual foi o bagulho?
Wl: Nada, só tá de mau humor. -Deu de ombros.- iae farrat.
– iae wl, que tempo em.- Cruzei os braços.- Quem era aquele lá?
Lipinho: o trem? Não mexe com ele não, playboy não vai gostar. -Olhei sem entender.-
Cascão: Trem bala é primo do playboy, por isso a marra. São iguais, dois demônios, com todo respeito. -Falou devagar olhando pros lados.-
Jão: Vai fazer uma resenha pra comemorar a tua volta? -Pensei um pouco olhando pra ele.-
– ainda, lá umas oito da noite. -Eles balançaram a cabeça.- Só os mais chegados e algumas minas.
Cascão: o bagulho com as minas deixa que eu resolvo.
– Mec, vou indo, tenho uns bagulhos pra resolver.
Fiz um toque com eles e sai, tenho uma lista no celular com os vulgos dos caras que eu botei interesse, agora só ficar observando até mudar definitivamente os caras da contenção dele.
O dia passou voando, passei na escolinha do meu filho pra buscar ele, fiquei a tarde e entreguei de volta pra maluca que nem olhou pra minha cara.
Chegou a noite, fiquei todo trajado naqueles piques, e só foi cachaça, só os mais chegados e algumas minas.
Tô de boa, não quero mina nenhuma.
J: ihhh, tô vendo aquilo mermo. -Passou a mão nos olhos e depois apontou.- Tão vendo?
Cascão: manu do trem? Chamei ela, tô sabendo que ela terminou.
wl: Trem vai ficar bolado. -Pegou o celular, ele colocou o celular no ouvido esperando um bom tempo. - porra, o cara morreu mesmo. -Tentou pela quarta vez, foi atendido, mas na maior gritaria.- Calma porra… estresse do caralho, tu tá muito estressado!...oia, manu tá aqui, só avisando mermo…Saquei…beleza. -Ele desligou guardando o celular. -
Jp: Tô vendo que alguém vai buscar pelo cabelo. -Negou fazendo uma carreirinha e cheirando.-
Fico na minha, só não quero briga de casal aqui, mó bagulho feio.
Uma hora depois...
Dou um trago no Beck olhando pras minas, todas soltas pra caralho, tão tudo ficando louca de maconha e cachaça.
Escuto um estrondo do caralho na área, olhei de relance pros caras que se olharam e soltaram uma risada.
J: Ainda demorou. -Um vulto todo preto passou pela mesa, mas deixou o cheiro.-
Observei o tal trem pegar no braço da mina que fechou a cara e ficou quieta enquanto ele falava algo no seu ouvido. Questão de segundos ele começou a puxar ela que tentava se soltar.
Levantei da cadeira indo na direção da área, os gritos deles estavam altos o suficiente pra ouvir. Fiquei atrás da parede só de mansinho escutando.
Trem bala: Não quero saber, porra! -Apontou o dedo na cara dela que bateu em sua mão .- Já falei, manuele olha as tuas amizades, que amigas é essas que te trás pra porra de uma festa pra agir igual um bando de Putas? Tá de tiração?
Manuele: Olha, não fode! Tu não és meu pai, tu não me sustenta! Eu não preciso das suas opiniões ridículas, trabalho muito pra não deixar nem o pai se intrometer na minha vida! Aí vem um corno do caralho, que vai em festa pior, querer reclamar. -Escutei sua risada sarcástica.- Tenho 24 anos, sei me cuidar. Tá vendo eu cheiradona de pó? Maconha? Pensa que eu sou essas meninas?
Trem bala: Daniel sabe de uma porra dessa?
Manuele: irmão, faz dois dias que terminamos.
Ahh são irmãos, não casal.
Trem bala: vai manu, vou dar duas horas pra você curtir, depois vá pra casa, tá ligada que a mãe fica preocupada e já não basta os problemas de coração dela.
Manuele: Eu sei…
Ficou tudo em silêncio, tomei um susto quando a mina passou reto sem olhar, tenho que sair, mó bagulho feio o que tô fazendo.
solto um suspiro relaxando meus ombros.
Trem bala: Escutar a conversa das pessoas, é feio. Tua mãe não te deu educação? -Sai da onde estava dando um sorriso de lado.-
‐ como tu soube? -Me aproximei, seu perfume é forte pra caramba.-
Trem bala: Perfume, sombra. -Falou simples.-
– Bons sentidos você tem. -Encarei seus olhos que estava leve, com um toque frio. Senti uma eletricidade na espinha quando cheguei perto.Porra, a mesma eletricidade que eu tive hoje de manhã.-
Trem bala: Farrat, né?- Só concordei encarando seus olhos.- Trem, ou trem bala. Tanto faz, você já deve saber.
– Humm, sim…tu é casado? -Porra, que pergunta do caralho é essa.-
Trem bala: Não, tô correndo de relacionamento. -Levantei as sobrancelhas curioso.- Humm, sexta provavelmente vai ter baile…plantão filho da puta. -Passou a mão no rosto.- Tu é casado? -Me olhou dos pés a cabeça.-
– Separado. -Ele molha os lábios encarando a rua.-
Trem bala: Saquei, vou indo. Fé pra ti. -Colocou a mão na minha direção, peguei na sua mão dando um aperto forte, seus olhos encaravam os meus e depois desceu olhando pros meus lábios. Vi ele passando a ponta da língua no lábio inferior dando um sorrisinho de canto soltando minha mão.- Fé.
Ele saiu sem olhar para trás me deixando confuso.
– Que isso, se esse cara curtisse outra coisa, eu ia pra cima. Um bebê desse é fácil fácil de perder, papo reto!