Encontro à Beira-Mar

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No dia seguinte, o sol raiava sobre os Hamptons, refletindo seu brilho dourado nas águas tranquilas do Atlântico. A brisa suave entrava pela janela aberta da casa que Miranda Priestly alugara, trazendo consigo o aroma do mar e da manhã fresca. A propriedade, elegantemente decorada com móveis brancos e toques de azul. Era um espaço que exalava uma calma reconfortante, um lugar onde poderia pensar — e, talvez, escapar de sua vida.

Sentada à mesa da varanda, Miranda tomava seu café da manhã com uma xícara de café negro em mãos, os dedos delicadamente segurando a porcelana fina. Os pensamentos, no entanto, não eram tão refinados quanto a mesa à sua frente. Andreia — seu rosto ainda passava pela mente de Miranda, agora cercado por confusão e desilusão.

— Como pude me deixar levar? — ela murmurou para si mesma, enquanto observava as ondas quebrando na areia.

A traição de Andreia não era apenas uma questão de um amor perdido, mas sim uma pergunta sobre sua própria fragilidade. Era fácil para Miranda se envolver em relacionamentos superficiais, mas a conexão que havia desenvolvido com Andreia era diferente.

Ela se lembrou de como as duas se conheceram, a assistente dinâmica e encantadora que rapidamente se destacou em um mar de rostos comuns. Andreia tinha uma energia que encantava Miranda. O modo como ela se movia nos bastidores, seu olhar atento e a capacidade de encontrar soluções rápidas em meio ao caos, tudo isso atraíra Miranda de uma maneira inesperada.

— E agora isso... — Miranda pensou. A traição não era apenas uma quebra de confiança, mas uma confirmação de que talvez ela estivesse se permitindo sentir demais. Sentir não era seu forte. Miranda sempre fora a mulher que controlava tudo, que não mostrava fraquezas. A traição a forçava a confrontar seus próprios limites e a perguntar-se por que, mesmo tendo tudo, ainda sentia um vazio.

Enquanto sorvia o café, Miranda olhou para o horizonte, onde o céu se encontrava com o mar em um espetáculo de cores. O que havia de errado com ela? Ela se questionou se havia feito algo errado, se sua dedicação ao trabalho a afastara do que realmente importava. Miranda sempre se sentira como uma força imbatível no mundo da moda, mas agora, diante da traição, sentia-se vulnerável e indefesa.

Miranda suspirou, afastando os pensamentos. O calor do sol começava a se intensificar, e ela sabia que precisava se movimentar. Levantou-se da mesa e decidiu que, em vez de se perder em reflexões, era hora de aproveitar aquele dia de verão. Os Hamptons eram conhecidos por suas belezas.

Com a mente ainda pensando sobre o que acontecera com Andreia, mas com uma nova determinação, Miranda se preparou para sair. Ela não poderia deixar que a traição a definisse. Ao invés disso, escolheu ver isso como uma oportunidade — uma chance de redescobrir a si mesma, talvez até de fazer novos planos. 

Ao sair da casa, Miranda sentiu a brisa fresca do mar, trazendo um perfume salgado que a lembrava da liberdade. Caminhando pela praia, seus pés descalços afundavam na areia quente, deixando pequenas marcas que logo eram apagadas pelas ondas que vinham e iam. 

Foi então que, ao levantar os olhos, Miranda avistou Victoria Grayson. A figura da socialite se destacava sob a luz do sol, envolta em um maior preto e decotado, que acentuava suas curvas e o tom bronzeado da pele. Era uma mulher incrivelmente bonita, e Miranda não pôde evitar admirar a forma como Victoria se movia com uma confiança inata, cada passo na areia revelando sua presença forte e encantadora.

Victoria segurava os chinelos na mão, descalça na areia, e ao notar a presença de Miranda.

— Miranda! Que bom te ver! — exclamou Victoria, caminhando na direção dela.

Miranda sorriu, as duas se aproximaram.

— Eu aluguei uma casa aqui por alguns dias — Miranda respondeu, seus olhos brilhando com a luz do sol.

— Ah, que coincidência! A minha casa é bem próxima da sua. — Victoria sorriu.

Miranda olhou na direção que Victoria indicava e viu uma imponente mansão à distância, quase um castelo, erguendo-se majestosa contra o céu azul.

— Eu sei! — disse Miranda. — Fiz algumas reportagens sobre essa casa. É a mais desejada da região, não é?

— Sim, e eu sou muito sortuda por poder chamá-la de lar — respondeu Victoria, uma expressão de satisfação nos lábios.

Miranda não pôde deixar de apreciar a beleza de Victoria mais uma vez, seus olhos involuntariamente traçando o contorno de seu corpo, antes de voltar a se encontrar com os olhos da socialite.

— Você realmente está deslumbrante — Miranda elogiou, sinceramente.

Victoria sorriu, um sorriso com modéstia e orgulho. — Agradeço. Às vezes, eu gosto de me vestir de forma simples, mesmo que as pessoas esperem o oposto de mim.

As duas mulheres começaram a conversar, ao som das ondas ,Victoria mencionou a vida nos Hamptons, a rotina que ela e Conrad levavam, e como, às vezes, a pressão das aparições sociais poderia ser esmagadora.

— Na verdade, Conrad viajou para negócios e eu estou sozinha — Victoria comentou casualmente, como se fosse a coisa mais comum do mundo.

O coração de Miranda deu um pequeno salto ao ouvir isso, mas ela manteve a compostura. — Ah, entendo.

— Na verdade, eu gostaria de ter companhia para o jantar mais tarde. Você se juntaria a mim? — Victoria perguntou.

Surpresa, mas animada, Miranda respondeu imediatamente: — Sim, seria ótimo! Depois de fazer algumas compras na cidade, adoraria jantar com você.

O rosto de Victoria se iluminou com um sorriso. — Então, vejo você mais tarde!

Miranda acenou com a cabeça, enquanto Victoria se despedia e começava a caminhar novamente pela praia, seu corpo se movendo com uma graça que a deixava ainda mais hipnotizante.

Com um leve sorriso no rosto, Miranda se virou e caminhou de volta em direção à caminhada, mas agora Victoria Grayson dominava seus pensamentos. 

Miranda Priestly & Victoria GraysonOnde histórias criam vida. Descubra agora