𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔- 𝖘𝖊𝖌𝖗𝖊𝖉𝖔𝖘 𝖕𝖗𝖔𝖋𝖚𝖓𝖉𝖔𝖘

14 4 23
                                    

𝕽𝖔𝖉𝖗𝖎𝖌𝖚𝖊𝖟
𝕾𝖆𝖔 𝕻𝖆𝖚𝖑𝖔
21:30

Quando ainda estava na casa de Iuri, passamos a tarde inteira lá, sentados, conversando sobre o que surgia em nossas mentes

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Quando ainda estava na casa de Iuri, passamos a tarde inteira lá, sentados, conversando sobre o que surgia em nossas mentes. Sempre tivemos uma conexão profunda, o tipo de ligação em que não faltam palavras, onde o silêncio também tem sua própria linguagem.

Aquela tarde foi uma distração conveniente, especialmente após o incidente com o carro. Mas algo me incomodava. Eu não conseguia afastar a desconfiança do motivo pelo qual Iuri me trouxe para sua casa. À primeira vista, pensei que ele só queria passar um tempo comigo, como fazíamos antes. Anos se passaram, e ele parecia diferente. Claro que não poderia ser tão simples.

Tudo estava estranhamente calculado. Talvez eu estivesse exagerando, mas... era difícil ignorar a sensação de que havia algo mais. Quando Castanhari se distraiu por um momento, resolvi agir. Peguei o celular dele. O coração batia forte contra o peito. Olhei rapidamente as primeiras notificações, depois tentei desbloquear a tela. Várias tentativas falhas. Meu coração congelou quando, em um impulso, inseri minha própria data de nascimento.

Ele estava na cozinha, o barulho de panelas me deu uma breve sensação de segurança enquanto eu investigava. Vasculhei o celular em busca de qualquer pista que pudesse ligar Iuri ao que aconteceu mais cedo. Chamadas de números desconhecidos, mensagens sem assinatura.

Abri os aplicativos de conversa. Tudo parecia normal. Até que um nome me chamou atenção: "bb²". Meu estômago revirou com a curiosidade. Olhei para o contato, confuso. Quem poderia ser? Respirei fundo e, relutante, coloquei o celular de volta no lugar. Não era o momento de arriscar mais.

— Rodríguez? Você gosta de salsicha de frango? — A voz de Iuri soou abafada entre a sala e a cozinha, ecoando de longe, mas os passos dele estavam se aproximando. Cada som fazia meu coração disparar, como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo a cada instante.

Apertei minha coxa com força, tentando fingir uma calma que estava longe de sentir.

— Gosto — respondi de forma automática, a voz saindo baixa quando o vi surgir, casual, colocando salsichas nos espetos de churrasco. O cenário parecia comum, mas algo no ar estava carregado de tensão.

— Venha para cá, não fique aí sozinho na sala — o convite saiu mais como uma ordem suave, e eu me levantei de imediato, os passos largos e pesados denunciando minha rigidez. Ele notaria minha tensão, estava escancarada em cada movimento.

A cozinha de Iuri era impecável, organizada e moderna, refletindo o controle que ele parecia ter sobre tudo. Poderia ter me mandado embora, ou sugerido que eu pegasse um Uber, mas, em vez disso, estava preparando um jantar para nós dois. Esse gesto simples parecia ter camadas que eu não conseguia decifrar, e cada segundo ali me deixava mais alerta.

Sombras Do Passado Onde histórias criam vida. Descubra agora