𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 - 𝖆𝖘𝖘𝖆𝖘𝖘𝖎𝖓𝖔

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𝕽𝖔𝖉𝖗𝖎𝖌𝖚𝖊𝖟
𝕾𝖆𝖔 𝕻𝖆𝖚𝖑𝖔

Quando finalmente conseguimos o mandado de busca para Suzana, o céu já começava a escurecer

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Quando finalmente conseguimos o mandado de busca para Suzana, o céu já começava a escurecer. As nuvens pesadas pairavam sobre a cidade, como se refletissem o peso do caso que eu e Iuri estávamos carregando. O ar dentro do carro parecia mais denso a cada quilômetro que avançávamos em direção à casa dela. Tudo aquilo era absurdamente estranho. Um assassinato brutal, e a filha da vítima simplesmente ausente. No mínimo, ela deveria ter aparecido para dar o último adeus. Mas não... O silêncio dela era um grito que ecoava em nossas mentes.

Iuri dirigia em silêncio, os dedos firmes no volante, o olhar concentrado na estrada à nossa frente, enquanto eu lia, ou tentava ler, os relatórios sobre a família. O som do motor era quase abafado pelo roçar das páginas. Nada batia. Um dos filhos morto, os outros dois simplesmente desapareceram como sombras na escuridão.

Algo estava terrivelmente errado. O que me deixava ainda mais inquieto era o histórico familiar. Impecável. Sem crimes, sem desavenças, sem uma única marca no registro. Limpo demais, não era natural,  nem mesmo em famílias de policiais. Eu sabia muito bem... minha própria família tinha seus podres enterrados sob camadas de poder e influência — corrupção, lavagem de dinheiro. Era o que sustentava tantos nomes respeitáveis, ao menos aos olhos da sociedade.

E eu nunca fiz nada. A verdade amarga é que a justiça aqui falha. Com poder, você pode fazer tudo. E o pior é que isso ocorre até na própria polícia... nas sombras da milícia que infesta o sistema.

Olhei rapidamente para Iuri. Não era o caso que estava me empurrando para a beira do abismo. Não, o verdadeiro caos estava ao meu lado, no banco do motorista, cantarolando distraidamente uma música em alemão. Seus dedos batiam levemente no volante, em um ritmo calmo demais para a tempestade que se formava ao nosso redor.

— Suzana alugou essa casa há cinco meses. Está morando sozinha desde muito antes do assassinato — murmurei, enquanto minhas mãos folheavam mecanicamente as páginas. A textura áspera do papel branco contrastava com as letras frias e negras impressas ali.

— Esse mandado demorou demais. Já deveríamos ter descoberto algo — ele resmungou com irritação, a paciência se esvaindo a cada palavra. Um xingamento escapou em alemão, e eu revirei os olhos, tentando  focar nos relatórios.

Mas algo estava errado comigo também. Aquelas letras pretas e pequenas começaram a se distorcer, tremulando na página como se o próprio papel estivesse vivo, respirando. Pisquei algumas vezes, tentando clarear a visão, mas o mal-estar só crescia. Algo naquele caso... ou talvez na presença dele, me desestabilizava. A escuridão parecia mais densa agora, quase engolindo a rua enquanto nos aproximávamos.

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⏰ Última atualização: Oct 16 ⏰

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