𝕽𝖔𝖉𝖗𝖎𝖌𝖚𝖊𝖟
𝕾𝖆𝖔 𝕻𝖆𝖚𝖑𝖔
21:01
Quando as sirenes começaram a soar, havia mais um caso brutal para a polícia resolver. Era uma quinta-feira à noite, e eu estava de plantão quando fomos acionados para investigar a morte de uma família.Corremos para o local. Naquela noite fria e seca de agosto, o departamento de homicídios estava abarrotado de casos superficiais, fáceis de resolver com um pouco de atenção.
Enquanto eu e meu parceiro seguíamos até o endereço, reconheci bem a área de São Paulo. A rua era composta por poucas casas, e a dois quarteirões havia mercados e botecos.
Ao chegar, fomos recebidos por outros policiais que já estavam no local. Legistas e PMs cercavam a área. Não notei a presença de jornalistas, mas sabia que em breve estariam ali.
Quando eu e Luis entramos na casa, que era a cena do crime, colocamos as luvas fornecidas pelos legistas. Havia vários médicos legistas, fotógrafos e até um escrivão presentes. O ar pesou de repente, e senti um arrepio percorrer meu corpo.
Logo à entrada, um breve corredor levava à única sala da casa, espaçosa e bem organizada. A casa toda parecia estar impecável, exceto pela sala, onde o sofá de três lugares e o tapete bem cuidado agora estavam encharcados de sangue. Três corpos estavam dispostos no sofá: dois homens e uma mulher.
Os fotógrafos se afastaram, dando-me espaço para analisar a cena. Os corpos, sem vida, foram mortos a tiros, cujos estampidos os vizinhos relataram ter ouvido.
Eles estavam dispostos em ordem crescente: a mulher na ponta esquerda do sofá, o homem mais velho na ponta direita, e um jovem - que parecia ser um adolescente - no meio. Afastei-me em passos pesados e me encostei na parede, ao lado de um armário, para observar a cena à distância.
Não precisava ser um gênio para perceber que os estragos foram causados por balas. O crânio da mulher estava aberto, com pedaços de tecido misturados ao sangue que manchava sua roupa. Observei a cena e chamei Ivan, um dos meus colegas.
- Ivan, vem aqui! - chamei, agachando-me no chão para uma observação mais detalhada. Ele chegou logo em seguida.
- Sim? - Sua voz soou curiosa, enquanto ele alternava o olhar entre mim e os corpos. Sabia que eu havia percebido algo ou tinha uma teoria sobre o caso.
- O primeiro tiro foi dado no crânio da mulher. Depois, quando o sangue respingou no garoto, outro tiro foi disparado nela. Suponho que o assassino tenha feito a família assistir à tortura. - Expliquei, e vi Ivan suspirar baixinho, em sua língua nativa.
Que eu não conhecia.
- Então você está sugerindo que o assassino matou um por um, apenas para torturar a família? - ele perguntou, com hesitação. Família! Aquele era realmente o fim de uma família...
Olhei de canto para ele e suspirei.
- Já foram identificados? - perguntei, olhando ao redor da casa. Atrás do armário onde eu estava, não havia nenhuma foto da família. Estranho.
- A residência é de Luis Almeida, supostamente o homem ali. - Ivan apontou com a cabeça para o homem com o crânio estourado, sentado na ponta do sofá. - A mulher à esquerda é sua esposa; estavam casados há quase dez anos, e o garoto é o filho mais novo deles.
Ele explicou quem eram as vítimas. Aproximei-me do sofá e me ajoelhei diante dos corpos, passando o dedo pelos resquícios de sangue. O crime havia sido cometido há algumas horas.
Meu método de análise era peculiar: eu não respeitava o espaço das vítimas mortas. Invadia seu espaço até encontrar algo. Fui para trás do sofá e coloquei as mãos no estofado, tentando me conectar com a cena. Os três estavam olhando na mesma direção, para uma televisão moderna de tela grande. Observei com atenção.
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Sombras Do Passado
غموض / إثارة"Algumas cicatrizes nunca somem, e o passado sempre encontra um jeito de sangrar de novo." O passado nunca perdoa, e para Pedro Rodríguez, ele voltou para cobrar cada erro cometido. Um policial civil exemplar, sempre em busca de justiça, agora enfre...