𝕽𝖔𝖉𝖗𝖎𝖌𝖚𝖊𝖟
𝕾𝖆𝖔 𝕻𝖆𝖚𝖑𝖔Quando acordei naquela manhã, o sol já havia nascido. Estava em uma cama confortável, envolvido por lençóis brancos e perfumados. Meu corpo, tenso, parecia se afundar na maciez daquela cama. Cada parte de mim se rendia ao acolhimento dos lençóis, como se estivesse sendo absorvido por eles.
Estiquei-me devagar, confuso, sentindo alguns pontos do meu corpo estalar. Soltei um suspiro cansado ao perceber as dores que se espalhavam por partes do meu corpo, especialmente nos quadris. Meu primeiro instinto foi procurar por Iuri ao meu lado, mas a cama estava vazia.
Uma dor de cabeça pulsava violentamente, consequência da bebedeira da noite anterior. Já fazia algum tempo que eu não acordava com uma ressaca dessas. Suspirando, levantei-me com dificuldade. Quando meus pés tocaram o chão frio, um arrepio percorreu minha espinha, fazendo meu corpo estremecer.
Caminhei pelo quarto desconhecido, e logo minha atenção foi capturada pela minha própria silhueta refletida no espelho. Meu corpo estava marcado com manchas vermelhas que quase chegavam ao roxo. A cada passo, minha cintura doía, resultado de uma noite mal conduzida, sem cuidado ou lubrificação suficiente.
Saí à procura de Iuri, e fui guiado por sua voz, que ecoava em tom áspero ao telefone.
- Eu não quero saber! Eu dei o dinheiro para você comprar a droga! Você vai conseguir da melhor qualidade sem que a polícia se envolva - ele esbravejava, cheio de raiva. Senti um calafrio percorrer meu corpo, cada palavra dele intensificava essa sensação desconfortável.
- Você vai vender a maconha e vai me dar 80% do lucro, entendeu? Eu tirei a polícia da sua cola, sua venda vai render - ele continuava, cada vez mais furioso. Tentei não fazer barulho, mas meus passos me traíram enquanto descia as escadas e me dirigia à cozinha, onde ele estava.
Meu coração começou a bater mais rápido, desconfortável com cada palavra que ouvia. O peso das revelações caía sobre mim como uma nuvem sombria, e parecia que, apesar do tempo, algumas coisas em Castanhari não haviam mudado.
Ao entrar na cozinha, seus olhos cansados pousaram sobre mim. Ele desligou a ligação de maneira abrupta, sem se preocupar em dar qualquer justificativa ao outro lado da linha.
- Oi, bom dia - disse ele, com aquele sorriso presunçoso que eu conhecia bem. Além de mentiroso, ele sempre soube exatamente como me manipular.
- Com quem você estava falando? - perguntei, vendo sua expressão mudar imediatamente. Seu rosto se fechou como se eu tivesse tocado num assunto proibido. O ar ao nosso redor ficou pesado, denso.
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Sombras Do Passado
Mystery / Thriller"Algumas cicatrizes nunca somem, e o passado sempre encontra um jeito de sangrar de novo." O passado nunca perdoa, e para Pedro Rodríguez, ele voltou para cobrar cada erro cometido. Um policial civil exemplar, sempre em busca de justiça, agora enfre...