H E L E N A
Meus olhos ardem com a claridade.
Tento falar mas a minha garganta tá muito seca, o meu corpo dói, tudo dói.
Só me lembro de alguém bater em mim e a minha filha cair no chão.
A MINHA FILHA!
Com uma força súbita que eu não imaginei que tinha, abri o olho e tentei levantar.
Mas me arrependo quando sinto uma tontura e dor muito forte, e vejo que tô cheia de fios em mim, agulhas, eu tô em um hospital?
Que legal, eu nunca vim em um.
— Querida! Você não pode levantar agora!— Alguém com uma roupa branca fala tentando me deitar na cama de novo, a minha mente tá uma bagunça.
Helena— A.. minha.. Filha..— Falo com dificuldade por causa da minha garganta.
— Ela está bem, por favor, deite na cama ou você vai piorar.— Diz calma e eu me deito, ainda me sinto um pouco agitada.
Cadê a Isa? Será que ela tá bem, e se ela... Não, eu nunca iria me perdoar.
Não tem como se perdoar estando morta.
Outras pessoas entram na sala e começam a me examinar, acho que são médicos.
Sua idiota, claro que são médicos.
Um tempo depois eles saem e me deixam sozinha, e logo depois um menino entra no quarto.
Um menino muito, muito lindo.
É o menino do shopping! Oque ele tá fazendo aqui?
Ele me olha e eu fico com vergonha, eu devo tá toda descabelada e feia.
— Você finalmente acordou!— Ele vem até mim e me assusta me abraçando.
Meu Deus, eu devo tá fedida e ele me abraçando.
Um estranho me abraçando.
— Desculpa, mas eu tô muito feliz. Quer água? Eles já te deram água eu não sei, eu vou pegar mesmo assim.— Ainda tô em choque pelo abraço, mas rio com a atitude dele.
Ele volta com um copo de água, e quando eu vou pegar ele nega, me dando água na boca.
Isso é bem vergonhoso. Muito vergonhoso.
— Quer mais?— Nego com a cabeça e ele sorri, pegando uma cadeira que tem ali e se sentando do meu lado.
Helena— Cadê a minha filha?— Sussuro e ele da um sorrisinho.
— Ela tá ótima e saudável, só arranhou o bracinho, e você, como tá?— Ok, a pergunta sobre mim talvez tenha sido um pouco inesperada.
Helena— Eu... Tô com dor e me sinto tonta, por quanto tempo eu dormi?— Olho pro menino que pelo oque eu me lembro, se chama Lucas, não, Luca.
Luca— Por dois dias e 16 horas. Você logo vai melhorar e ficar bem de novo, já te deram remédio e você reagiu bem, a bebê tá com a minha tia, não sei se você lembra, mas ela é bem confiável tá, jaja eu trago ela aqui, não se preocupa.
Meio difícil não se preocupar, nunca deixei a Isa com um estranho antes, mas eu não consigo nem levantar.
Helena— Tudo bem...— Falo com a voz embargada, eu quero a minha bebê...
Eu entendo que agora eu não tô bem, mas a minha preocupação é tão grande, acho que só quem é mãe vai me entender.
Luca— Por favor não chora... Na verdade, chora sim.— Ele levanta da cadeira e fica de pé no meu lado.— A sua bebê tá bem ok? Nós invadimos a sua casa e te ajudamos, e aquele homem já foi punido, não se preocupa que ele nunca mais vai te atormentar.— Faz um carinho no meu cabelo e outra enfermeira entra, mas dessa vez com comida.
Ele me ajuda a comer e eu acabo pegando no sono de novo.
L U C A
Cara, namoral, como alguém consegue ser tão linda assim? Porra.
Mesmo ela estando cheia de roxo e meia debilitada, continua perfeita.
Juro a vocês, se não foi amor à primeira vista eu não sei oque foi.Depois de comer ela acabou dormindo, a bixinha comeu uma sopa sem sal do caralho, ela não queria comer, mas mesmo assim fez.
Vendo ela assim dormindo, lembro do papo que eu tive com o doutor dela.
— Ela sofreu traumas graves, incluindo duas costelas mal curadas, hematomas, queimaduras e um corte na cabeça que não causou complicações maiores. Após uma cirurgia emergencial, está estável, e aguardam que ela acorde para avaliar melhor sua recuperação.
Luca— Entendo... Tem previsão de alta?
— Bem, daqui a uma semana, se os exames estiverem tudo ok, e o corpo dela reagir bem aos remédios, ela poderá sair até antes disso.
Ela é forte pra caralho.
Escuto o meu celular tocar e vejo que é a mãe... Mãe não, Tia Mel, e atendo.
Luca— Oi tia.— Falo baixinho mas logo saio do quarto que a Lena tá.
Mel— Luca, eu vou em casa e vou levar a bebê tá, eu preciso ir em casa e buscar algumas coisas pra Helena, já que ela acordou, jaja eu vou ver ela.
Luca— Tá beleza, depois a senhora pode trazer ela aqui? A Lena dormiu agora, mas acho que quando acordar vai ficar feliz em ver a Isa.
[...]
Eu tô no quarto com ela, e puta merda, que lugar frio cara, acho que o ar-condicionado tá com problema, o povo doente e colocam o negócio mais frio ainda.
A tia Mel trouxe edredom e mesmo assim eu ainda tô morrendo, ave Maria.
Talvez seja porque eu dei o meu edredom pra Helena e fiquei com o mais fino do hospital, mas isso é só um detalhe.
Helena— Luca...— Me chama baixinho e sorrio vendo ela acordar, me levanto da poltrona que eu tô no canto do quarto e vou até ela.
Luca— Oi princesa... Tá se sentido melhor depois da soneca?— Ela assente e eu sorrio.
Ela dunga e depois da espirro, e logo depois uma cara de dor.
Helena— Eu tô com frio...— Fala se encolhendo, e olha que ela tá com dois edredons.
Ela dá outro espirro e faz outra careta, deve ser por causa dos pontos.
Helena— Vem deitar comigo por favor...— Fala e eu chega me assusto.— Desculpa, se não quiser tudo bem.
Rápida e direta.
Luca— Não sei, e se eu te machucar com os pontos?— Falo e ela fica triste e me olha pidona, que ódio, assim fica difícil.— Tudo bem.
Ela vai mais pro lado com cuidado, e levanta o lençol.
Me deito me cagando de medo, parecendo uma pedra com medo de machucar ela.
Me arrumo e me cubro com os edredons, ela chega mais pertinho e me abraça, ela tá gelada, a bixinha tá cm frio mesmo.
Passo o meu braço por ela também, a mesma se encolhe no meu abraço, e suspira colocando a cerca no vão do meu pescoço.
Helena— Você é muito quentinho...— Murmura e eu sorrio abraçando ela ainda mais.— Obrigada por deitar comigo.
Mal sabe, mas eu faria de tudo por ela.
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Meu Morro Meu Tudo
Fanfiction16+ | 𝕽𝖔𝖈𝖎𝖓𝖍𝖆 - 𝕽𝖎𝖔 𝖉𝖊 𝕵𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔 | Adolescente. Luca é um garoto que sempre teve que correr atrás se quisesse alguma coisa, com uma mãe drogada e uma irmã mais nova doente, ele se vê em um beco sem saída, e para alimentar a casa, en...