Mia não parava de me olhar como se eu fosse o diabo em pessoa.
— Por isso você não falou seu nome.
— Até onde eu me lembre você nunca me chamou pelo meu nome, era sempre "projeto de Barbie". Então não achei relevante. — E porque obviamente eu queria saber onde aquilo ia da.
A luz da sala destacava ainda mais o loiro do seu cabelo, e todas as outras partes que preferia que não fossem destacadas.
— Você sabia que era eu? — perguntou fazendo as algemas balançar.
A lateral esquerda do seu lábio estava cortada e seus cabelos com frizz. Ela estava parecendo um gato raivoso, com as bochechas vermelhas de vergonha, mas ainda estava na defensiva e atacando, é claro.
— Na festa? Sabia.
— Então todas as vezes que você esbarrou comigo, já sabia que era eu?
— Sabia. Não foi difícil reconhecer já que sua mãe tinha mostrado uma foto sua. — ela ficou ainda mais chocada e com a boca ainda mais aberta.
— E porque não me contou?
— Até onde eu lembre, eu não era bem sua amiga para chegar cumprimentando. Eu tava mais para inimiga.
Ela tem motivos para não gostar de mim, joguei amoeba em seu cabelo, torta de limão em sua roupa, e derrubei a garota que ela gostava na época, da escada. Obviamente a maioria delas foram acidentes, Mia estava no lugar errado e na hora errada como sempre, apenas o da escada que fiz de propósito, mas na época eu tinha meus próprios motivos para criar hematomas no projeto de loira burra que Miranda gostava.
E claro, tinha ficado com a loira burra que Mia gostava e claramente ela ficou com mais ódio de mim.
— Inimiga que beija a pessoa que sempre detestou? — dei de ombros, e claro que ela se irritou. — Quem é o maluco que agarra a pessoa que não gosta?
— Você. Quem tava dando em cima de mim, era você. — encostei na cadeira enquanto vagarosamente me lembro do beijo.
— Você que me beijou primeiro, eu nem sabia que era você.
— Ninguém é perfeito.
— Poderia simplesmente ter me dado um fora.
— Eu estava alcoolizada.
— Vai colocar culpa na bebida?
— Vou. Tá fazendo tempestade em um copo d'água por conta de um beijo, como se eu fosse o diabo em pessoa.
— Ahhhh me poupe, o álcool só ajuda a pessoa a fazer o que já queria fazer há tempos, e só não tava com coragem. É igual colocar culpa na bebida quando trai.
Nisso eu tenho que concordar, mas se tem uma coisa que é bem óbvia é que a gente nunca concordou em nada, e no atual momento isso parece ser a única coisa que não mudou desde a adolescência.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nós do Averso
RomantizmDepois de ter mentido descaradamente para sua mãe faltando apenas sete dias para o natal, Mia está decidida a fingir uma traição da namorada inexistente e a demissão do seu tão sonhado emprego. O que ela não esperava era que no dia do natal ela cons...