Rikers Girls

O limite da Sanidade

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AVISO: DESCRIÇÃO DE VIOLÊNCIA, MENÇÃO DE ESTUPRO

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As palavras da minha irmã sobre como eu veria a verdadeira Kate no momento em que eu me desse a chance estavam martelando em minha mente.

Eu entrei na minha cela me sentindo trêmula. Eu acabei de gastar uma hora inteira com ela, eu agora apenas sei que ela é a mulher mais doce, atenciosa, inteligente, sagaz... Linda... que eu já estive na presença... ela estava adorável brincando comigo no corredor... parecendo tímida e ao mesmo tempo sendo completamente mal intencionada em seu olhar quase sedento para mim.

Eu gastei uma boa parte da tarde pensando se eu deveria falar com ela... eu queria me domar... enquanto comíamos eu estava completamente amaciada por ela... mas o fato de ela citar Natasha ao perguntar se eu tinha uma irmã me deixou trêmula... Eu não precisava ser grosseira mas eu fui... então eu sabia que precisava me desculpar.

Sentar com ela e apenas fazer nada juntas me deu um novo tipo de paz desconhecida... É bom estar perto dela... e ela de novo fez aquela merda de acender meu cigarro. Apesar de ela ter tentado me incomodar ao tentar brecar minha tentativa de aproximação, ela ainda simplesmente conversou comigo, sorriu, fez piadinhas bobas...

Eu me lembrei o tempo inteiro de como eu a vi pela primeira vez, toda boba e sorridente fazendo a minha irmã sorrir.

Eu me senti como se eu tivesse que ter muito cuidado com o que eu falo, mas também pela primeira vez na vida eu também quis falar livremente com alguém que não era a minha irmã.

Era preocupante também o fato de que eu me senti sempre a dois segundos de tocá-la. De tirar dos olhos dela tanto a desconfiança de mim quanto a mechinha de cabelo teimosa que a fez parecer adorável o tempo inteiro a cada vez que retirou isso delicadamente com os dedos longos ou soprou de maneira divertida fingindo cuspir os cabelos.

Ter essa conversa com ela sob a luz do pôr do sol sendo refletida direto nos olhos amendoados mais lindos que já vi, colocou muitas coisas em perspectiva na minha mente.

A primeira coisa e mais importante é que eu não quero machucá-la, eu pensei muito fortemente na realidade de que eu quero ainda mais proximidade, como falar de coisas bobas, roubar comida do prato, falar sobre cozinhar... mas acima de todas as coisas... eu comecei a ver a realidade de que ela verdadeiramente também não queria me machucar... talvez... não... risque isso... muito provavelmente ela jamais quis machucar alguém em sua vida...

Ela pareceu mais preocupada com a rena que eu matei para não morrer de fome do que comigo não gostando do sabor...

E ela machucou 20 pessoas oficialmente apenas por agora... apenas na minha presença... 16 no bar... 4 no banheiro... eu sendo incluída nesta conta...

Enquanto eu sei que não sou capaz de machucá-la. Eu ainda estou... com medo... das coisas que eu não sei sobre ela... das coisas que eu a vi fazer... das coisas que eu sei que ela faria com alguém que entrasse em seu caminho direto... Eu tive um ou dois pesadelos com os olhos sanguinolentos dela...

Por um fato, eu sei que as coisas teriam sido bem diferentes se ela acordasse na solitária para me ver apontando uma arma para ela, e eu não teria balas para me defender... meu ego chora encolhido num canto da minha mente por não ter certeza de se eu seria realmente capaz de contê-la...