Rikers Girls

Um cigarro pelos seus pensamentos

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Depois de meses que eu estou aqui é preciso dizer que... não tem sido tão ruim...

Óbvio... Não vinha sendo fácil, em nada, eu ainda tinha que ser cuidadosa nos banhos e na hora de dormir, eu ainda tive minhas refeições sendo tumultuadas algumas vezes por garotas que achavam que estávamos na escola, mas eu vinha ficando mais e mais calma, como se estivesse encontrando meu elemento aqui... eu ainda não interagia muito com ninguém... Eu gastava meu tempo falando apenas com minha companheira de cela. Por enquanto isso bastava.

Enquanto eu não me recuperava eu vivia uma vida cheia de 'por enquantos', sem revidar a nada e nem ninguém... apenas sorrindo e saindo imediatamente de perto de qualquer atrito seja com as mulheres, seja com os guardas que não eram de confiança nem mesmo de Maria. Ela vinha me pedindo para observar esses caras, porque ela queria filtrar melhor esses agentes, então eu vinha pagando a ajuda dela com isso, essas pequenas observações do funcionamento de tudo.

Se você me perguntar se estou realmente bem com tudo isso eu vou negar, porque eu estava ficando um pouco sobrecarregada com o confinamento, isso era a pior coisa aqui, toda a carga psicológica é muito grande, mas estar várias horas do dia presa numa cela pequena era realmente perturbador.

Eu ainda tinha um estresse extra que vinha de uma série de provocações à cerca da denuncia de estupro, eu recebi muitas ameaças disso aqui e eu sempre respondi polidamente com pequenos comandos de "Tente." Elas nunca tentaram.

A coisa sobre eu supostamente ter matado um homem com uma gravata parecia criar um ar de intocabilidade, talvez era sobre a coisa passional de enforcar um homem assim com as próprias mãos, eu não sei como isso funciona. A história se espalhava em várias versões, gravatas, guardanapos, cinto, calcinha... Eu me espantava com cada fofoca, mas ainda estava realmente em choque saber que minha mãe usou a gravata que eu deixei no chão daquela sala para matar Armand, mas isso parecia ter me ajudado em algo por aqui.

Natasha brincou que eu deveria usar uma gravata aqui. Maria brincou que não se importaria mas que eu teria que realmente pensar em matar alguém com essa gravata se a situação surgisse, já que muito provavelmente alguém tentaria me matar com ela. Eu preferi deixar a piada entre nós.

Eu não quero aprender a matar ninguém, mas me exercitei e treinei durante esse tempo sempre que tive chance porque eu precisava estar afiada caso uma briga estourasse. Eu aproveitava do pedido de Maria de ir limpar os tatames todos os dias e então ela me deixava usar a academia sozinha e sem me preocupar.

Eu estava tão agradecida à Maria, ela realmente tem cuidado de mim aqui, mas era a Natasha que eu tinha que agradecer a todas essas facilidades. Ela se mostrou uma amiga leal, vem correndo atrás de provas e testemunhas para o meu caso, ela até conseguiu que meu caso estivesse nas mãos de um promotor honesto. Eu estava apenas aliviada com esse apoio. Ela e Matt agora trabalham juntos, eu fiz questão que ela fosse incorporada permanentemente ao escritório de Matt que eu financio. Eles são uma ótima dupla, tanto para o meu caso quanto para os outros problemas que eu e Matt sempre lidamos de ajudar pessoas que não podem se defender.

Maria disse para mim na primeira semana que eu precisaria estar em forma para aguentar Rikers, já que as condições da estrutura não são boas, faz muito calor durante o dia e muito frio durante a noite, Maria me disse também que aqui há uma taxa de mortalidade altíssima para doenças respiratórias como pneumonias e tuberculose, e agora depois de 3 meses, em que eu esperei pacientemente para que cada um dos meus machucados sarasse, eu me sentia mais ativa. Eu não queria me dar a chance de piorar, eu não queria ter gripes ou pneumonia como Maria me alertou, então eu apenas precisava estar saudável e forte para qualquer eventualidade.