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   Noah estava sentado em seu quarto, a luz suave do abajur iluminando o ambiente. Vestia um vestido curto, confortável e delicado, algo que só usava em casa, longe dos olhares críticos de quem o julgava sem conhecê-lo. Era um hábito que mantinha para si mesmo, algo que o fazia sentir-se bem em um espaço onde, pelo menos, ele tinha controle. As roupas femininas que usava eram uma espécie de refúgio, um pequeno prazer que não compartilhava com ninguém, nem mesmo com Adrian.

Adrian, o alfa com quem estava casado, o via como um fardo, um ômega que ele jamais desejara. As visitas de Adrian eram escassas, uma a cada três meses, e sempre por obrigação. Nessas raras ocasiões, a tensão no ar era quase palpável. Os dois viviam em mundos completamente separados, ainda que unidos por um contrato de casamento. Noah sabia que Adrian não o amava, e, embora isso tivesse doído no início, ele aprendera a esconder seus sentimentos, tornando-se imune à dor da rejeição.

Quando Adrian aparecia, as trocas entre eles eram afiadas, carregadas de cinismo e provocação. Não havia afeto, apenas um jogo de palavras mordazes. Noah havia se tornado mestre em esconder o que ainda restava dentro de si, o pouco sentimento que guardava por Adrian, enterrado profundamente.

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