2: Jinx

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A luz da lua filtrava-se através das janelas quebradas do meu esconderijo, lançando sombras dançantes nas paredes. O cheiro da pólvora ainda pairava no ar, misturado com o aroma familiar do caos que eu tanto amava. Mas, naquela noite, havia algo diferente. O riso e a adrenalina que costumavam me impulsionar eram abafados por uma tristeza profunda. Silco se foi, e Vi… bem, Vi estava presa.

Eu me encostei na parede fria, tentando afastar os pensamentos sombrios. A verdade é que eu sempre fui boa em lidar com a solidão, mas agora era diferente. A solidão se tornara uma companhia pesada e opressiva. Foi então que S/N apareceu na porta, como um raio de luz em meio à escuridão que me cercava.

— Jinx! — ela chamou, sua voz suave contrastando com a confusão que reinava dentro de mim. — Eu trouxe algo para você.

S/N sempre teve esse jeito de se preocupar comigo, mesmo quando eu não pedia. Ela se aproximou com um sorriso hesitante e segurava um pequeno pacote envolto em papel colorido. Eu não estava no clima para presentes, mas a curiosidade me venceu.

— O que é isso? — perguntei, arqueando uma sobrancelha.

— Apenas algo para te animar! — respondeu ela, com aquele brilho nos olhos que costumava me fazer sentir um pouco mais leve.

O pacote continha algumas das minhas guloseimas favoritas: balas de goma em forma de explosivos. Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto, mas logo desapareceu quando lembrei do vazio que havia deixado pela perda.

— Sabe… — S/N começou hesitante, sentando-se ao meu lado. — Eu sei que você está passando por um momento difícil. Mas você não precisa passar por isso sozinha.

Eu queria gritar que eu era a Jinx! A louca! A solitária! Não precisava de ninguém. Mas havia algo reconfortante na presença dela. Era como se S/N fosse uma âncora em meio ao meu turbilhão emocional.

— Eu não sou boa em ter amigos… — murmurei, olhando para o chão coberto de destroços.

— E quem precisa de amigos? — S/N disse com um sorriso travesso. — Eu só quero estar aqui para você. Mesmo que isso signifique lidar com sua loucura!

As palavras dela fizeram meu coração acelerar de uma forma estranha. Eu sempre fui atraída por explosões e caos, mas agora havia algo diferente em como eu olhava para S/N. Havia uma conexão ali que eu não conseguia ignorar.

Quando ela começou a falar sobre coisas normais – sobre o que estava acontecendo na cidade ou sobre as lembranças da infância – eu percebi que estava prestando atenção. Não nas palavras dela, mas no jeito como seus olhos brilhavam e como seu riso parecia iluminar tudo ao nosso redor.

Mas então a realidade bateu novamente: Silco estava morto e Vi estava presa. O peso desse pensamento me fez querer recuar para minha armadura de loucura e desespero.

— Você não sabe o que é estar sozinha nesse mundo… — murmurei, quase sem voz.

S/N virou-se para mim, seu olhar sério e cheio de compreensão. Ela estendeu a mão e tocou levemente meu braço.

— Você não está sozinha agora. Estou aqui… E você pode contar comigo.

Algo dentro de mim se rompeu naquele momento; era uma mistura de raiva e vulnerabilidade. Eu queria gritar ou rir ou chorar; talvez tudo isso ao mesmo tempo. E então percebi: talvez a solidão não fosse o único sentimento que eu tinha por S/N.

Ela era mais do que apenas uma amiga; havia algo mais profundo ali, algo perigoso como um explosivo prestes a detonar dentro de mim. O calor subiu pelo meu rosto enquanto nossos olhares se encontravam e um silêncio confortável se estabelecia entre nós.

Naquele instante, enquanto o mundo desmoronava ao nosso redor e eu lutava contra os demônios da minha mente, percebi que talvez estivesse começando a sentir algo mais por S/N – algo doce e assustador ao mesmo tempo.

E assim, no meio da dor e da confusão, a ideia de abrir meu coração para ela parecia tão aterrorizante quanto libertadora. E isso era algo novo na vida da Jinx – essa ideia maluca chamada amor.

 E isso era algo novo na vida da Jinx – essa ideia maluca chamada amor

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