A Good Reason { Billie Eilish Imagines)

7- "It's been a long, long time.." - 2

Agosto de 2017.

— E o que aconteceu depois disso, vovó? — Pergunta a jovem adolescente, com dúvida ingênua em seus lindos olhos verdes.

Madeleine sorriu para Amelie, a neta que tanto amava e zelava no mundo inteiro. Acariciou seus cabelos e em seguida bebericou seu chá.

— Billie e eu viramos boas amigas, desde então... Fazíamos tudo juntas. — Seu sorriso se abriu ainda mais ao recordar as boas memórias do passado — Ela fazia algo engraçado quando íamos tomar café, sempre misturando abacate com azeite e sal, depois comendo junto com um pão francês.

Viu a feição da menina se transformar em uma careta; a mesma careta que fazia décadas atrás, quando via sua doce Billie se deliciar com aquela combinação estranha. Seu coração disparou ao ver a neta fazendo a mesma coisa que costumava fazer.

Flashback
novembro de 1960, LA.

— Ew... que nojo!

— Pare de ser fresca, Madeleine! — Billie revirou seus olhos em puro tédio ao ver a frescura da ruiva.

— Fresca? Eu? Você mistura abacate com pão e eu que sou a fresca? Sua porca! — Madeleine lhe mostra a língua e volta a comer seus muffins de morango. 

Voltaram a se deliciar-se com o lanche; Billie com seus pães recheados com abacate, e Madeleine com frutas e bolinhos frescos. Riam e descobriam muito mais uma da outra, enquanto conversavam sobre todo tipo de assunto possível.  Madeleine falava com paixão sobre seu amor pela literatura e desejo de escrever livros para o mundo inteiro. Já  Billie, falava como se sentia presa por não poder praticar a arte da forma que ansiava desde pequena, e sua frustração que a pressionava todos os dias.

Enquanto conversavam pularam de susto ao ouvir gritos e uma agitação na rua. Rapidamente as duas moças se levantam e correm até a grande varanda do quarto de Madeleine, e grande foi a surpresa quando viram que haviam homens de branco levando uma mulher a força até um carro. Madeleine ficou sem entender nada, até olhar para Billie e se sentir mais perdida ainda.

— O que será que aconteceu? — Franze o cenho ao voltar seu olhar para a cena em sua frente, que mais parecia um filme de terror.

— Mad, por acaso já ouviu falar em Homossexualidade? — Billie finalmente lhe encara, com a face séria e totalmente tensa.

Madeleine inclinou um pouco a cabeça, tentando entender a finalidade daquela pergunta e seus motivos. Passaram-se minutos até que a ruiva baixasse a cabeça.

— O padre Klaus sempre nos diz que isso é um pecado horrível, uma doença. Toda terça-feira ele faz uma missa e falar sobre isso, e como devemos tratar essas pessoas. Hospitais especializados e até mesmo exorcismo e... outras coisas. — Respira fundo antes de continuar — A Amélia Colins, da Biblioteca, falou que uma prima distante foi levada para um convento especial na Irlanda, para se curar. Disse também que a moça estava tendo um caso uma jornalista e foram pegas. Deus é bom e misericordioso, cura todas as enfermidades que tomam a terra.

Billie sente seu peito queimar, ao ouvir aquelas palavras calmas, mas tão violentas. Sentiu repulsa, medo, angústia.... Por um minuto julgou ser desapontada por aquela moça. Sua amiga, seu...

— Mas sabe o que eu acho, Bil? — A ruiva encara sua amiga mais uma vez — Que de todas as doenças e males do mundo, amar uma pessoa jamais será parte disso. Deus é bom, sim. Ele é tão bom que permitiu que o amor também se aflorasse na terra, mas o Homem é ruim. Deus não é.