A confusão de gênero pode levar a algo inusitado.... Ou apenas Satoru era burro o suficiente para não perceber que Suguru era um homem, e não uma linda mulher na qual ele estava dando em cima.
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Suguru Geto. Um homem complicado. Com um leve senso distorcido sobre sociedade, ele realmente evita caminhar próximo às pessoas. Sua única amiga era Shoko, e talvez nem a teria se suas famílias não fossem amigas. Ele sempre detestou olhar no rosto das pessoas, sentia angústia só de ver mais de cinco pessoas em um mesmo ambiente. Todavia, sua fobia social, ou seja lá qual problema Suguru tenha, ele teve que aprender a lidar, mascarando sua repulsa com um sorriso gentil e uma voz suave. Ele sentia nojo. Seu repúdio vinha de um ódio incomum, sem saber ao certo qual o motivo de tanta aversão a sociedade.
Não era algo noviço, Geto sempre fora assim. Apesar de quieto e reservado mesmo durante a adolescência, foi neste período que Suguru mais aprontou. Shoko estava presente em suas histórias, participando de praticamente todas as besteiras que Suguru havia feito quando mais novo.
Atualmente ele ainda mantinha um certo amargor pelas pessoas, se afastando o máximo que dava de cada uma e interagindo o menos possível. Os únicos momentos em que falava com pessoas, sem ser Shoko, era quando precisava guiar e instruir seus clientes. Dito isso, ele evitava o máximo que dava, procurando certamente o que cada um precisava para que eles fossem embora o mais rápido possível.
Entretanto, lá estava ele, olhando para o homem de cabelos brancos que havia entrado ali novamente. O mesmo homem que havia estado ali na manhã anterior. Desta vez ele não havia pedido ajuda, apenas cumprimentou Sugurui com um sorriso gentil e foi vasculhar o que lhe interessava.
Geto odiava estar perto de pessoas, de olhar em seus olhos, de interagir. Ele sempre fingia não ter ninguém perto de si quando ia à rua. Então por quê ele estava olhando tanto para o albino? Ele tinha um leve sorriso por debaixo da máscara preta. Talvez fosse pela situação embaraçosa na manhã anterior, talvez fosse pelo jeito avoado que aquele homem se mostrou ser. Diversos talvez, nenhuma resposta. Não é como se Geto fosse quebrar a cabeça com isso agora, ele tinha coisas mais importantes pra fazer.
Satoru mexia nos discos enquanto olhava sem tanto interesse. Ele estava ali pra comprar, mas principalmente para admirar discretamente a mulher atrás do balcão. Ele tocava nas capas duras das antiguidades, seus cílios brancos escondendo os olhos azuis fortes que olhavam desfaçadamente para a atendente.
Suguru pegou um prendedor do bolso do casaco que usava, amarrando o cabelo em um rabo de cavalo alto. Satoru sentiu seu coração tremer com a vista. Como podia uma mulher ser tão bela?!
Satoru pode analisar melhor. O rosto liso parecia porcelanato, as feições femininas marcadas com alguns traços fortes, como a mandíbula uma pouco afiada através da máscar. Aquilo era a úniica coisa que o impedia de apreciar aquela moça perfeitamente, aquela máscara. Ele notou os alargadores nas orelhas, agora exposta, mostrando alguns piercings ali. O olhar afiado pegou Satoru desprevenido, o fazendo voltar sua atenção rapidamente para os discos, pegando um por impulso antes de pensar melhor.
