Vale dos Esquecidos é um livro de contos de terror, suspense e mistério escritos pela autora independente M. Rios.
Histórias curtas carregadas de vários aspectos que abrangem esses temas de uma forma cuidadosa e um tanto lúdica que sairam diretamen...
A vida dos Jones era tranquila, apenas seguiam uma rotina simples de moradores de classe média na Austrália. A família era formada pela mãe, Vanessa Jones, o pai, Pietro Jones, e o filho, Alan Jones. Os Jones trabalhavam por muitas horas em uma empresa de investimentos e quase não tinham muito tempo para ficar com o filho, que passava as tardes brincando em seu quarto enquanto sua vizinha fazia um bico de babá a pedido de seus pais. Todas as noites, Vanessa colocava seu filho na cama após uma história de boa noite, mas algo diferente aconteceu naquela noite.
— Mamãe, pode me contar uma história de terror? Bob não gosta das histórias que você conta.
A mulher fez uma expressão confusa, se questionando que diabos seria esse Bob.
— E quem é Bob, querido?
— Meu amigo, ele está sentado ali.
A criança apontou em direção à poltrona vazia no canto de seu quarto e um sorriso veio aos lábios da adulta. Amigos imaginários, como não pode se tocar antes. Até ela mesma tinha diversos amigos imaginários em sua infância e não era de se espantar que o filho também teria, já que não possuía nenhum amigo para brincar durante o dia.
— Fale para o Bob que não posso lhe contar histórias de terror, ou você não conseguirá dormir, tudo bem?
Viu o pequeno assentir e abriu o livro infantil em seu colo para começar a leitura. Quando percebeu que Alan dormia, Vanessa depositou um leve beijo em sua testa e se afastou com cautela, fechando a porta em silêncio.
— Parece que nosso pequeno arrumou um novo amigo imaginário, Bob.
A ruiva comunicou assim que entrou no quarto, ouvindo uma risada sair do peito de seu marido, já jogado na cama para dormir. Se aconchegou em seus braços e, em poucos minutos, todos na casa Jones estavam adormecidos, menos uma pessoa. Bob, sentado na poltrona azul, olhava com seus olhos atentos e demoníacos, a criança perdida no mundo dos sonhos.
Nos próximos dias, a "amizade" entre Alan e Bob pareceu crescer ainda mais, passavam o dia inteiro conversando e brincando sozinhos em seu quarto. Vanessa apenas sorria e dava de ombros, gostava de saber que o filho tinha sido capaz de encontrar uma distração para quando estivesse sozinho em casa. Mas tudo que era bom dura pouco. Após algumas semanas, o quarto de Alan sempre aparecia bagunçado, como se uma ventania tremenda tivesse passado pelo lugar e jogado tudo pelos ares. Vanessa e Pietro lhe repreendia todos os dias e o garoto sempre acusava Bob de fazer tudo aquilo. Tais palavras do garoto estavam irritando os adultos, que começaram a lhe aplicar alguns castigos para que ele mudasse esses modos, mas de nada adiantou. Cada dia que se passava, ele prosseguia com a história de que Bob era quem fazia tudo.
Mais alguns dias se passaram e Alan começou a surgir com machucados por todo seu corpo e sua desculpa era a mesma: Bob. Os Jones o levaram a um médico e a principal resposta que lhes foram dadas era a de que o garoto fazia aquilo consigo mesmo para lhes chamar atenção. Como se já não bastasse tudo o que tinham que lidar no trabalho, ainda precisavam se preocupar com as birras do filho.
Durante uma noite, Vanessa mais uma vez se encontrava no quarto do filho para lhe contar uma história para dormir, mas foi surpreendida quando o garoto agarrou seu braço com força ao final da história.
— Não vai, mamãe, por favor.
Sua voz transparecia um medo irracional e seus olhos estavam completamente arregalados de pavor, o que assustou a mulher.
— Qual o problema, meu anjo?
— É o Bob, mamãe. Ele não brinca mais comigo e fica me falando coisas maldosas... Ele disse que hoje vem me buscar para morar com ele para sempre... Eu não quero morar com ele, mamãe.
Um suspiro irritado saiu pelos lábios da ruiva, que começou a se afastar e ajeitar o garoto na cama para que ele pudesse dormir.
— Eu e seu pai já lhe falamos várias vezes para parar de mentir. O Bob não existe.
A raiva era palpável em seu tom de voz, Alan tentava convencer a mãe de que dizia a verdade, mas Vanessa estava tão irritada com o filho que apenas o deixou sozinho no quarto. Se deitou na própria cama, suspirando irritada.
— O que foi, Vanessa?
— Bob, outra vez.
Agora foi a vez de seu marido dar um suspiro cansado e logo ambos dormiram com aquilo martelando em sua cabeça. A mulher acordou no meio da noite com um barulho estranho vindo de fora de seu quarto, pareciam vir do quarto de Alan. Tomando cuidado para não acordar Pietro, se levantou e foi ao quarto do filho, encontrando uma cena horrorosa ao abrir a porta. Uma criatura com o formato de um homem possuía um sorriso grande nos lábios, uma fileira de dentes afiados e sujos de sangue eram visíveis. Em seus braços, o corpo morte de Alan, seus órgãos internos pareciam ter sido arrancados de dentro para fora a mordidas. Aquela coisa não demorou muito tempo para notar a presença de Vanessa.
— Boa noite, mamãe.
Quando conseguiu voltar a si, Vanessa gritou horrorizada.
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