Capítulo 6: Uma lasanha para o jantar

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Emma Myers-Ortega pov's

Jenna está tentando mudar e isso é uma coisa maravilhosa. Eu sou completamente apaixonada por ela e estava rezando para as coisas darem certo, mas ainda temos um longo caminho a trilhar. Eu preciso perdoá-la completamente antes de qualquer coisa, mas tê-la por perto nessa trajetória é um começo, estava sentindo muita falta dela em nosso apartamento, saudades das suas risadas quando assiste vídeos bobos no Tik Tok ou sua cantoria quando está tomando banho. Ela disse que pegaria suas coisas no apartamento que ela estava amanhã, hoje ela só queria ficar comigo e fazer o jantar para nós.

Estou sentada na mesa de jantar enquanto minha esposa preparava uma lasanha para nós, ela sabe que adoro sua lasanha caseira.

Jenna mexia com as panelas, preparando o molho de carne moída com passata rústica, ela deixou o molho de lado para esticar a massa e cortar em pedaços para montar. Eu apenas assistia tudo com um sorriso bobo no rosto, ela tinha tem destreza na cozinha, me lembro perfeitamente de quando fomos morar juntas para aliviar o peso do aluguel, ainda éramos apenas amigas, mas ela fez sua famosa lasanha para a gente no primeiro dia e me apaixonei nesse prato, o meu favorito sem dúvidas, porém o que mais me dá saudades desse dia é como Jenna estava toda boba naquela noite, sempre tentando me fazer rir enquanto cozinhava, fazia malabarismo com os tomates e sempre os deixava cair e precisava lavar tudo de novo, mas ela fazia mesmo assim, pois eu ria toda vez. Talvez, apenas talvez, tenha sido nesse dia que comecei a me apaixonar por Jenna.

Pode parecer besteira agora, mas entrei em uma batalha interna quando me vi apaixonada por Jenna, pois, antes dela, nunca me senti atraída ou me apaixonei por uma mulher, mas estava perdidamente apaixonada nessa latina que consegue foder meu psicológico com um sorriso. Contudo, antes de contar para ela, eu precisava conversar com meus pais e minhas irmãs, eles precisavam saber antes de todo mundo, pois precisaria da força deles se ela nunca tivesse me aceitado.

Me lembro de como foi assustador me sentar na sala na casa dos meus pais com todos eles me olhando preocupados, mas contei mesmo assim e eles aceitaram numa boa, fizeram até piadinhas sobre estarem sentindo cheiro de couro (Isso Olívia não entendia e preferimos deixar assim). A única parte ruim naquele dia foi ter que explicar que Jenna era intersexual, pois eles não entendiam bem e acharam estranho no começo e quando entenderam, tiveram aquela conversa comigo de novo, o que foi bem vergonhoso (claro que essa conversa foi longe das minhas irmãs, graças a Deus, pois, se elas estivessem junto, seria muito pior).

Naquela mesma noite a Jenna admitiu ter sentimentos por mim, depois do nosso primeiro beijo, e eu disse que também tinha sentimentos por ela, mas queria ir devagar e com isso passamos seis longos meses apenas saindo em encontros, assistindo filmes até tarde, bebendo e nos beijando de vez em quando, até que ela me pediu em namoro e aceitei, pois não conseguia mais me ver longe de Jenna e das suas bobeiras. Deus como eu era apaixonada por essa mulher no começo e agora, depois de dez 10 anos, parece que ainda é o primeiro dia. Meu amor por Jenna nunca diminuiu e nunca diminuiria, eu sou completamente louca por essa mulher e ela por mim, mesmo que tenha cometido um erro estúpido que quebrou minha confiança e meu coração e, eu sei que nunca mais será igual, mas sei que vamos reconstruir isso.

Além do mais, agora existe o nosso bebê no meio disso tudo, uma pequena vida que estamos trazendo ao mundo juntas.

Coloquei a mão sobre minha barriga e sorri ao acariciá-la. Porra, dentro de mim está crescendo uma vida! Isso não é incrível?!

Eu me lembro de quando Mya nasceu, toda família ficou eufórica com a chegada do nosso denguinho, Jenna e eu estávamos super ansiosas para que Mariah chegasse com a mais nova integrante. Quando ela entrou por aquela porta com a pequena em seus braços, todos nós nos amontoamos ao redor para ver a bebê, mas quem teve a honra de segurá-la primeiro foi a Natalie, minha querida sogra (e quando digo querida, quero dizer querida mesmo, pois ela me ama como uma filha e sempre foi muito receptiva). Quando foi minha vez de segurar Mya, Jenna estava ao meu lado e foi quando meu sogro tirou aquela foto como uma lembrança e se tornou uma das nossas favoritas.

Ter Mya em meus braços despertou um desejo de ser mãe, eu contei isso a Jenna e ela disse que também queria ser mãe, ficamos animadas por ter um pedacinho nosso correndo pela casa e tentamos uma vez, mas apenas uma vez, porém os testes deram negativos e decidimos esperar um pouco mais, pois estávamos trabalhando demais, só que o desejo em nós duas nunca morreu e agora teremos nosso pacotinho de amor. Em um momento delicado do nosso casamento, mas, Deus sempre sabe o que faz e ele nunca perde o controle da situação.

Estava tão distraída com minhas lembranças e pensamentos, que não percebi que Jenna estava falando comigo até ela estalar os dedos em frente ao meu rosto, o que me fez balançar a cabeça de um lado para o outro. Ela me encarava com aquela carinha de preocupada, isso derreteu meu coração e me senti uma molenga. — Você está bem? Está sentindo alguma coisa? Precisamos ir ao hospital? - Disparou a perguntar e a achei ainda mais linda e fofa.

— Não, não precisa. Só estava perdido em meus pensamentos, mas estou bem. - Disse e ela suspirou aliviada. — Você é tão fofa preocupada com a gente. - Deixei escapar.

Jenna sorriu bobamente, um sorriso que amo em minha esposa e um semelhante nasceu em meu rosto.

— É porque eu amo vocês mais do que posso explicar, quero garantir que tenham tudo do bom e do melhor e que estejam seguros e bem. Nunca me perdoaria se algo acontecesse com você ou o nosso bebê. - Jenna declarou e aqui estava os hormônios novamente, lágrimas se formaram e dei um sorriso aguado para minha esposa. — É o meu dever como sua esposa garantir que você esteja feliz. - Jenna se sentou ao meu lado. — Mas falhei nisso ao te trair com aquela manipuladora desgraçada e, embora isso nunca mais vá acontecer, eu sinto que falhei como esposa. - Jenna desabafou. Ela estava chorando e ao olhar no fundo dos seus olhos, vi a verdade ali. Ela me ama e está muito arrependida do que aconteceu.

Claro que o que ela fez foi muito errado, ela errou para caralho e acabou com minha confiança e com minha autoestima, mas aos poucos vou recuperando isso e quero muito recuperar, pois não quero desistir do meu casamento ou da pessoa que amo a tantos anos. Ela é o amor da minha vida e tenho certeza de que tudo vai dar certo para nós duas, pois vamos fazer acontecer, faremos dar certo e que essa nova dinâmica funcione. Eu já a perdoei pelo que fez, perdoei de verdade, mas quero ver sua mudança, quero que ela cuide dessas inseguranças e que se perdoe também.

— Eu te perdoei pelo que aconteceu, perdoei de verdade e quero que você também se perdoe. - Disse, ela me deu um meio sorriso. — Mas quero que você faça algumas sessões de terapia para cuidar dessas suas inseguranças, pois isso quase lhe custou muito caro.

— Você falou igual à minha mãe. - Jenna sorriu, enquanto olhava para a mesa de jantar.

— Eu não quero que você viva com o peso da culpa. Eu quero que voltemos a viver aqueles dias de alegria, ainda mais agora que teremos nosso bebê com a gente. - Disse.

— Obrigada por suas palavras, elas significam muito, Emma. - Comentou. — Eu te amo...

— Eu também te amo, idiota. - Sorri para ela e a puxei para um abraço.

Desafios: Jemma [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora