Capítulo 2 - Thank you, hunter...

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CHOI SAN POV



Acordei no dia seguinte com as luzes solares atingindo a minha face e senti o cheiro de café fresco vindo de algum lugar daquela cabana e foi aí que eu me permiti respirar fundo e me aconchegar um pouco melhor na cama em que estou deitado ou ao menos foi o que eu tentei fazer, já que a minha costela fraturada e os machucados no meu corpo não me permitiram me movimentar muito. Rosnei irritado e uma raiva subiu a cabeça, espero que aquele desgraçado tenha ido embora e nunca mais volte para me perturbar, caso contrário, eu não respondo por mim.



A porta de madeira do quarto foi aberta e por ela passou aquele mesmo serzinho da noite passada com uma bandeja em mãos. Sorri pequeno e agradeci mentalmente por ele não ter terminado o serviço que o meu irmão começou.



— Oi, lobinho — sorriu — Eu trouxe algo para você comer, deve estar faminto... — ele falou e eu continuei em silêncio, o observando — Conseguiu dormir ao menos um pouquinho que seja?

— Olá... — falei baixo, testando a minha voz depois de tanto tempo sem usá-la e vi o outro homem se arrepiar — Não dormi muito, mas foi o suficiente para recuperar um pouco as energias. Obrigado.

— Fico feliz em saber. Ontem você me deu muito trabalho, sabia? Não foi fácil te dar banho e muito menos fazer os curativos, mas em compensação, você está vivinho da silva e isso me alegra.



Assenti e continuei comendo, eu não faço a mínima ideia do que ele me deu para comer, porém é muito gostoso e céus, eu estava morrendo de fome.

— Obrigado por me acolher na sua casa, caçador e por ter cuidado de mim — falei e ele sorriu novamente — Prometo que assim que terminar de comer, eu vou embora e não irei te dar mais trabalho.



— Primeiro de tudo, pode me chamar de Wooyoung, esquece esse "caçador" — falou, parecendo mau humorado — Segundo, você não vai embora dessa casa até que esteja 100% recuperado, suas feridas estão bem feias e não vão sarar se você voltar para a floresta. Daqui você não sai, entendeu?

— Você parece ser meio ranzinza... — murmurei risonho e ele fez cara feia — Entendi sim, gracinha. Não precisa repetir duas vezes.

— Ótimo. Qual seu nome, lobinho?

Bebi um gole do leite que o tal homem me ofereceu e voltei a minha atenção para si.

— Eu me chamo Choi San, sou o filho primogênito de Choi Siwon, líder da alcatéia "Warriors" do Sul. É um prazer conhecê-lo, Jung Wooyoung.

O ruivo ficou chocado com o que eu disse e até se engasgou com a uva que comia.

— V-você é filho do Siwon? Eu não acredito nisso...

— Por que? — perguntei, confuso.

— Porque nossos pais se odeiam e é provável que seu pai se de conta do seu sumiço e venha atrás de você, daí ele irá te encontrar aqui e vai achar que eu que fiz isso com você — ele falou rapidamente e sem pausas — Olha, eu sou muito jovem para morrer, tá?



Gargalhei com a reação exagerada de sua parte e ele fez biquinho.



— Não ria, eu estou falando sério.

— Desculpa, mas é que a sua reação foi engraçada. Não precisa ficar paranóico, ok? Meu pai não vai fazer nada com você e outra, eu não iria deixar ele encostar em um mecha sequer do seu cabelo, afinal, você me ajudou e ainda me abrigou na sua casa sem ao menos sabe quem eu era, então, não se preocupe.

— Ufa, menos mal, porque ver um lobo daquele tamanho revoltado é assustador — o ruivo murmurou aliviado.

— Eu não sabia que um caçador poderia ser tão bobinho assim — falei repentinamente — Obrigado mais uma vez, Wooyoung, eu devo minha vida a você.

— Não há de quê, Choi — sorriu — Eu estaria indo contra os meus próprios princípios se tivesse te deixado lá, agonizando até a morte, mas pode ficar tranquilo que eu não sou que nem os imbecis da minha família, então pode confiar em mim.



Eu terminei de comer e sorri mais uma vez.



— Você é mesmo uma gracinha.

Suas bochechas ganharam um tom avermelhado e ele virou a cara, indo em direção a uma estante e pegando alguns itens dentro de uma gaveta.



— Você fala de mais... — comentou — Terminou de comer?

— Sim.

— Perfeito, então eu vou trocar seus curativos sujos por limpos.



Assenti e ele veio até mim, afastando a bandeja do meu corpo e começando a remover as ataduras do meu abdômen.

— É provável que vá arder e você sentirá um pouquinho de dor.

— Ok.



Dito isso, o Jung começou a limpar as feridas e eu mordi meu lábio inferior para evitar rosnar e acabar o assustando.

— Prometo que vou ser rápido, San.

— Faça o que tiver que fazer, não vou avançar em você por causa disso.



Ele tremeu por um instante com a minha fala e eu fiquei sem entender. Garoto estranho.



[...]



Horas mais tarde...

Clima - Chuva fraca.

17hrs30min - Tarde.



O dia passou tão rápido por causa da chuva que eu nem reparei quantas horas haviam passado, acho que está de tardezinha. Aish. Eu queria muito poder levantar dessa cama e fazer alguma coisa, mas estou impossibilitado de tal ato. Droga.

O caçador saiu há algumas horas e disse que iria até a cidade para fazer compras, porque, segundo ele próprio, o seu estoque de comidas não daria para duas pessoas. Não que eu me considere uma pessoa, mas né, eu não o questionei. Ficar observando a chuva cair lá fora é menos entendiante, é quase uma terapia para mim e se eu pudesse, estaria tomando um belo banho de chuva.



Desfoquei a minha atenção da janela para um barulho de batida que me deixou em estado de alerta. A porta da frente foi aberta e eu não sinto o cheirinho gostoso que o Wooyoung exala. Estranho. Muito estranho.



Passos foram ouvidos por mim e dois cheiros diferentes atingiram o meu olfato, rosnei raivoso por reconhecer serem lobos, mas não poderei fazer muito para os mandar embora. Suspirei pesadamente e a porta do quarto foi aberta, revelando dois seres, um de estatura mediana e o outro sendo relativamente alto. Os encarei e minha expressão fechada se suavizou em segundos.



— San? — o mais alto disse e eu sorri.

— Oi, maninho. Oi pra você também, pai.

— O que está fazendo na casa de um caçador? E por que está todo machucado?

— Isso é uma longa história...

— Então comece a falar, porque se o caçador que fez isso com você chegar, eu mato ele — o meu pai falou e eu rosnei.

— Você não vai fazer nada com o Wooyoung. Eu estar nesse estado não é culpa dele. Agora para de supor as coisas e me escuta, seu lobo velho.

Meu irmão arregalou os olhos e meu pai rosnou. Grande coisa. Ele não me dá medo nenhum.



— Desembucha, garoto.

Monster - WooSanOnde histórias criam vida. Descubra agora