4° Olhar

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Existem coisas que não tem preço.

Na verdade elas não são exatamente coisas, pelos menos não físicas, são coisas diferentes, imateriais, você apenas pode sentir elas dentro de você.

Essa é a razão pela qual não podemos comprar, porque não conseguimos produzir artificialmente, não conseguimos gerar quando queremos. O problema é que às vezes nos tornamos tão apegados ao nosso material que nem sequer damos a real importância para elas e nos arrependemos anos mais tarde por isso, por momentos que deveríamos ter vivido melhores. E antes de nos tornamos pessoas frustradas apegadas ao materialismo, nós fomos crianças, pequenas crianças que não se importavam com valores ou filosofias profundas de tempo, gostávamos de viver e sentir, e apenas isso importava.



Applejack estava em um canto, no seu ambiente confortável dentro de uma pequena casinha na árvore de madeira de dois metros cúbicos, as madeiras de carvalho pintadas de amarelo, por dentro cobertas de desenhos e pinturas da garota, o teto cheio de pequenas luzes que simulam pequenas estrelas brilhantes, com luzes que piscavam retiradas da árvore de natal, seus diversos tipos de brinquedos espalhados pelo chão de ripas de madeira, da mesma maneira que seus fios loiros em pequenas ondulações espalhados pelo chão, se corpo deitado brincando com dois bonequinhos, simulando um diálogo criado na sua mente, com uma história empolgante envolvendo um grande herói do velho oeste e uma cavaleira, em uma grande aventura para enfrentar um poderoso vilão, o seu sapo de pelúcia.


Um grito estridente ecoa por todo campo até chegar em sua casinha na árvore, sua mãe gritava pelo seu nome em seu chamado, a menina se levanta de forma rápida por ouvir sua mãe, deixa o seus bonecos de maneira largada pelo chão e vai correndo para fora, desce as pequenas escadas de madeira e corre pelos campos a curta distância até a sua casa, sua mãe estava lhe esperando na porta, o que chama a atenção dos olhos verdes curiosos dela certamente era a roupa dela, estava fora do seu estilo habitual, agora tinha os cachos volumosos amarrados, um avental marrom e um pano de prato na lateral, um visual de uma mulher que cuida de trabalhos domésticos da casa e cozinha, o que não era algo comum de ver na sua mãe, eram raras as ocasiões em que ela ia para a cozinha, normalmente isso era trabalho do seu pai, o que só poderia significar uma coisa.



Teriam visitas.



- Vai atrás de tomar um banho, sua amiga tá chegando - Avisa a mãe limpando as mãos de trigo na lateral do avental.


A pequena cheira suas roupas. - Mas mamãe, eu não tô fedendo


A mulher arqueia a sobrancelha para a menina. - E isso lá é motivo pra ficar sem tomar banho? Bora logo menina! Lembra do que acontece com as crianças que não querem tomar banho?


- Sim! Viram porquinhas e moram no chiqueiro! - Fala risonha, sabia que aquilo era mentira, mas achava muito engraçado imaginar.


- Isso mesmo, vai logo! - A menina não pensa duas vezes antes de sair correndo para o andar de cima atrás da sua babá para lhe dar banho.







(...)





Seus cabelos eram penteados com todo o cuidado pela sua cuidadora, era uma senhora já muito idosa que trabalhava naquela fazenda.


- Dona Shy, o que a senhora quer ser quando crescer?


A senhora ri para a pergunta. - Eu já sou crescida pequena Jack, agora eu sou tão velha que estou diminuindo.



- Mas a senhora é adulta, pode fazer um monte de coisa, tipo ser astronauta.


- Ô minha pequena - Beija a cabeça da menina. - Nós não podemos fazer tudo que queremos só porque crescemos, na verdade as coisas que se tornam mais complicadas, aí que nós temos que fazer muitas coisas para conseguir - Pega o pequeno elástico para amarrar na ponta dos cabelos loiros dela - E o nosso tempo fica muito curto, tudo passa mais rápido e é difícil de acompanhar, eu gostaria de ir até a lua um dia, era meu sonho de criança ser astronauta, mas depois que eu cresci, eu tive que mudar meus sonhos e trazer para a minha realidade.


First time × AppledashOnde histórias criam vida. Descubra agora