Prólogo

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Antes do mundo no qual estamos, antes das antigas estrelas, antes dos novos e antigos deuses, antes mesmo do próprio tempo, existia apenas a escuridão e nela ninguém habitava ou mesmo estava, e assim talvez foi por centenas, milhares ou até mesmo bilhões e seus trilhões de anos, a escuridão reinava e o silêncio era sua rainha com o seu filho prodigo o nada, mas mesmo sob esse reinado tirânico, uma luz surgiu, um ser, um Deus nascia de uma explosão de sentimentos que alguns até mesmo chamam de sonhos mas não importa qual seja a explicação, aquele recém nascido estava vivo e vagou por aquele interminável nada naquela escuridão até que o Deus sem devotos encontrava em sua busca eterna somente a solidão que o acompanhava.

E após essa infinidade de tempo o iluminado crescia, luz essa que não era refletida por causa das próprias trevas mas não o impedia de crescer, o Deus sonhava com vistas deslumbrantes, pessoas, nomes e histórias que nunca aconteceriam e que nunca seriam contadas pois a solidão não partilhava seus pensamentos e sonhos com aquele ser de luz. Perdido em tais sonhos sentiu raiva pela primeira vez que logo em seguida se transformava em entusiasmo, pois desses sonhos infinitos que vislumbrou a imagem de pessoas que moldavam e criavam com tamanha finesse, utilizavam uma espécie de ferramenta pequena com um cabo fino e cabeça achatada e da sua carne, ossos e desejos criou tal ferramenta, algo parecido com um pequeno e leve martelo essa que seria sua primeira criação mas mesmo com essa sua pequena conquista a solidez ainda lhe afligia, dúvidas rodeavam sua cabeça e por um breve momento aquele Deus quase desistia dos seus sonhos até que enfurecido martelou a escuridão e dela surgiu uma faísca e pela primeira vez observou seu rosto por um curto periodo que logo era imbuído pela escuridão novamente, mas naquele dia o ser percebia que a escuridão que o abraçava desde o seu nascimento não era sua inimiga e sim sua mesa de trabalho, a bigorna de um ferreiro de seus sonhos, e martelada após martelada, faísca após faísca o universo era moldado, a luz se espalhava e as estrelas nasciam refletindo na pele daquele ser sua verdadeira aparência, um ser sem forma certa, nem homem nem mulher somente o Deus solitário que refletia o próprio universo e daquele pai ou mãe, daquele Ferreiro ou Ferreira surgia tudo.

Mas com um universo infinito em suas mãos a tal solidão que tentava fugir desde seu primórdio o assolava mais uma vez o sentido de seus sonhos se perdia cada vez mais, fazendo com que o Deus encontrasse um planeta quase que nos confins do universo, sem vida e rochoso era lá o local perfeito para forjar e assim o Ferreiro forjou seis seres cada um deles contendo uma parte de si e deu a esses seis Deuses a árdua tarefa de compartilhar um mundo, um mundo tão vasto e cheio de possibilidades que ali o Deus solitário enxergava e assim Os Primeiros foram criados. 

Borélias, o deus dos mares e da inteligência, sua pele era uma mistura dos quatro elementos sendo ao mesmo tempo líquida, dura, quente e maleável tendo também uma grande barba acinzentada misturada com os quatros elementos e olhos cor púrpura sendo o primeiro a ser forjado. A segunda a ascender à divindade é Rem, a deusa das florestas e da sabedoria com longas orelhas pontudas de uma raça que logo seria chamada de elfo, olhos brilhantes e amarelados com cabelos compridos cor de fogo, era considerada a primeira beleza que o mundo já viu. Logo em terceiro o Ferreiro deu uma parte do seu senso de justiça e deu a vida a Erill o justiça gélida o deus da justiça e do inverno, sua aparência era a mais próxima do que hoje chamamos de humanos com longos cabelos castanhos e com uma barba rala, o mesmo usava uma armadura pesada de placas que reluzia como seus olhos sem cor, em seguida o Ferreiro criou um ser grande demais para caber em sua bancada celestial com longas asas que se conectam ao seus braços igualmente longos e fortes sua pele escamosa era dura e sua cor era um branco cintilante o primeiro dos Dragões havia sido criado Glukrogg o senhor dos céus e da liberdade. O quinto era tão forte quanto o dragão e tão alto quanto, Hagall o deus das montanhas e da força, sua pele era acinzentada e pálida como as rochas mais profundas de uma montanha, não tinha cabelos e nem barba mas em contrapartida seu corpo era musculoso, definido como uma rocha esculpida detalhadamente, logo o primeiro dos Golias havia sido criado. E por último um deus que o Ferreiro não lhe deu objetivo aparente, um deus cuja aparência aqui não posso pronunciar. –Mas porquê? Indagou a criança de cabelos castanhos e nariz avermelhado sentado à beira da lareira que ali o iluminava, o velho, de cabelos grisalhos e de pele pálida parava de ler o conteúdo em seu livro desgastado. –O porquê deve está perdido há muito meu jovem. Disse o velho com um rosto sorridente revelando seus dentes amarelados, o pequenino garoto faz uma careta confusa enquanto indagava novamente. –Você não deveria saber dessas coisas, por ser idoso? O velho olha para o menino colocando o dedo em sua boca fazendo um sinal de silêncio. –Eu sei de algumas coisas sim, sei que o mesmo não tinha face mas ele tinha uma grande boca serrilhada de dentes onde uma vez seria sua face, tendo também quatro braços longos e magros em seu corpo, sua pele era como se fosse um gás escuro que se espalhava ao seu redor, ele era esguio e alto e tudo aquilo que a imaginação não consegue alcançar seu nome era Moligorn. O ar da casa fica mais denso e pesado fazendo as janelas se abrirem com uma torrencial ventania que logo faz o fogo da lareira quase que se extinguir por alguns segundos e ao mencionar aquele nome, a casa feita de madeira range fazendo o menino se encolher e olhar ao seu redor mesmo enxergando somente o breu do escuro e logo dois pares de olhos brilhantes esverdeados em sua frente revelando assim o rosto do velho que fechava as janelas e ascende assim então a lareira novamente iluminando a sala de madeira onde os dois estão. –Mas não há nada com o que se preocupar hoje, pequeno. Disse o velho sorridente de dentes amarelados. Os Primeiros assim criados deram vida àquele mundo dos quais foram designados, cada um respectivamente criando vistas inesquecíveis mares enormes e profundos e das mais densas florestas cada um deles sabia o que fazer, menos um. 

O tempo então passou e o mundo se via vazio mais uma vez somente com animais arcanos porém nada intelectuais criações da Deusa Rem, Borelias então foi o primeiro a criar umas das raças inteligentes que dominaram o planeta, criou elas a sua imagem e semelhança os Genasi, no entanto Moligorn se viu pela primeira vez em séculos, curioso com tal criação, mas ao interagir com os pobres seres elementais a morte os assolava e a extinção quase os fez sucumbir, Borélias tomou isso como uma afronta a suas criações e a sí mesmo, os dois então batalharam, luta entre deuses não era algo incomum mas Borelias queria seu irmão morto contudo para sua primeira batalha celestial Moligorn saiu vitorioso tendo assim arrancado o braço de seu irmão com maestria, o Deus do mar se afastou e planejou contra o que pela primeira vez foi chamado de a Personificação da Morte. Com o passar das eras os Genasi eram os únicos seres inteligentes que dominavam o mundo e Borelias consegue planejar sua vingança e convencendo também seus irmãos e irmã que Moligorn assolaria o mundo que lhes foi dado, fazendo assim Os Primeiros Deuses temerem a Personificação da Morte e se juntarem contra o mesmo e assim se iniciou A Primeira Guerra Celestial, onde os deuses uniram seus poderes para assim prender Moligorn em uma prisão feita dele mesmo deixando assim a morte enclausurada em um eterno sonho que jamais poderia acordar. –Então ele morreu? Perguntou o garoto aflito. –Sim e não, meu caro pequeno, como é possível matar a morte? Ele somente se encontra dormindo mas não há com o que se preocupar, logo depois da guerra, Foreger o berço da humanidade então foi criado pelos cinco deuses como um sinal de paz, o continente congelado e coberto de neve em que todas as raças poderiam viver em paz consigo mesmas e onde Moligorn está aprisionado como um sinal de lembrança para aqueles que nasceram e ainda vão nascer. Muitas folhas arrancadas e eras depois a história que quero contar aqui não é a dos Deuses ou do início de tudo, não, quero lhe contar garoto a história de um grupo de amigos, de familiares ou melhor dizendo um conto lendário, uma história que aconteceu muito tempo depois da Guerra Celestial uma história de um grupo sem nome uma história de pessoas que não se conheciam, uma história completamente do acaso mas seus destinos estavam entrelaçados desde antes, essa é a história dos lendários Os Inominados.

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