Capítulo 2: Ziul Shardonn

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Em uma ensolarada tarde aconchegante de uma casa feita de madeira vivia uma família rica, não nobre muito menos conhecida por seu nome mas rica o suficiente para não passar necessidades que outras passavam quando as impetuosas nevascas chegavam, naquele lar vivia um Pai respeitável, trabalhador e cuidadoso, viva também uma Mãe amorosa, linda e charmosa. O pai era um pequenino com cabelos curtos cor castanho escuro quase careca, sem barba e somente com as rugas no rosto que o tempo e a vida lhe deram, vestindo uma roupa quadriculada ele cuidava de um grande rancho excepcionalmente enorme demais para alguém do seu tamanho. A Mãe também era uma pequenina de cabelos longos que chegavam aos seus pés com a cor de um mel bem claro que seus olhos também compartilhavam, seu rosto era angelical e também tocado pelo tempo, usando um vestido amarelo ela cuidava do recém nascido daquela casa, tão pequeno quanto ela, tão miúdo que cabia em uma só de suas mãos. Ele tinha os olhos da mãe e o sorriso charmoso de seu pai, uma combinação perfeita para o Charlatão perfeito.

Os dias naquele rancho passavam devagar até mesmo para um pequenino, o Pai acordava cedo antes mesmo do sol se levantar ainda na escuridão do que restava da noite, garantindo os ovos no galinheiro que seriam servidos no café, logo a Mãe acordava junto ao seu bebê amarrando-o em suas roupas quase como um canguru deixando-o assim mais perto do seu peito o pequeno bebê, e após alguns minutos podia se sentir o cheiro forte de café coado que purificava o ar da casa por horas a dentro. Logo o Pai voltava a suas tarefas cuidando agora das cabeças de gado que possuía não mais do que dez mas cada um era cuidado como se fosse parte da família o Pai provia feno que logo o gado provia leite e ouro daquele enorme rancho fazendo assim um benefício para ambos, a Mãe após o café junto ao seu filho amarrado cuidava da lavoura que havia naquele lugar, uma fruta típica de Foreger que crescia somente no frio extremo que a noite lhes propuseram naquelas longínquas terras, uma fruta vermelha cítrica que era usada tanto para o consumo pessoal tanto para a produção de whisky, seu nome dado há eras por aqueles que a conheciam era Mengudo. E dias após dia, ano após ano os incontáveis dias que vieram eram todos iguais, uma vida que se acostumava fácil uma vida boa e tranquila mas o bebê que tinha naquela casa que cheirava a café fresco crescia mais rápido do que o esperado.

Com seus oitos anos de idade mesmo que menor que a maioria dos pequeninos, Ziul já sabia como cuidar da maioria de suas tarefas praticamente sozinho, lidando com galinhas e principalmente bois três vezes seu tamanho, sua Mãe sempre morria de preocupação, medo de que seu único filho se machucasse e não pudesse aproveitar a vida como um todo, já seu Pai o encorajava a fazer tais tarefas, as moedas de ouro seriam assim garantidas e o trabalho era honesto. O jovem ágil que agora tinha quinze anos havia vivido toda sua existência naquele rancho e por mais que pareça pouco pra qualquer humanóide de tamanho normal, quinze anos para um pequenino é um tempo significativo pois na sua espécie era considerado quase um jovem adulto que estava saindo de sua adolescência, com o tempo a curiosidade que sentia pelo mundo exterior foi se transformando em tristeza que se transformava em frustração pelos seus pais.

Com tamanha frustração pela vida que queria viver, Ziul confronta seu velho Pai, dizendo. –Eu não posso viver aqui pra sempre! Eu sei que me amam, mas eu tenho que sair daqui e conhecer o lugar que moro e nasci! Seu pai suplicava e suplicava. –Aqui você vai ser mais seguro meu filho! Você não precisa conhecer esse mundo cruel que tem por aí! Você já tem tudo que precisa aqui! Disse enquanto colocava as mãos sob os ombros de seu filho e completava falando. –Na sua idade eu pensava nessas coisas também, mas a única coisa que me veio disso tudo foi o amor que encontrei de sua mãe. –E, é isso que eu quero pai! Eu quero encontrar um amor, quero ter amigos, quero me frustrar com decepções que eu vou ter durante minha vida, pai, eu quero viver! Exclamava Ziul enquanto tirava os braços de seu pai de seus ombros. –Isso foi mais um aviso, não vou perder minha vida vivendo os sonhos dos outros e sim vou viver minha vida, sairei hoje e volto daqui três meses. Disse enquanto pegava sua pequena bolsa de couro batido com roupas caminhando assim para a porta de sua casa. –Filho!, Zi! Por favor me escute! Implorava seu pai enquanto segurava o braço de seu filho que logo sentiu uma mão sob seu ombro olhando para trás e vendo sua esposa. –Deixe ele ir, você não é seu pai, meu amado marido. O Pai percebia com quem se parecia, uma pessoa horrível de seu passado que lhe privou de tudo uma vez, o Pai solta o braço de seu Filho que o olhava em seus olhos deixando o ir, deixando o conhecer a vida que tanto queria porém seu coração se encontrava partido, machucado e desolado enquanto o bebe que havia criado saía de seu lar, contudo sua respiração ficava pesada o suor caia de sua testa fazendo o mesmo desmaiar na porta de sua casa. Ziul percebe escutando os gritos de sua mãe voltando assim para casa por mais algumas horas, deixando seu pai assim de cama, sua mãe percebia que o fogo de seus olhos não havia sumido e uma última vez pergunta. –Meu Zi, meu Ziul vou perguntar isso e quero que seja o mais franco que conseguir meu filho. Disse enquanto fazia carinho nos cabelos do mesmo. –É realmente isso que desejas? Sair de casa agora? Pois se for o que quer não te segurarei como seu avô segurou seu Pai. Ziul encarava sua mãe que começava a chorar de imediato. –Oh mãe, você sabe o que eu vou dizer. Disse enquanto abraçava sua mãe com lágrimas em seu rosto. –Vá meu filho, viva que nós estaremos aqui quando você retornar, ficaremos bem meu Ziul. Disse a Mãe com lágrimas nos olhos.

E durante os três meses Ziul conheceu pessoas novas uma delas um capitão, um líder que viu no jovem pequenino um potencial não usado seu nome era Mesdas o mesmo disse com palavras que cortavam a cabeça do jovem que se tivesse interesse em ser alguém que as pessoas lembram pelos seus feitos e pelo seu nome era para procurá-lo, ele também se apaixonou, teve experiências novas, se decepcionou, bebeu, fez escolhas se frustrou e viveu mas acima de tudo estava feliz pela primeira vez até que o sentimento de saudades chegou como a força de levar o coice de um boi, inesperado e forte, mas uma ideia não saia de sua cabeça "ser lembrado pelo meu nome? um pequenino igual eu?" Logo então prometendo que se juntaria ao grupo de Mesdas que conheceu em sua viagem, mas antes tinha que ver sua Mãe e seu Pai pois ele tinha conquistado algo em sua vida finalmente. E após uma longa viagem de volta para casa, para seu rancho em um entardecer de um dia como todos os outros que já tiveram, ele chegava e via a lavoura seca nenhum som do gado ou das galinhas e ao longe nos portões de madeira do rancho não sentia nem mesmo o cheiro de café e logo percebia que ao lado de fora de sua casa havia duas lápides, ele não chorou nem esperneou e muito menos o pensamento de como aconteceu passou por sua cabeça ele simplesmente ficou lá ao longe encarando uma última vez aquela casa vazia e abandonada por memórias que jamais poderia viver de novo.

E por quatro anos servia a Mesdas o líder da guilda de mercenários Hippolytos, agindo como uma figura paterna para Ziul agora tendo matado pessoas a sangue frio feito coisas das quais jamais se perdoaria até que morresse finalmente. E mesmo que quisesse sair dessa guilda, Mesdas o ameaçava dia após noite, dizendo coisas como –Você não vai achar ninguém pra cuidar de você garoto. Ou como –Sem mim sua vida vai acabar pois se você fugir, sua vida vai virar um inferno. Eram essas as ameaças que tinha que suportar todo dia e toda noite esse é o preço que ele pagou por ser o melhor dessa guilda. Mas Ziul não desistiu e formou um plano para sumir de vez criando uma distração grande demais ao custo de outras vidas, queimando seu quarto de dentro para fora matando assim membros da guilda que dormiam ao seu lado e pessoas, famílias e crianças inocentes que dormiam no andar de baixo sufocadas com as cinzas dos homens que gritavam queimados no andar de cima, esse é o preço que ele pagou por sua liberdade mais uma vez, os gritos daqueles jovens e daquelas famílias ficaram marcados para sempre em sua memória mas Ziul não olhou para trás e por detrás desse sorriso em seu rosto esconde cicatrizes que ele mesmo havia plantado, virando assim um homem procurado que as pessoas lembram seu nome pelos seus feitos naquele fatídico dia.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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