Capítulo 1: O Acaso

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No entardecer de uma longínqua e pequena vila, dois viajantes em meio a neve que caia sob suas cabeças procuram um estabelecimento para se aquecer, os dois eram observados pelos moradores daquela pobre vila com um olhar tanto amedrontado e de curiosidade indagando como tais guerreiros ou aventureiros vieram parar nesse fim de mundo. A vila por si só estava aos cacos, onde em um lado havia casebres de madeira e do outro havia restos de casas que não suportaram ao extremo frio de Foreger, e andando pela rua principal os dois viajantes encontram o que parecia ser uma taverna grande feita de tijolos e madeira velha no qual o mais baixo olha a placa sob suas cabeças, revelando assim um jovem humano não mais que vinte anos de idade, com cabelos sob seus ombros da cor de carvalho claro e sem nenhum pelo no rosto de pele pálida e com olhos verdes, ele lê o nome do estabelecimento em voz alta. -Fundo Do Poço? E indaga para seu parceiro que ignora a placa que espera na entrada da taverna. -Que nome convidativo em Ragnar? Falou o jovem com um olhar sarcástico para seu parceiro que segurava a maçaneta da porta desgastada de madeira. -É o melhor que vamos achar amigo, não há nada melhor por alguns quilômetros daqui! Disse o viajante enquanto olhava para seu jovem companheiro. -Eu imaginei, só estou dizendo para ficarmos com os olhos abertos por aqui. Disse em um tom preocupado o jovem encarando Ragnar. -Ha! Não existe ninguém mais alerta do que eu, Julius! Agora vamos. Ria e exclamava Ragnar, enquanto abria e passava pela porta leve de madeira, seguido do jovem Julius, o interior do estabelecimento era de madeira iluminado por uma lareira a esquerda que deixava aquele ambiente sujo talvez mais aconchegante com uma luz leve e alaranjada, vigas de madeira deixavam aquele lugar com uma cara de casa e o cheiro de cerveja barata emanava pelo o lugar ou seria mijo? Julius tira seu capuz que lhe protegia do frio para assim então dar uma vistoriada melhor na meia dúzia de pessoas que ali frequentavam, a clientela olha para ele intrigada "uma criança usando uma armadura?!'' Pois Julius apesar de ter seus vinte anos seu rosto era mais angelical e cuidado de que qualquer habitante dessas terras longínquas que ali morava, sua pele sem rugas e cicatrizes ajudavam nessa descrição, também não era lá o mais alto dos homens humanos mas a clientela fica mais curiosa ainda com a armadura que ele estava usando, uma armadura azulada com detalhes prateados com um emblema de uma montanha que até mesmo o Imperador de Foreger respeitava, a casa Stonehauler, um baixo cochicho começa no estabelecimento, seguido de rostos preocupados e alguns mal encarados.

-Dizem que um guerreiro dessa casa vale por cem homens de um exército...

-Ouvi dizer que eles não entram em guerra com ninguém a bastante tempo...

-Eles estão tão convencidos o bastante para ter certeza da vitória mesmo sendo mil contra um...

Julius ouve a fofoca dos clientes e chega até seu companheiro de viagem. -Eles sabem que somos da Stonehauler?? Cochichou novamente em um tom de preocupação. -É claro que eles sabem olha pra você, mesmo sendo um clérigo você parece mais intimidador que muitos por aqui! Berrava Ragnar no meio daquela taverna onde todas as mesas se encontravam. -Olha quem fala o paladino metade dragão metade homem que serve a uma casa mais temida ainda. Ragnar tira seu capuz revelando uma pele escamosa branca por debaixo do capuz, com um rosto mais temido ainda de dragão, e com dois pares de chifres sob sua cabeça com olhos azuis claro e um físico definido usando uma armadura mais pesada ainda também com o mesmo emblema da de Julius. -Se diz Draconato! Com todas as letras! Mas chega de conversa, vamos beber! Os dois se aproximam da bancada de madeira onde veem o taverneiro humano parrudo de camisa suja e amarelada e de poucos cabelos na cabeça, servindo o que parece um bêbado vestindo trapos elegantes porém velhos que dorme ali mesmo na bancada. O taverneiro coloca um pano úmido sob seu ombro, coloca uma das mãos sob a bancada e pergunta para os dois viajantes. -O que vão querer? Ragnar joga uma bolsa de moedas de ouro rala na bancada que ainda fazem um pequeno estrondo quando vão de encontro a madeira e em um tom seco responde. -Me vê uma cerveja e o que o clérigo quiser! Disse enquanto se sentava em um dos bancos de madeira. -Não me chame assim e-eu vou querer uma cerveja também! Eu acho. Respondeu Julius enquanto também se sentava nos bancos. -É pra já chefia! O taverneiro visivelmente nervoso com os dois cavaleiros da casa Stonehauler pega a melhor das suas canecas de vidro limpando o seu interior com seu pano encharcado da sua saliva, levando até dois grandes barris onde uma pequena torneira ficava na ponta enchendo assim de cerveja amarelada as canecas deixando apenas um pouco de espuma escorrer sob a borda. -Tá aqui chefia, vai ficar uma moeda de ouro para cada. Ragnar o encara por um tempo sem acreditar no que acabou de ouvir, Julius percebe que seu amigo está prestes a explodir de raiva, diz. -Claro amigo! Nada mais justo! A crise chegou para todos no continente, não é mesmo? Disse o jovem clérigo enquanto dava uma cotovelada no braço de Ragnar que entrega duas moedas de ouro do saco de couro ralo que estava na mesa com um pouco de receio, batendo assim em um dos ombros do jovem Julius. -Vamos, beba meu amigo! Diz Ragnar com um tom sarcástico dando um grande gole na caneca de cerveja enquanto Julius sente seu cheiro amadeirado e então dá um pequeno gole na caneca, como se fosse a primeira vez dele bebendo cerveja, pois era a primeira vez do mesmo sentindo aquele gosto amargo no início, mas adocicado no final fazendo uma leve careta. -O que foi Julius? Vai me dizer que não gosta de cerveja? Disse com um sorriso no rosto o draconato. -Não é isso, é que nunca me acostumei com o gosto. Respondia e limpava a espuma de sua boca o jovem. -Tô sabendo! Riu de forma exagerada Ragnar enquanto bebia mais de sua caneca, até que os dois são interrompidos por um estrondoso som que vinha da porta leve da taverna que batia na parede não pelo o vento, os dois então se viram e olham junto a clientela assustada a silhueta de um grande ser contra a luz do sol que se ponhe, ele chega aos dois metros e meio facilmente, se agachando um pouco para passar pela porta da taverna revelando ser um Golias de pele acinzentada longas marcas negras que mais pareciam tatuagens mas que na realidade eram marcas de nascença e incontáveis cicatrizes pelo seu corpo musculoso e definido seus passos pesados ecoavam pelo chão de madeira daquela taverna e com o frio que chegava com a noite não usava vestes pelo menos na parte de cima, para lhe proteger muito menos armaduras pois sua pele parecia ser dura como rochas, carregava também em seu ombro esquerdo um ser bem menor que ele que provavelmente não chegava a ter um metro de altura, um Pequenino que vestia uma capa de couro azulada e um colete da mesma cor com uma camisa de manga longa por de baixo, além de ser muito charmoso, com um cabelo repartido no meio barba somente em suas bochechas e olhos castanhos mel, o pequenino olha para os clientes curiosos na dupla e acena para todos com um grande sorriso pretensioso em sua face, enquanto o Golias adentrava mais na taverna alguns clientes saem assustados e outros fingiam não estarem ali, se sentando ao lado dos dois aventureiros na bancada, o taverneiro que antes já se encontrava intimidado e assustado agora está completamente pálido e perplexo olhando para o meio-gigante olho no olho. -Olaaaaaaa? O taverneiro ainda assustado com Golias não entende de onde veio essa voz. -Aqui em baixo amigo! O taverneiro então percebe o Pequenino de noventa centímetros em pé em um dos bancos da sua bancada. -A-ah! P-perdão meu caro, em que eu posso ajudá-los? Gaguejou o taverneiro enquanto limpava o suor de sua testa. -Bom eu e meu grande amigo aqui vamos querer algo para beber de preferência alcoólico! Disse com sua voz estridente o pequenino. -C-certo temos muitas variedades, o senhor tem algo em mente? Questionou o taverneiro amedrontado. -Bom, eu gostaria de um bom Whisky de anão da colina se houver meu bom homem! E meu amigo Vorad aqui? Vais querer o que? Disse o pequenino para o golias e com um rosto intimidador e sério olha para o taverneiro de cima a baixo e fala com uma voz grossa que ecoa pelo estabelecimento. -Hidromel. -Ah, certo senhores irei trazer imediatamente! O taverneiro pega uma garrafa de vidro verde embaixo da bancada junto a um pequeno copo de vidro e coloca o whisky de cor alaranjada para o pequenino ao mesmo tempo, quase que atrapalhado pega uma de suas maiores canecas de madeira, abre a tampa de um barril que estava na parte de trás da cozinha e mergulha ela naquele líquido amarelado e viscoso entregando recheada de hidromel do mais caro para o meio gigante. -Certo está aqui senhores! Disse o taverneiro enquanto limpava o suor de sua testa com seu pano. -Muito obrigado meu caro! Pode ficar com uma moeda de ouro como retribuição! Disse o pequeno enquanto jogava a moeda na bancada de madeira que ecoava pelo estabelecimento. -Mas é que ficaria cin- Vorad o interromper olhando de cima para baixo para o taverneiro analisando no que ele tentava concluir. -Muito obrigado senhor! Disse o taverneiro intimidado, enquanto guardava mais uma moeda. O Golias e seu pequeno companheiro bebem o álcool de seus copos, porém enquanto bebem percebem que por mais que sejam intimidadores um par de olhos continua encarando o Golias o Draconato ao seu lado, Vorad percebe isso e fala com um ar intimidador. -Perdeu algo na minha cara? Disse o meio-gigante enquanto tomava mais um grande gole. -Talvez eu tenha perdido sim! Disse o Draconato explosivo enquanto dava um golpe na bancada de madeira, os dois se encaram por um breve momento a ponto das tensões aumentarem e uma briga acontecer na taverna, mas Julius percebe e conhece seu companheiro de viagem e segura no braço de seu parceiro. -Ra-Ragnar o que você está fazendo?! Perguntou o jovem preocupado. -Nada, garoto, só me perguntando o que um membro da família Stonehauler está fazendo tão longe de casa assim. O pequeno parceiro de Vorad com um olhar sarcástico olha para o Draconato enquanto o Golias o ignora, bebendo mais de seu hidromel e responde. -Meio preconceituoso achar que sou um Stonehauler só porque sou um Golias, Draconato. Disse enquanto limpava sua boca com seu braço. -Só estou garantindo, amigo Golias. Disse ainda encarando o meio-gigante o draconato. -E você o que faz aqui paladino da Stonehauler? Questionou o Golias enquanto dava outro grande gole da sua bebida, Ragnar bebe mais um pouco de sua cerveja também e limpa o bigode de espuma que fica em sua boca escamosa. -Bom, estou à procura de trabalho com meu amigo Julius e vocês? -O mesmo eu diria, não é Charles? Diz Vorad para o pequenino que não percebe e toma mais um gole de seu whisky demorando assim a entender a mensagem de Vorad que logo dava um leve empurrão com seu cotovelo no pequenino que quase caia e derramava sua bebida. -Ah sim, Charles, estamos à procura de um trabalho também, matar criaturas sabe? Somos aventureiros a um bom tempo eu e Vorad. Disse enquanto tossia Charles, Julius percebeu certas nuances no rosto do pequenino como de quem esconde falsas verdades sem tremer. -Certo, entendi, então boa sorte viu! Ragnar olha para seu companheiro com um rosto incrédulo mais uma vez com o que acaba de ouvir, e logo pergunta para a dupla inusitada de aventureiros. -Bom se vocês não se incomodarem, poderíamos fazer um breve grupo de aventureiros, o que acham? O bêbado que estava dormindo ao lado de Julius começa a se mexer levemente. -Bom, não vejo problema entre mim e Vorad, quanto mais desconhecidos melhor! Disse o Pequenino enquanto terminava de beber seu whisky com um sorriso em seu rosto. -Você tem certeza disso? A gente nem conhece eles! Disse o jovem clérigo enquanto puxava o paladino para perto. -Vai por mim é nossa melhor op- O bêbado sobe em cima da bancada, interrompendo e derrubando as bebidas deste grupo estranho, com um máscara branca em seu rosto de um sorriso falso fazendo assim um breve discurso. -Amigos, irmãos e irmãs, venho aqui pedir um favor de vocês, um trabalho melhor dizendo! Onde é mais provável sair morto do que vivo! E então quem topa? Quem aqui quer trabalhar?! O silêncio ecoa pela taverna pouco movimentada logo após seu discurso, o mascarado respira fundo, desce da bancada, ajeita seu casaco de couro marrom, limpar seu colete vermelho arrumando assim seus cabelos longos e dourados e fala com um tom mais aborrecido para todos novamente. -São quinhentas moedas de ouro para o grupo que quiser ir e conseguir voltar. O pequenino levanta a mão e grita entusiasmado. -Nós! Ele olha para os dois cavaleiros e indaga. -Nós, certo? Os dois balançam a cabeça concordando para o pequenino, o mascarado se vira para o recém-formado grupo de estranhos. -Ótimo! Bem então me sigam meus caros rapazes que irei explicar melhor o trabalho. Disse o mascarado encapuzado.

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