Acumulando propriedades e patrimônio, com muitos recursos e fortes conexões políticas, uma das famílias mais tradicionais dona de terras no centro da Tailândia são os Sethratanapong. A família era constituída pelo pai, Anusak Sethratanapong, que herdou todas as propriedades e bens de sua família, a sua esposa, Naruemon Sethratanapong, vinda da família Phongsupa, também proprietária de terras no norte da Tailândia, e de sua filha e única herdeira, Kornnaphat Sethratanapong, a quem todos conheciam por Orm.Por ser filha única, Orm desde cedo foi moldada para que herdasse e tomasse conta dos negócios da família, sua função já havia sido projetada para tocar adiante o império Sethratanapong. Não à toa, foi enviada para Bangkok ainda no ensino médio para estudar, numa das mais tradicionais escolas para garotas, com altíssimos níveis de rendimento escolar. Sua profissão foi escolhida para cuidar dos interesses da família, portanto cursou Direito numa das faculdades mais caras e prestigiosas da Tailândia. Orm acabara de se formar, há pouco mais de um ano, e foi chamada de volta para a casa que deixou ainda adolescente. Agora ela tinha a missão de ajudar a expandir os negócios.
E era exatamente isso que ela estava ali para fazer, nesse exato momento, parada em frente ao grupo de pessoas reunidas em silêncio, a observando.
— Esse é o único e o último aviso que terão. Deixem as terras imediatamente, em 30 dias eu voltarei e quem ainda estiver aqui, será retirado… — Orm pausou propositadamente com a intenção de fazer soar o mais dramático possível, porque pensava que isso os assustaria e os faria obedecer a ordem — … A força.
Orm sorriu para si mesma contente pela performance que havia entregado, sentindo que conseguiria atingir seu objetivo facilmente. Então, observou no meio daquelas pessoas uma mulher de cabelos escuros, a olhando fixamente, por um momento se sentiu assustada, mas olhando bem pôde perceber que ela parecia diferente dos que estavam ali. A mulher estava bem vestida, com roupas escuras, contrastando com sua pele levemente corada, tinha também um chapéu preto na cabeça, olhando para baixo viu a fivela reluzente no cinto e sorriu.
“Uma cowgirl!?” pensou para si mesma achando graça da situação. Porém, seu sorriso sumiu quando percebeu aquela mesma mulher vindo em sua direção, de cara fechada, parecendo muito irritada. Orm recuou dando um passo para trás quando a mulher parou a centímetros dela.
— Quem você pensa que é para chegar assim dando ordens a todo mundo e nos expulsando daqui? Com que autoridade você acha que pode fazer isso? — a mulher cuspiu as palavras com raiva, a encarando ferozmente, parecendo que a atacaria a qualquer momento.
— Meu nome… — Orm começou empurrando levemente a outra mulher pelo ombro para que se afastasse um pouco antes de continuar — … é Orm Kornnaphat Sethratanapong, da família Sethratanapong, conhece? Imagino que sim, todos aqui conhecem, afinal, somos donos dessas terras. E nós deixamos por muito tempo que vocês se acomodassem aqui… Agora estamos tomando de volta o que nos pertence.
— Ah, claro, sim, dona Sethra… não sei o quê, eu não me importo! — falou Ling mostrando os dentes ainda sem recuar de sua posição de ataque — Eu não ligo para quem você é ou quem seja sua família, a única resposta que eu quero, e que você não me deu, é: com que autoridade você acha que tem para poder nos tirar das nossas terras? — questionou a engenheira enfatizando a palavra “nossas” para deixar bem claro que não iria ceder.
A isso, Orm não lhe deu resposta alguma. Ao invés disso, abriu um papel em sua frente, mostrando uma ordem de despejo assinada por um juiz. A mulher tinha um sorriso vitorioso no rosto, convencida de que sairia por cima desse embate.
Diferente do esperado, Lingling arrancou o papel de sua mão e começou a ler o que vinha no papel.
— Ei! Devolva isso! — Orm esticou a mão para tomar de volta o documento, mas Ling apenas o levantou e virou de costas para ela enquanto terminava de ler. — Você é surda!?
— Isso não faz sentido, isso não faz o menor sentido. Nós vivemos aqui há décadas, sempre pagamos a parcela devida da produção, como forma de expressar a nossa gratidão, não por obrigação, e nunca tivemos problemas antes com… a sua família. — a voz da agrônoma continha um tom de sarcasmo ao final da frase após dar uma leve pausa antes de falar sobre a visitante indesejada à sua frente.
— Bom, isso não é problema meu. — disse a advogada, tomando de volta o papel e o guardando em seu bolso — Eu vim dar o aviso, agora o trabalho de vocês é obedecer à ordem judicial. Do contrário, serão retirados à força. Agora, se me der licença, estou indo embora.
Antes que pudesse entrar no carro, a mulher sentiu seu braço ser segurado e, quando virou-se, viu a engenheira a olhando ainda com fúria nos olhos. O aperto em seu pulso começava a doer e agora ela tentava se soltar das mãos da outra, que parecia usar mais força a cada tentativa.
— Me solte! Ou você quer ser presa também? Além de ficar sem suas terras… Se bem que pensando direitinho, pelo menos aí você teria uma casa para morar… na prisão! Me larga! — a mulher finalmente conseguiu soltar seu braço e agora massageava o local machucado com a outra mão, seu pulso estava vermelho devido ao aperto.
— Escuta aqui, sua herdeira mimada, isso não vai ficar assim. Não vai! — gritou a engenheira na cara da outra mulher, que engoliu em seco, com os olhos arregalados, pois nunca ninguém a havia tratado assim antes — Você e a sua família vão pagar por isso, nós não vamos aceitar essa injustiça. — a mulher olhou para a advogada em sua frente, de cima a baixo, com uma expressão de repulsa — Não que alguém repugnante como você vá entender o que significa justiça. Passar bem.
Com isso, sem que Orm fosse capaz de se defender ou dizer qualquer outra coisa, Lingling virou as costas e começou a caminhar de volta à sua propriedade. Para a advogada restou apenas o silêncio, enquanto absorvia o que tinha acabado de lhe acontecer. Seu coração batia rapidamente após o confronto, tomado pela adrenalina daquele encontro. A mulher engoliu em seco novamente e se virou para entrar no seu carro, o ligou e retornou ao casarão de sua família, imersa em pensamentos sobre aquela pessoa que ousou a desafiar na frente de todos, de maneira tão feroz.
Naquela noite, os sonhos de Orm foram invadidos pela presença daquela mulher de cabelos escuros, de personalidade forte e que tinha um lindo rosto. A herdeira passou a noite acordando sobressaltada, assombrada pelas lembranças daquela mulher que lhe tirava seu sono.
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Amor Entre Terras
FanfictionSinopse: Orm Kornnaphat é herdeira de uma tradicional família dona de terras na região central da Tailândia. Lingling Kwong é filha de agricultores que ganham a vida com o suor do próprio trabalho na terra. Duas mulheres que em circunstâncias normai...