3. Resposta

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    Lingling Kwong andava de lá para cá na sala de estar, sob os olhares atentos de seus pais que estavam no sofá, a observando.

    — Filha, se sente, estou ficando tonta. Ficar assim não vai resolver nada. — alertou sua mãe.

    — Não, mãe, isso simplesmente não é certo. Vivemos a vida inteira aqui, dedicamos nossas vidas a essas terras, construímos do nada tudo que temos aqui, não é justo alguém chegar e nos tirar tudo. — a filha parou olhando para seus pais, segurando a vontade de chorar que começava a se construir em sua garganta, porque queria demonstrar ser forte, afinal ela daria conta de tudo e resolveria isso.

    — Não é a nossa vida, Ling… Se perdemos as terras, ainda temos uns aos outros, podemos recomeçar em outro lugar. — seu pai tentou acalmá-la, colocando uma mão em seu ombro, a consolando. A mulher balançou a cabeça com veemência.

    — Eu não vou deixar isso acontecer.

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    Na manhã seguinte, as famílias da comunidade estavam na sala de reuniões da cooperativa, criada recentemente, com o auxílio de Ling, quando retornou à província. A engenheira se encontrava à frente de todos, tentando transparecer tranquilidade enquanto explicava a situação do dia anterior, para tranquilizar os produtores. Ela não sabia qual seria o desfecho, mas prometia se esforçar para resolver esse problema.

    — Eu não quero que se preocupem com isso, não vamos perder nossas terras, eu sei porque não é justo. Nós passamos nossas vidas inteiras aqui, nosso sustento vem da terra, não é uma qualquer que pode chegar e nos tirar como se fôssemos nada… — ouviu-se algumas pessoas concordando com suas palavras — Eu me comprometo a tomar a frente e ir a fundo nessa questão, já estou tomando providências e estou em contato com uma advogada. Não se preocupem, não vamos perder nossas terras tão facilmente.

   A reunião foi encerrada e logo em seguida a mulher se preparou para ir à cidade, na capital da província, onde iria se encontrar com uma velha amiga de infância sua, a advogada que mencionou. Ling terminou de colocar seu capacete preto e subiu em sua Harley Davidson também de cor escura, a ligando e acelerando, indo a caminho do seu destino.

    Chegando na capital de Ayutthaya, Ling encontrou-se em um café com Daendao Yamaphai, a quem chamava carinhosamente de Jaja, como os demais. As mulheres partilharam um abraço caloroso, afinal fazia um bom tempo que não se viam pessoalmente. Após se separarem, se sentaram e fizeram seus pedidos.

    — Pode me contar novamente a história? Eu não sei se entendi tão bem pela ligação, não consigo acreditar que alguém faria isso com nossas famílias. — comentou sua amiga, cujos pais ainda moravam e trabalhavam no campo, junto aos de Ling.

   — Essa mulher… A… Ko-... Korn-... Espere — Ling levantou a mão enquanto fazia feição de reflexão, enquanto tentava se lembrar do nome da mulher desagradável do dia anterior — Korn…na… phat!? Kornnaphat!? E acho que Sethr… alguma coisa pong, talvez…

    Ela fez de ombros, se pudesse apagar qualquer lembrança daquela mulher de sua mente ela o faria, não fazia sequer questão de decorar seu nome.

    — Kornnaphat? Você quer dizer Kornnaphat Sethratanapong? — a mulher exclamou surpresa, fazendo sua amiga franzir o cenho, estranhando a familiaridade entre sua amiga e a desconhecida que a incomodava, embora assentiu confirmando a informação — Não acredito que está falando da Orm.

   — Sim, essa Orm… Que mulherzinha desagradável, uma herdeira mimada. — Ling revirou os olhos ao citar o nome dela — Ela me mostrou o documento com a ordem de despejo, já assinada. Nos deu 30 dias… Apenas um mês, para deixar as terras… Ou seremos forçados a sair, ela disse. Mas, afinal, de onde você a conhece?

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