5. Orm

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    6 meses atrás…

    — Você vai sim! — gritou um homem de meia idade, de cabelos grisalhos, usando um terno cinza escuro, com uma gravata azul escura e uma camisa azul clara por baixo. Seus sapatos sociais pretos e vernizados cintilavam sob a luz amarelada do apartamento. — Chega dessa sua vida vivida de qualquer jeito aqui em Bangkok, como se você não fosse alguém do seu status. Kornnaphat, já está na hora de você crescer! Não foi para isso que te enviamos para a capital. Você sabe muito bem que o seu dever é para com a nossa família e com os nossos negócios. Você é a nossa única herdeira, não tolerarei que aja como menos que isso na frente da sociedade inteira. Você sabe da sua fama pelas ruas de Bangkok!?

    — Eu não ligo! — gritou de volta a herdeira citada, com os braços erguidos, a pouco menos de um metro de distância do homem à sua frente — Eu gosto daqui! Da minha vida aqui, do meu apartamento, da cidade, eu quero ficar na capital. Eu não tenho nada naquele lugar horrível de onde eu saí. Odeio o campo e aquela fazenda. Eu não vou embora daqui, nem mesmo arrastada!

    — Chega! Eu não quero mais ouvir suas desculpas. Isso não é uma escolha. Não está aberto para discussão. É o seu dever, a sua obrigação, fazer isso, Kornnaphat. — o pai da jovem respondeu em um tom ainda mais alto a fazendo tremer, mas ela não recuou e continuou o desafiando.

    — Orm! O meu nome é Orm! — ela gesticulou, apontando para o próprio peito — Sua memória está começando a ficar ruim com a idade?

    O tom de deboche recheava a sua fala acompanhado de um sorriso sarcástico, no entanto sua expressão de contentamento não durou muito. Atravessando a sala rapidamente, uma mulher também de meia idade, de cabelos curtos e escuros, muito bem vestida e de ar elegante, parou em frente à ela. Sem dar tempo até mesmo de sua filha respirar, a mulher ergueu o braço e desceu a mão, sem dó alguma, sobre o seu rosto. O som do tapa ecoou pela sala, seguido de um silêncio entre as três pessoas presentes.

    — Mais respeito, somos os seus pais. Onde estão os modos que eu ensinei? — a mulher fazia uma expressão quase de nojo e de descontentamento enquanto encarava a própria filha, que a olhava ainda incrédula, tocando o rosto no local onde havia levado o tapa, avermelhado e marcado pelos cinco dedos que a acertaram — Ouça o seu pai e o que ele tem a dizer. Seja grata que ainda estamos lhe dando uma chance de provar que estamos errados sobre você. Passamos os últimos anos limpando os problemas que você nos causou, acreditando que com o tempo você iria crescer e amadurecer. Mas estávamos enganados, te deixar solta foi o nosso erro.

    — Exatamente. Demos liberdade demais a você e isso não nos trouxe nada além de dor de cabeça. — completou o pai que caminhou até ao lado de sua esposa para encarar a filha — Você vai voltar para o interior sim. E você vai retomar as terras da nossa família. Você quer se redimir e provar que merece a nossa confiança? O sobrenome Sethratanapong? Então, mostre que serve para alguma coisa. Sua farra, suas regalias, o seu dinheiro, esse apartamento e a sua vida em Bangkok estão confiscados, até segunda ordem! Ou você nos prova que merece ter isso, ou você não terá isso de volta. Aqui é a linha e o ponto final, Kornnaphat. Agora você decide o que você quer, essa é última chance que estamos te dando.

    — E você vai fazer isso sozinha. Nós não vamos interferir ou ajudar. Dessa vez, não conte conosco para resolver os seus problemas. Nos prove que consegue fazer algo por si própria, se quiser ter o nosso apoio e a nossa confiança de volta. — sua mãe terminou, deixando o silêncio tomar conta do ambiente novamente.

    A jovem advogada encarava os pais, fitando de um para o outro, sentindo as lágrimas quentes escorrerem pelo seu rosto, enquanto seus lábios tremiam, apesar do esforço que fazia para não chorar. Ela não sabia o que fazer, a única certeza que tinha é que não podia perder o que estava sendo tirado dela naquele momento.

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⏰ Última atualização: Nov 15 ⏰

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