Capítulo 29 🧁

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AMANDA FONSECA 🧁

Quando os amigos do Richard finalmente se afastaram, aproveitei para respirar um pouco mais aliviada. A noite estava sendo intensa, com tantas apresentações e cumprimentos. Embora estivesse acostumada a ser independente, lidar com tanta atenção de uma vez era algo totalmente novo para mim. Eu tentava disfarçar meu nervosismo, mantendo a postura, mas era inevitável me sentir um pouco deslocada.

Estava distraída quando Richard se virou para mim, com um sorriso diferente no rosto.

— Prepare-se, meu amor. Minha família chegou.

Engoli seco ao ouvir isso. Olhei na direção que ele indicava e lá estavam eles: o pai, a mãe, o irmão dele, e, ao lado, o sobrinho pequeno. Todos vieram da Colômbia para nos conhecer. O olhar deles, cheio de animação e expectativa, fez meu coração acelerar. Não eram muitos, mas eu já podia sentir a intensidade de cada um deles.

O primeiro a se aproximar foi o pai do Richard, um homem de presença forte, mas com um sorriso caloroso. Ele abraçou o filho com força e, em seguida, olhou para mim.

— Você deve ser Amanda — disse ele, estendendo os braços.

Antes que eu pudesse reagir, fui envolvida em um abraço firme. Não estava preparada para isso. Não que fosse desconfortável, mas era... estranho. Eu não estava acostumada com tanto contato físico. Sem parentes vivos, nunca recebi esse tipo de afeto. Estava sempre sozinha, e agora, de repente, havia essas pessoas querendo me abraçar, me acolher.

— Finalmente nos conhecemos! — disse a mãe do Richard, que logo me abraçou também, apertando-me com ternura. — Estamos tão felizes que você está na vida do Richard.

Eu sorri, tentando me ajustar àquela realidade. O irmão de Richard foi o próximo, mais contido, mas ainda assim simpático. Ele sorriu e me deu um abraço mais leve.

— Muito prazer, Amanda. O Richard fala muito de você.

Por fim, o sobrinho pequeno se aproximou, segurando a mão do pai. Ele olhou para mim com um misto de curiosidade e timidez. Agachei-me na frente dele, sorrindo, tentando deixar a situação mais confortável para nós dois.

— E você deve ser...?

— Thian — respondeu ele, olhando para mim com olhos curiosos.

— Prazer em conhecê-lo, Thian. — Eu sorri, e ele retribuiu timidamente. Então percebi que ele não fala português como os outros, por isso está mais calado

Enquanto me levantava, percebi que estava ligeiramente corada. O carinho que aquela família demonstrava era algo novo para mim. Não sabia bem como lidar com aquilo, e a cada abraço que recebia, minha rigidez inicial ficava mais evidente. Eu queria relaxar, me abrir, mas parecia que havia algo dentro de mim que ainda não sabia como retribuir tanto afeto.

Richard, sempre atento, segurou minha mão e a apertou suavemente, como se quisesse me lembrar de que estava tudo bem.

— Você vai se dar muito bem com eles — ele sussurrou no meu ouvido. — Eles já te adoram.

Eu sorri, um pouco tímida, ainda me acostumando com a ideia de fazer parte de algo maior do que eu mesma. Era reconfortante ver como Richard me incluía em sua vida, e como a família dele estava disposta a me receber. Mas ainda havia aquela parte de mim que precisava de tempo para se acostumar. Afinal, estar sozinha por tanto tempo te ensina a ser resistente, a não depender de ninguém. Agora, porém, havia uma oportunidade de mudar isso. E, talvez, era hora de tentar.

Assim que a conversa com a família do Richard começava a fluir, ouvi o som suave da voz de Juvena, acompanhada pela risada de Alice, que vinha em nossa direção. Virei-me e vi as duas se aproximando. Juvena, com seu jeito tranquilo e seguro, trazia Alice pela mão, e minha filha, como sempre, exalava energia e alegria.

— Olha só quem está aqui! — Richard comentou, com os olhos brilhando ao ver Alice.

Mas antes que Richard pudesse se aproximar, senti um movimento ao meu lado. Os pais dele, que até então estavam conversando calmamente, pararam de falar no momento em que viram Alice. Seus olhos se encheram de uma emoção que eu não esperava. A mãe de Richard cobriu a boca com as mãos, visivelmente emocionada, enquanto o pai dele ficou com os olhos marejados, olhando fixamente para a pequena.

— Alice... nossa neta... — murmurou a mãe de Richard, a voz trêmula de emoção.

Ela e o pai de Richard foram até Juvena e Alice como se estivessem vendo um tesouro pela primeira vez. Até então, eles só tinham Thian, o sobrinho do Richard, como neto. Agora, finalmente, estavam diante da primeira netinha, e a reação deles foi de pura alegria e surpresa.

— Venha cá, meu amor — disse a mãe de Richard, agachando-se para ficar na altura de Alice, abrindo os braços.

Alice, sem hesitar, soltou a mão de Juvena e correu para os braços da avó, que a envolveu em um abraço tão cheio de afeto que parecia que ela estava esperando por esse momento desde sempre. O pai de Richard, que normalmente era mais reservado, não conseguiu segurar as lágrimas e colocou a mão sobre o ombro da esposa, observando a cena com um sorriso emocionado.

— Ela é linda... tão linda... — ele murmurou, a voz quebrando. — Parece tanto com o nosso filho.

Juvena deu um passo para trás, deixando que os avós aproveitassem o momento. Eu, por outro lado, observava tudo com um misto de emoções. Ver Alice sendo recebida com tanto amor era algo que eu nunca tinha experimentado. Ela estava no centro da atenção e carinho, algo que eu mesma nunca tive a chance de sentir quando era mais nova.

O pai de Richard finalmente se abaixou ao lado da esposa, e com uma ternura que eu não esperava, passou a mão pelo cabelo de Alice.

— Você é nossa primeira neta, Alice — disse ele, com a voz embargada. — E estamos tão felizes por finalmente te conhecer.

Ver aquela cena me emocionou mais do que eu esperava. Richard apertou minha mão de leve, sentindo meu nervosismo, e eu olhei para ele com um sorriso tímido. Mesmo que fosse estranho para mim receber tanto carinho de uma família, era bonito demais ver como Alice estava sendo acolhida. Eu sabia que ela ia se lembrar desse momento para sempre.

Juvena me lançou um olhar discreto, percebendo minha reação, mas manteve o sorriso. Ela sabia o que aquilo representava, tanto para Alice quanto para mim. Para uma criança que cresceu sem tantos laços familiares próximos, esse carinho era um presente.

Richard se abaixou ao lado dos pais, passando a mão pelo cabelo de Alice e sorrindo para ela.

— Viu só, princesa? Você é muito amada.

Alice riu, os olhos brilhando, como se sentisse todo o amor que a rodeava.

Papá – nossa princesa falou e os pais do Richard choraram ainda mais com a cena.

Eu fiquei um pouco mais distante, observando a cena com o coração apertado, mas feliz. Afinal, mesmo que para mim fosse uma novidade ser envolvida por tanto afeto, saber que minha filha estava recebendo isso me trazia uma paz imensa.

Destino - Richard Rios (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora