Capítulo 3 🧁

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AMANDA FONSECA 🧁

— Muito obrigada, tenha um ótimo fim de tarde. – entrego a encomenda de uma cliente que fez o pedido on-line e veio fazer a retirada.

Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu, não é? Bom, basicamente, fui abandonada grávida pelo pai da minha filha, fui demitida do meu emprego e recebi uma boa indenização, e não tenho família pra me ajudar. Ou seja: sou mãe solo, literalmente sozinha pra tudo, e sou empreendedora.

Logo quando fui rejeitada pelo cafajeste que me recuso pronunciar o nome, tomei uma decisão na minha vida: eu jamais dependeria de ninguém, a não ser de mim mesma.

Então eu juntei todos os cacos de vidro que caíram de mim quando eu fui quebrada, me levantei, e usei o pouco dinheiro que sobrou da indenização para investir no meu próprio negócio. Eu sempre fui muito boa com a cozinha, principalmente quando se trata de doces. Então eu comecei a trabalhar fazendo brigadeiros, bolos, cupcakes e antes da Alice nascer eu consegui juntar uma boa quantidade de dinheiro para me manter pelos 2 primeiros meses.

Eu tive parto normal, então facilitou na hora da minha recuperação pós maternidade. Não vou mentir, foi bem complicado nos primeiros meses, mas depois eu peguei o jeito. Minha princesa vai completar 2 anos daqui há quatro meses e eu tenho trabalhado incansavelmente para proporcionar à ela um futuro melhor. Chego aqui às seis da manhã e começo a preparar as massas para o dia. Sempre saio daqui às sete da noite, porque já deixo pronto algumas massas de doces que vendo pela manhã bem cedo.

Hoje eu estou bem estabelecida, ainda não ganho muito, mas consigo manter minha casa, as fraldas e produtos necessário da Alice, e o ponto que aluguei para a doceria. Essa semana chegará as mesas que comprei para colocar aqui no espaço. Ele é bem amplo e tem clientes que preferem comer aqui mesmo. Recentemente coloquei um ar condicionado e agora o ambiente é climatizado. Fica melhor até para a Alice que passa o dia inteiro comigo. Neste exato momento ela está dormindo no carrinho depois de ter brincado o dia inteiro.

Aqui o espaço é bem grande, então a cozinha é bem separada da área onde os clientes ficam. Preparei uma área própria para crianças, com um cercado colorido e a Alice ama passar o dia inteiro lá. Antes que pensem que ela fica sozinha, aviso logo que a filha da minha vizinha aqui ao lado cuida dela pra mim. Ela tem oito anos de idade e sonha em ter uma irmãzinha, a Clarinha ama a Alice e passa o dia inteiro brincando com ela no espaço kids.

Sinto que logo logo precisarei contratar alguém, o estabelecimento tem crescido muito.

Já estou quase fechando o estabelecimento quando um cliente meu entra. Ele é jogador de futebol de algum time e eu nunca pergunto. Desde o que aconteceu com o cafajeste que começa com a letra R eu evito qualquer coisa que envolva o futebol. Pra você ter noção, eu evito torcer pra qualquer time para evitar que ele apareça na televisão quando eu estiver acompanhado um jogo onde possivelmente os times podem se enfrentar.

O Piquerez é incrível. Totalmente diferente do Richard, mas mesmo assim eu ainda sou muito fechada quando o assunto é jogadores de futebol. Ele vem quase todos os dias aqui, e algumas vezes nem é pra comprar nada, é só pra conversar mesmo e para ele ver a Alice. Ele ama a minha filha e a Alice adora ver ele.

Tem uns dois meses que ele vem aqui frequentemente e não esconde o quanto se preocupa comigo e com a Alice. Até hoje não entendo todo esse instinto protetor, mas acabo ignorando.

— Oi, Piquerez! Como vai? – o atendo com o mesmo sorriso de sempre

— Vou bem, princesa. E você? – fala com seu sotaque carregado. Percebo que ele está um pouco diferente. Geralmente ele é mais empolgado. Hoje ele parece...tenso

— Tudo certo por aqui. – respondo sem tirar o sorriso do rosto. — E então, vai querer os donuts de sempre? Eu só tenho mais duas unidades.

— Sim, e esquenta pra mim, por favor. – pediu e eu assenti.

Peguei os dois donuts da vitrine e os levei para o microondas.

— Eu já estava quase fechando. – digo enquanto espero os 2 minutos do microondas. — Hoje preciso preparar 3 massas de bolo, 2 de donuts e 3 de brigadeiros. Amanhã o dia é bem movimentado e eu preciso deixar tudo pré pronto.

— Você não acha que já está na hora de contratar uma funcionária? – perguntou cautelosamente.

Percebo que as vezes ele olha para a porta como se estivesse esperando alguém entrar. Estranho.

— Até penso, porém ainda não tenho esse recurso. – respondo

— Se você quiser eu posso...

— Não precisa, Piquerez. – me aproximei dele no balcão e segurei sua mão. — Mas obrigada por tentar ajudar. – falo e vejo o momento que ele engole em seco. O que está acontecendo com ele?

— Mas que porra é essa?

Ouço uma voz atrás do Piquerez.

Não.

Não pode ser.

Destino - Richard Rios (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora