Episódio 22

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Baibua (ใบบัว) – Significado: "folha de lótus". Como o lótus é uma planta simbólica na cultura tailandesa, representando pureza e resiliência.

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A imagem do problemático crânio mumificado se destacava na tela da televisão de sessenta e cinco polegadas à esquerda, na sala de laboratório de antropologia física. Na tela à direita estava o rosto de um homem desconhecido, o proprietário do crânio, que havia sido reconstruído por um programa de modelagem em 2D. A chefe do laboratório estava sentada, alternando entre olhar para cima e para baixo, em frente à mesa de autópsia, se preparando para separar os ossos das vítimas do acidente de avião.

Restava a identificação de outras sete vítimas que ainda precisavam ser analisadas. Embora algumas das vítimas não pudessem ter todos os seus restos levados para casa, havia incertezas quanto à completude das peças restantes. Ao avaliar a situação, o número de ossos disponíveis parecia insuficiente, devido aos danos causados pela explosão e pela queda, que resultaram em muitos deles estarem severamente comprometidos.

Entretanto, no que se referia à sua função como especialista em identificação, Dra. Busaya podia afirmar que havia feito o melhor que podia. Bua observava a pilha de ossos na mesa, alternando o olhar entre eles e a imagem na televisão. Ela mal conseguia se concentrar no trabalho durante esses últimos dias. A história do crânio misterioso, girava em sua mente incessantemente, a fazendo sentir a necessidade de exibi-lo na tela, na esperança de que algo pudesse ser revelado.

Phinya não parecia incomodada, mas Bua sabia que ela provavelmente estava pensando em maneiras de obter mais informações, além de esperar pela ajuda da polícia.

Ela não queria pensar no pior cenário possível: e se alguém tivesse intencionalmente feito isso, e a origem do corpo fosse desconhecida? Como havia apenas uma única peça, não era possível encontrar uma resposta para isso. Mas e se... o corpo desse homem desconhecido tivesse sido roubado de algum lugar? Ou, no pior dos casos, se tivesse sido trazido de uma forma não natural, considerando o estado da mandíbula inferior, que apresentava uma deformidade significativa?

Normalmente, a fratura ou deformação da mandíbula não ocorre facilmente. Sem um impacto ou um golpe de força considerável, seria improvável que ocorresse uma fratura ou deslocamento, pois é bastante resistente. Quando usou o programa de modelagem facial para calcular e criar a imagem do rosto, percebeu que havia um desvio em direção à direita, proveniente da fratura do lado esquerdo, com cerca de um centímetro de desvio na mandíbula inferior. Isso poderia sim ocorrer durante o transporte, mas também era possível que a pessoa tivesse sido agredida antes da morte. Busaya soltou um suspiro profundo ao pensar nisso...

Independentemente da finalidade com que esse crânio mumificado tivesse sido criado, parecia evidente que ele havia sido obtido de algum modo de forma ilegal. Isso poderia ser um reflexo das palavras da sua professora, que costumava dizer: — Mesmo a paz dos que partem é roubada. Que tipo de espécie somos nós? Evoluímos mais do que outras para fazer isso uns com os outros?

Era realmente lamentável...

A chefe do laboratório tentou se concentrar novamente, se preparando para trabalhar na identificação das vítimas do acidente de avião. Ela estendeu a mão e pegou um osso pélvico, que ainda não havia conseguido encontrar.

Antes de começar a medir, Bua posicionou o osso. Ao observar com atenção o ângulo subpubiano (Subpubic angle) tanto do lado esquerdo quanto do direito, que eram maiores que noventa graus, ela pôde concluir que se tratava de um corpo feminino. No fatídico voo, havia três passageiros identificados como mulheres. Uma delas já havia sido reconhecida no local do acidente, pois seu corpo não estava muito danificado, e seu rosto ainda era utilizável para confirmação de identidade.

Cranium, o mistério mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora