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Alysanne bufou discretamente enquanto a septã dava suas aulas religiosas sobre casamento, explicando como funcionava toda a tradição para a princesa, da cerimônia até a cerimônia dos lençóis. A princesa já sabia sobre tudo aquilo, ela estava na aula quando foi a vez de Helaena e se arrepende amargamente daquele dia, pois foram as horas mais chatas da vida dela.

A porta da sala foi aberta e o príncipe Aegon passou por ela, ignorando a mulher mais velha e indo direto até a irmã mais nova, sentando a sua frente.

— Temos que trazer Daeron.

— Meu príncipe, sinto muito mas a princesa...

— Ela pode terminar isso depois. - ele desdenhou - Tá dentro ou fora?

A princesa encarava o irmão com a testa franzida.

— Ele não vai aceitar, ele prefere Oldtown. - Aegon bufou - Por que isso?

— Para que a mãe se preocupe com ele ao invés de mim! - Alysanne elevou a sobrancelha e o príncipe sussurrou - Ela tá com essa coisa de ser Rei e eu não sou o herdeiro do pai...

Alysanne revirou os olhos e levantou da cadeira, pegando suas coisas e se desculpando com a septã antes de puxar o irmão mais velho para fora da sala.

— Achei que ela tivesse esquecido isso. - ela sussurrou.

— Otto tá colocando coisa na cabeça dela de novo. - revirou os olhos - Por favor, pegue Aemond e vá até Oldtown, talvez com ele Daeron aceite mais rápido.

— Eu tentei pedir para que ele viesse e ele negou. - ela o parou - Ele não vem! Você vai ter que aguentar as ideias de Otto.

Aegon bufou e passou a mão nos fios platinados e embaraçados, desleixado do típico Aegon.

— Apenas...tente, pode ser?

A princesa suspirou e assentiu, se afastando do irmão mais velho e indo até o quarto de seu gêmeo. Antes que ela pudesse bater na porta, o guarda a parou gentilmente.

— O príncipe não quer receber visitas, princesa, ele deixou suas ordens bem claras.

Ela franziu o cenho.

— Ele sempre me deixou entrar.

— Sinto muito, não posso permitir.

A morena resmungou e saiu, andando pelos corredores até seus aposentos. Ela foi até a parede falsa e entrou na passagem, caminhando até a passagem do quarto de Aemond. Ela olhou pelo buraco da parede e não viu nada além de um pequeno feixe de luz vindo da sacada, o quarto estava totalmente escuro. Ela então empurrou a porta escondida e entrou no breu que era o quarto de seu irmão, olhando ao redor e vendo um dos seus vários tapa olhos jogado no chão. Ela caminhou lentamente pelo quarto até ver os fios platinados espalhados pela cama do príncipe, a safira que antes tomava o lugar de seu olho perdido estava em cima da mesa com um pouco de sangue ao redor.

— Aemond? - ela sussurrou.

O príncipe se mexeu e escondeu mais o rosto no travesseiro, se sentindo envergonhado. O cabelo solto um pouco jogado em seu rosto, fazendo com que ele ficasse escondido.

— Vá embora. - ele resmungou, sua voz carregada de dor.

— Mas sou eu...

— Por favor. - o tom antes envergonhado agora deu o lugar para o tom choroso em sua voz.

Ele estava com dor.

Alysanne sentou na ponta de sua cama e afastou os fios de seu rosto, vendo as lágrimas descendo por seu único olho violeta. Os lábios do príncipe tremiam assim como seu corpo e ele se encolheu envergonhado.

— Está doendo? - ela perguntou suavemente, recebendo um aceno dele.

Ela torceu os lábios e deu a volta na cama, se ajeitando no colchão e puxando o homem para seu colo, acariciando seus fios platinados enquanto ele chorava de dor.

— É como se estivesse algo furando meu rosto. - ele disse trêmulo - Eu ainda sinto ele... - sussurrou - Eu tento piscar, tento chorar mas nada muda.

A princesa acariciou o cabelo dele e deixou seu rosto visível para ela, os olhos dele lacrimejavam e ele encarava um único ponto invisível em seu quarto.

— Por que tirou a safira?

— Eu a coloquei para substituir o olho, eu achei...achei que me faria esquecer por um momento que eu havia perdido ele. Mas é tudo uma ilusão, isso só ajuda a doer mais. É apenas um buraco vazio daquilo que foi tirado de mim. A safira assusta todos que olham para ela mas...eu não a coloquei para ser temido, eu a coloquei para me sentir menos...diferente.

— Você não é diferente, querido. Você ainda é o nosso Aemond, não ter um olho não faz de você menos normal. - ela beijou a testa dele - Sinto muito pelas dores, não posso imaginar como deve ser.

— Minha cabeça dói.

A princesa suspirou e trançou um lado do cabelo dele.

— Vou pedir para que o meistre faça um chá para a sua dor. Você ainda vai colocar a safira?

Ele apenas assentiu, fazendo ela suspirar novamente.

— Certo, eu volto logo com seu chá, tá bem?

— Desculpa ter impedido sua entrada.

Ela sorriu fraco e beijou a bochecha dele.

— Tudo bem, eu ia entrar de qualquer forma. - aquilo tirou uma pequena risada do príncipe - Descanse enquanto eu não volto.

Ela se afastou dele e cobriu seu corpo com o lençol, fechando mais as cortinas do quarto para que a luz não o incomodasse. Ela pegou o tapa olho do chão e o guardou na cômoda, encarando a safira uma última vez antes de sair pela passagem novamente, ela tinha que voltar por onde veio. A princesa fez o pedido do chá para o meistre e saiu para o quarto de sua mãe, um pensamento rondando sua cabeça, algo que deveria ter sido feito faz tempo. Ela entrou no quarto sem ser anunciada, encontrando sua mãe, Otto e Aegon discutindo.

— Querida? Está tudo bem? - a Rainha se afastou do pai e do filho.

Alysanne encarou Otto e ergueu a cabeça decidida.

— Eu quero o olho de Lucerys Velaryon.

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⏰ Última atualização: Oct 18 ⏰

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