Capítulo 2

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Está chovendo! Ando por uma calçada, pisando sobre o chão molhado.

Gosto de frio, mas não quando este vem acompanhado de chuva. O céu está totalmente nublado, sou incapaz de ver um único raio de sol fugir por entre as nuvens escuras e carregadas.

Ando de cabeça baixa, segurando meu guarda-chuva com uma mão e com a outra seguro meu próprio queixo, pensando em nada.

As rachaduras do chão me parecem uma ótima vista, pois não paro de fitá-las. Escuto passos vindo em minha direção, na verdade correndo.

Levanto minha cabeça para ver do que se trata e sinto-me ser empurrada.

- Ei vocês! - grito para os pestinhas que passaram feito furacão por mim. Derrubaram-me no chão molhado e parecem nem ter se importado, não tiveram o trabalho de olhar para trás. Miseráveis!

Fecho meus olhos e massageio minhas costas, bateu na parede com o impacto, está doendo um pouco e tenho certeza de que vou ganhar um pequeno hematoma nessa área. Meu guarda-chuva está caído de ponta cabeça ao meu lado, acumulando uma poça de água sobre ele. Perfeito! A chuva está caindo sobre mim.

Ajoelho-me no chão e apoio uma mão sobre o mesmo, me preparo pra levantar.

Uma mão.

Alguém está estendendo a mão para mim. Que gentileza.

Sem saber de quem se trata, não olhei pro rosto da pessoa apenas para a mão masculina, a seguro com firmeza, está muito fria. Sou puxada para cima, conseguindo ficar de pé.

- Obrigada! - eu digo enquanto olho para o meu casaco desalinhado e um tanto ensopado. Estou concentrada em ajeitar minha roupa e após fazê-lo, finalmente olho pra frente - Não é todo o dia que...

Não vejo ninguém.

Mas para onde foi o bom rapaz? Estou sozinha em meio a uma rua deserta onde mal passa carro, encharcada e morrendo de frio.

Tiro a água que se acumulou em meu guarda-chuva e saio rápido desse lugar. Estou com aquela sensação de estar sendo vigiada.

 Estou com aquela sensação de estar sendo vigiada

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A chuva não impedirá meu percurso.

Acabei de passar por um portão de ferro um tanto alto. Caminho pelo cemitério ainda sentindo frio, estou molhada e corro o risco de ficar resfriada.

Finalmente chego onde queria.

- Espero que ainda esteja inteira - falo olhando para o túmulo na minha frente. Abro meu casaco bege e tiro de dentro dele uma rosa branca. Está um pouco amassada e algumas pétalas se soltaram, mas é de todo o meu coração. A deposito acima da sepultura, fecho meus olhos e posso escutar com clareza o som das gotas de água caírem forte e rapidamente sobre o chão.

Tirando o clima mórbido que esse ambiente traz, sinto-me em paz com a tranquilidade que se tem aqui. Mas ainda estou com aquela sensação estranha de estar sendo vigiada. Não gosto disso.

O Beijo do VampiroOnde histórias criam vida. Descubra agora