Capítulo 18: Enfrentando o espelho.

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Os dias que seguiram a conversa foram marcados por uma atmosfera estranha. Jennie se sentia como se estivesse à beira de um abismo, tentando segurar as rédeas do ciúme que sempre ameaçava transbordar. Lisa, por outro lado, tentava se manter presente, mas sabia que Jennie precisava fazer esse caminho sozinha. Era uma batalha interna, e Jennie tinha que decidir até onde estava disposta a ir para salvar seu relacionamento.

Certa noite, Jennie decidiu dar um passeio sozinha pela cidade. Precisava de espaço para pensar, para confrontar as sombras que habitavam dentro dela. Cada passo parecia ecoar os medos que carregava, como se fossem lembranças dos momentos em que quase perdeu Lisa por causa de seu ciúme.

Ela caminhou até o parque onde costumava ir com Lisa. As memórias de risadas e promessas ecoavam em sua mente, mas agora tudo parecia distante. Sentou-se em um banco, observando as luzes da cidade, e se deixou envolver por seus pensamentos.

— Por que eu sou assim? — Jennie murmurou para si mesma, como se esperasse que o vento levasse suas dúvidas.

Foi então que uma voz familiar quebrou o silêncio. Era Rose, uma velha amiga de Jennie que não via há algum tempo. Elas se conheceram no ensino médio, e Rose sempre foi alguém com quem Jennie se sentia à vontade para conversar.

— Jennie? O que faz aqui sozinha? — Rose perguntou, sentando-se ao lado dela.

Jennie suspirou, olhando para Rose como se estivesse buscando respostas que ela mesma não conseguia encontrar.

— Eu não sei mais o que fazer, Rose... Tenho tanto medo de perder a Lisa que acabo destruindo tudo — Jennie desabafou, com lágrimas nos olhos.

Rose olhou para Jennie com compaixão. Sabia que a amiga sempre teve dificuldade em lidar com o próprio coração.

— Jennie, o ciúme pode parecer uma forma de proteger algo que a gente ama, mas ele também pode sufocar o que é precioso — Rose começou, com a voz suave. — Talvez o que você precise agora não seja segurar tão forte, mas aprender a confiar, tanto em Lisa quanto em você mesma.

Jennie olhou para Rose, absorvendo cada palavra. Pela primeira vez, ela começou a entender que seu ciúme não era só sobre Lisa. Era sobre ela, sobre suas próprias inseguranças, suas próprias feridas.

— Mas e se eu confiar, e ainda assim as coisas derem errado? — Jennie perguntou, com a voz quebrada.

Rose sorriu levemente, enxugando uma lágrima que escorria pelo rosto de Jennie.

— Relacionamentos são sobre risco, Jennie. Mas se você continuar deixando o medo controlar cada passo, você nunca vai saber o que realmente pode ser. Não é sobre nunca sentir ciúme, é sobre não deixar que ele defina quem você é ou o que vocês têm.

Jennie ficou em silêncio por alguns instantes, refletindo sobre tudo. Rose tinha razão. O problema não era apenas o ciúme de Lisa, mas a maneira como Jennie se via: frágil, insegura, sempre com medo de não ser suficiente.

Após a conversa com Rose, Jennie decidiu que era hora de buscar ajuda de verdade. Ela começou a ler sobre relações saudáveis, a assistir vídeos e até a fazer terapia. Sabia que o caminho seria longo, mas dessa vez estava disposta a lutar por si mesma e pelo amor que sentia por Lisa de uma maneira mais saudável.

Quando voltou para casa, encontrou Lisa deitada no sofá, com um livro na mão. Jennie se aproximou e se sentou ao lado dela, observando os traços delicados de Lisa à luz suave do abajur.

— Eu quero melhorar, Lisa. Por mim e por nós — Jennie disse, com determinação na voz.

Lisa sorriu, com um brilho nos olhos que Jennie não via há tempos.

— Eu sei, Jennie. E eu vou estar aqui, com você, em cada passo — respondeu Lisa, puxando Jennie para um abraço.

Era o começo de uma nova fase. Jennie sabia que não seria fácil, mas dessa vez, ela estava pronta para enfrentar suas sombras e, quem sabe, encontrar uma nova forma de amar.

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