Yang Jungwon é um rapaz amaldiçoado desde seu nascimento, e a única forma de quebrar esse poder tão intenso posto sobre ele, é se apaixonando. Escolhido a dedo pelo Diabo, entornado por demônios de todas as espécies, tem o dom da morte e dá descanso...
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Página 1 - Peles Frias.
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"Machuca muito."
Foi o que eu disse, sem saber se era porque escutava seus pensamentos confusos, se era por vê-lo naquele estado catastrófico ou pelos meus dois ombros terem sido rasgados e os ouvidos machucados pelo demônio que tentava falar cada vez mais forte comigo.
E agora, também continuo não sabendo dizer se a dor que me consome, é por ter perdido um dos meus bens mais preciosos.
É, machuca muito. Tanto que meu corpo todo reclama ao respirar amargura.
Pois então, me questiono mais uma vez desde sua chegada em minha vida: é nessa descoberta, com a minha quebra quase abrupta com o Diabo, ou o que deveria ter sido, que eu seria capaz de mantê-lo vivo? Se minha maldição tivesse sido quebrada, ele ainda estaria comigo?
A única coisa que consigo pensar é que se nos encontramos, é porque eu precisava deixá-lo fazer novas descobertas pelo mundo, que eu precisava fazer com que ele achasse um novo motivo para continuar tentando.
Mas eu só tinha 20 anos naquela época e tampouco sabia de nada.
Como eu, que nem de todo humano sou, conseguiria mudar algo?
Se eu apenas tivesse matado ele de uma vez naquela noite, eu não estaria escrevendo essas memórias ácidas da paixão. Não estaria chorando rios de amores. Não estaria deixando meu coração quebrado e se remendando apenas com o pouco que tive de Jay.
Mas é o que me resta.
E eu não posso fazer nada além de agarrar isso com uma fome inacabável de insatisfação e falta de compreensão.
"Eu sei disso." ele respondeu após um longo tempo, fungando e encarando o mar com admiração. "Acha que a água está muito fria?"
O respondi, com confusão estampada na voz:
"O quê?"
Eu achei repentino, mesmo tendo compreendido desde o início o que ele quis dizer. No fundo, engraçado por ter sido óbvio. E Jay me encarou novamente, sorrindo pequeno e, ah! Eu ainda amo aquele sorriso. Como não poderia? Ele era perfeito.
Daí, ele aproximou o rosto do meu. Notei na hora que ele observou toda a minha face atentamente.
Mas o que mais me chamou a atenção foi quando suas orbes travaram em meus lábios secos e permaneceram assim por longos segundos. Quando eu senti sua respiração morna batendo contra a pele do meu rosto, meu coração pulsando rápido novamente, o frio no estômago e os arrepios.
Como se tivesse uma outra energia conosco.
Não era um demônio. Não era nem um pouco parecido com o que estava atrás de mim naquela noite. Não era a morte que carrego comigo. Era algo novo.
