cap 2: Lado errado.

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As luzes da cidade piscavam à medida que Elizabeth se afastava da parte nobre e bem-cuidadosa onde cresceu. A paisagem mudava gradualmente, os arranha-céus de vidro e aço sendo substituídos por ruas mais estreitas e movimentadas, onde as luzes neon disputavam espaço com a escuridão. Aquele lado da cidade era um território desconhecido para ela — sujo, barulhento, mas de alguma forma vibrante, pulsando com uma energia que Elizabeth nunca havia sentido antes.

Ela estacionou o carro algumas quadras longe do clube, suas mãos ainda firmes no volante por um segundo, enquanto absorvia a cena ao redor. As pessoas na calçada pareciam diferentes das que frequentavam as festas da alta sociedade — mais livres, menos preocupadas com julgamentos. Pela primeira vez em muito tempo, Elizabeth sentiu algo que poderia ser descrito como excitação. Ela estava fazendo algo impensável, algo que jamais teria permissão de fazer. E essa pequena transgressão a fazia se sentir viva.

Respirou fundo, ajustando o vestido enquanto saía do carro. Cada passo que dava parecia carregar uma mistura de nervosismo e adrenalina. Quando finalmente chegou à frente do clube, o som da música vibrava no ar. O letreiro, um néon brilhante, anunciava o nome do lugar, enquanto a fila de pessoas aguardava para entrar. O porteiro, um homem robusto, analisava cada um com um olhar criterioso.

Elizabeth manteve a cabeça erguida, tentando disfarçar o desconforto que a assolava. Sabia que não pertencia àquele mundo, mas estava determinada a fingir que sim, pelo menos por aquela noite. Quando chegou sua vez de passar pelo porteiro, ele a avaliou por um momento, seus olhos varrendo-a de cima a baixo. Por um instante, Elizabeth pensou que ele a barraria, mas, para sua surpresa, ele abriu a corda que bloqueava a entrada, permitindo que ela passasse.

Ao entrar, foi como se tivesse sido engolida por uma onda de som e luz. A música era alta, quase ensurdecedora, e o cheiro de bebida e cigarro pairava no ar. A pista de dança estava cheia de corpos em movimento, uma massa pulsante de pessoas que se deixavam levar pelo ritmo frenético. Elizabeth nunca havia visto nada igual.

Ela se movia com cautela entre as pessoas, tentando absorver cada detalhe. O clube era vasto, com luzes que piscavam em diferentes cores, refletindo nos espelhos que cobriam as paredes. Era um lugar que exalava uma energia selvagem e caótica, completamente diferente do mundo regrado e controlado de sua vida diária. Elizabeth sentiu seu coração acelerar.

Mas, ao mesmo tempo, havia um nervosismo crescente dentro dela. Tudo ali era desconhecido — as pessoas, o ambiente, as regras não ditas daquele mundo. Ela estava fora de sua zona de conforto, e embora isso a empolgasse, uma parte de si estava assustada. "O que eu estou fazendo aqui?" a pergunta ecoou em sua mente, mas ela a afastou rapidamente. Não era hora de duvidar. Estava ali para se libertar, para provar que podia, ao menos por uma vez, tomar suas próprias decisões.

Elizabeth foi até o bar, seus olhos varrendo o ambiente enquanto tentava parecer despreocupada. "Uma bebida", pensou. Não tinha o hábito de beber, mas essa noite era para quebrar regras, não para segui-las. Quando o bartender a notou, ela pediu o primeiro drink que veio à mente, algo que sempre ouvia falar, mas nunca experimentara de verdade.

Enquanto esperava, uma sensação estranha começou a tomar conta dela. Sentia-se observada. Elizabeth olhou ao redor, tentando ignorar a leve tensão que subia pela sua espinha. E então, seus olhos encontraram os de um homem, sentado em um dos cantos mais escuros do clube. Ele a observava de longe, com um olhar que a fez parar de respirar por um momento. Era intenso, predador, como se tivesse acabado de encontrá-la em meio à multidão.

Ela desviou o olhar rapidamente, sentindo o coração acelerar ainda mais. “Não seja boba, Elizabeth”, disse a si mesma, tentando afastar a sensação incômoda. Mas a verdade era que algo naquele olhar a havia perturbado e, ao mesmo tempo, a intrigado. Quem era ele? Por que a estava olhando daquela maneira?

love and danger || Nicholas Alexander ChavezOnde histórias criam vida. Descubra agora