love and danger || Nicholas Alexander Chavez

cap 3: Má ideia?

O nome Nicholas Chavez ecoou na mente de Elizabeth como uma advertência silenciosa. Ela já ouviu rumores, sussurros nos eventos da alta sociedade sobre um homem envolvido em negócios ilícitos. E ali estava ela, com um drink na mão, sentada ao lado dele.

Nicholas a observava atentamente, aguardando sua reação, curioso para ver se ela recuaria. Mas, apesar do calafrio que percorreu sua espinha, Elizabeth não demonstrou medo. Havia algo na presença dele que a fazia sentir-se intrigada.

⸺ Já ouvi falar de você ⸺Elizabeth disse, a voz firme, mesmo com o tumulto em sua mente. ⸺ Seus negócios... têm uma reputação. ⸺

Nicholas ergueu uma sobrancelha, um sorriso discreto surgindo em seus lábios. ⸺ As pessoas gostam de falar. A questão é: você acredita em tudo que ouve? ⸺

Elizabeth tomou um gole de sua bebida, sentindo o calor do álcool aquecer seu corpo. ⸺ Devo acreditar? ⸺

Ele se inclinou levemente, diminuindo a distância entre eles. ⸺ Acredite no que quiser, Elizabeth. Mas lembre-se: o perigo está sempre onde você menos espera. ⸺

O coração dela disparou. Havia uma promessa nas palavras dele. Era um aviso? Ou um convite?

⸺ Você é o tipo que todos temem, eu sou o tipo que todos invejam, ⸺disse Elizabeth, inclinando-se para ele com um olhar desafiador. ⸺ Que dupla, não acha?⸺

Nicholas a observou em silêncio, avaliando suas palavras. ⸺ Talvez. Mas só se você souber onde está pisando. ⸺

Elizabeth sentiu um arrepio. ⸺ E onde estou pisando agora? ⸺Ela sussurrou, mal acreditando nas palavras que saíam de sua boca. Estava brincando com fogo, e sabia disso.

⸺ Você está em território desconhecido, Elizabeth. Mas não está sozinha. ⸺Ele tomou um gole do drink, os olhos nunca deixando os dela. ⸺ Desde que saiba onde está pisando, não precisa temer.⸺

Ela piscou, surpresa pela segurança que ele exalava. ⸺ Você sempre foi assim? Enigmático e controlador? ⸺

Nicholas sorriu, dessa vez com mais frieza. ⸺ É o que dizem. Mas controle vem do entendimento. E você ainda não sabe...⸺Ele fez uma pausa, a voz baixando. ⸺Mas a partir do momento que cruzou aquela porta, você é minha.⸺

Elizabeth sentiu o impacto das palavras dele, mas ao invés de fugir, aquilo a atraía ainda mais. O perigo, o poder, a intensidade... tudo era novo e envolvente para ela. Mas antes que pudesse responder, uma movimentação no clube chamou a atenção de Nicholas.

O olhar dele endureceu, franzindo a testa levemente. Algo havia mudado no ambiente ao redor deles, e Elizabeth, embora seguisse o olhar dele, não conseguiu identificar o que era.

⸺ É melhor você ir para casa ⸺disse ele, abruptamente, sua voz mais fria. Levantando-se, ele olhou para ela com uma intensidade renovada. ⸺ Este lugar não é seguro para você. ⸺

A mudança repentina a pegou de surpresa. ⸺ O que está acontecendo? ⸺perguntou, tentando entender.

Nicholas se inclinou, colocou uma nota no balcão e voltou a encará-la. ⸺ Confie em mim, Elizabeth. Você não quer descobrir tudo sobre este mundo de uma só vez. ⸺

Ele deu um passo para trás, e Elizabeth, mesmo relutante, sentiu-se compelida a sair. Enquanto caminhava em direção à saída do clube, sentia os olhares pesados ao seu redor. O que Nicholas havia dito? Que este lugar não era seguro? Claro que ela sabia. Mas a questão que martelava em sua cabeça era: por que ela não se importava?

Na verdade, ela não estava aliviada por ir embora. Ela estava intrigada, curiosa. Nicholas não era como os homens que ela conhecia, que se esforçavam demais para impressionar ou jogavam com as regras da sociedade que ela mesma desprezava. Ele parecia operar em outro nível - fora de qualquer expectativa. E isso a atraía de uma forma perigosa.

Enquanto saía pela porta, não conseguia afastar a sensação de que estava cruzando um limite invisível. Um que talvez ela ainda não compreendesse completamente, mas que já começava a moldar o rumo de sua vida. O que Nicholas havia insinuado? Que ela já era dele? Parte dela queria entender exatamente o que isso significava.

E parte dela, contra todas as razões lógicas, estava pronta para descobrir.

( . . . )

Elizabeth mal havia fechado a porta do quarto quando ouviu uma batida leve. Claro, meus pais, pensou, com uma ponta de cansaço. Não estava com disposição para outra conversa controladora, mas já sabia que a noite não terminaria sem algum interrogatório.

⸺ Elizabeth? ⸺ A voz de sua mãe era suave, mas firme. ⸺ Posso entrar? ⸺

Ela respirou fundo, preparando-se para o que viria. ⸺ Pode. ⸺

A porta se abriu lentamente, revelando sua mãe com uma expressão preocupada. ⸺Você sumiu tão rápido depois do jantar... aconteceu alguma coisa? ⸺

⸺ Não. ⸺ Elizabeth forçou um sorriso, tentando manter a calma. ⸺ Só precisava de um tempo sozinha. ⸺

Sua mãe deu alguns passos para dentro do quarto, fechando a porta atrás de si. ⸺Seu pai... ele acha que você está agindo de maneira imprudente ultimamente. ⸺

Elizabeth não conseguiu evitar revirar os olhos. ⸺ Claro que acha. Para ele, tudo o que eu faço é imprudente. ⸺

⸺ Não fale assim, querida. Ele se preocupa com você. ⸺

⸺ Ele se preocupa com o controle que tem sobre mim. ⸺ A resposta de Elizabeth foi rápida, seu tom cheio de ressentimento. ⸺ Você sabe disso. ⸺

Sua mãe suspirou, visivelmente incomodada. ⸺ Elizabeth, estamos apenas tentando garantir que você tome as decisões certas. ⸺

As "decisões certas". Elizabeth quase riu. O que eram essas "decisões certas"? Casar-se com alguém aprovado por seus pais, frequentar os mesmos círculos entediantes da sociedade? Seu pai sempre fora rígido, controlador, e sua mãe, embora mais gentil, sempre concordava com ele no final.

⸺ Eu já estou cansada de viver de acordo com as expectativas de vocês ⸺Elizabeth disse, levantando-se da cama. ⸺ Talvez seja hora de eu começar a viver a minha própria vida. ⸺

O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de tensão não dita. Sua mãe parecia prestes a responder, mas hesitou. Elizabeth percebeu o peso das palavras que acabara de dizer e, por um breve momento, sentiu uma onda de liberdade. Havia algo libertador em verbalizar sua insatisfação, mas também sabia que isso não seria tão fácil.

Antes que sua mãe pudesse insistir mais na conversa, Elizabeth a cortou. ⸺Eu vou dormir. Estou cansada ⸺

Sua mãe hesitou, mas depois assentiu, saindo em silêncio. Quando a porta fechou, Elizabeth se deitou na cama, os pensamentos voltando rapidamente para Nicholas.

O que ele diria se soubesse da vida que ela vivia? Ele provavelmente não se importaria. Nicholas parecia alguém que criava suas próprias regras, alguém que não respondia a ninguém. O oposto de seu pai, que vivia para manter uma fachada impecável. Talvez isso fosse parte do que a atraía - a liberdade que Nicholas personificava, o poder que ele exercia sem pedir permissão.

Os minutos se arrastaram enquanto ela tentava dormir, mas a insônia tomou conta. As lembranças daquela noite voltavam, e o rosto de Nicholas se misturava aos seus pensamentos. Ela sabia que não era uma boa ideia se envolver com alguém como ele, mas algo a puxava nessa direção. O controle absoluto que ele exalava a inquietava e, ao mesmo tempo, a fazia querer entendê-lo mais profundamente.

Elizabeth olhou pela janela de seu quarto, as luzes da cidade brilhando ao longe. Aquele mundo parecia tão distante, mas agora, com Nicholas, era como se ela estivesse a um passo de atravessar para algo muito maior do que sua vida até então.

Nicholas a conhecia mais do que ela gostaria de admitir. Mas o que a intrigava era o quanto ela também queria conhecê-lo.