Capítulo 14- Sempre!

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As meninas, percebendo o quão perdida Anna parecia, decidiram explicar a situação com delicadeza.

— Olha, Anna, você não sabia — começou Sophia, tentando ser o mais gentil possível. — Mas... a situação entre Âmbar e o Jota é complicada.

Anna, com os olhos marejados, balançou a cabeça lentamente. — Eu... eu realmente não fazia ideia. Se eu soubesse, jamais teria falado sobre ele desse jeito...

As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, e ela rapidamente levou as mãos ao rosto, envergonhada. — Desculpa. Eu realmente sinto muito...

Megan, que normalmente era mais dura, deu um passo à frente e colocou a mão no ombro de Anna, em um raro gesto de conforto. — Ei, tá tudo bem. Você não tem culpa disso. As coisas entre Âmbar e o Jota já estavam complicadas antes de você aparecer.

— E você não sabia — acrescentou Tessa, tentando acalmar a garota. — Está tudo bem, de verdade.

Nesse momento, Jota, já impaciente com toda a situação, começou a caminhar em direção às meninas. Ele parecia determinado, com os punhos cerrados e os olhos fixos na direção de Âmbar, que ainda estava ajoelhada perto do mar, sendo consolada por Victória.

Antes que pudesse ir mais longe, Anthony o interrompeu, colocando a mão em seu peito para impedi-lo de continuar.

— Você não acha que já causou danos suficientes, Jota? — perguntou Anthony, com o tom grave e desafiador.

Jota puxou o braço, livrando-se do bloqueio de Anthony. — Isso não é da sua conta — respondeu, claramente irritado.

Os dois se encararam por um momento, mas antes que a situação escalasse, Victoria que visualizava a situação não tão distante, se desvinculou do abraço com Âmbar e interveio. — Anthony, deixa eles resolverem. Eles precisam disso.

Anthony a olhou incrédulo. — Sério? Depois de tudo isso?

— Sim — Victoria respondeu, firme. — Confia em mim.

Anthony, relutante, abaixou a mão e, embora claramente insatisfeito, voltou com Victoria para o grupo.

Enquanto isso, Jota caminhou lentamente até Âmbar. Ela ainda estava de joelhos na areia, olhando para o mar, mas seu corpo já parecia um pouco mais relaxado, como se o pior da crise tivesse passado.

Ele se aproximou e, sem dizer nada, sentou-se ao lado dela. Por um momento, ambos ficaram em silêncio, apenas observando as ondas quebrarem suavemente na areia. O som do mar preenchia o ar ao redor deles, mas dentro de Âmbar, havia uma calmaria quase dolorosa.

Jota não tentou tocá-la, não tentou consolar com gestos dramáticos. Ele sabia que, naquele momento, palavras vazias não serviriam de nada. Então, ele apenas olhou para o horizonte, assim como ela, e depois de um longo silêncio, ele finalmente falou.

— Sempre.

Aquela palavra, simples e única, perfurou o coração de Âmbar com uma intensidade que ela não esperava. Por um segundo, ela não conseguiu respirar, enquanto seus olhos, ainda úmidos, se voltaram para Jota.

Ela sempre enviava mensagens para ele, desabafando, e no final de cada uma, havia aquela mesma pergunta silenciosa: "Sempre?". Ela se perguntava se ele estaria ali por ela, se ele realmente se importava. E, na maioria das vezes, ele não respondia.

Mas agora, ali, com o mar diante deles e o caos atrás, ele lhe dava a resposta que ela sempre buscou. "Sempre."

Isso significava que ele leu cada uma de suas palavras, que ele esteve lá, mesmo quando parecia distante. E essa única palavra parecia curar algo dentro dela, mas ao mesmo tempo abrir uma nova ferida. O que "sempre" realmente significava para Jota? Ele estava ali por ela? Ou estava apenas mantendo-a perto por hábito?

Âmbar fechou os olhos, deixando mais algumas lágrimas escaparem, enquanto seu coração se debatia entre a dor e o alívio. Ela não sabia se conseguia lidar com isso agora, mas, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que pelo menos uma parte da verdade estava à vista.

Jota continuava olhando para o mar, o silêncio entre eles permanecendo, mas dessa vez, havia algo mais reconfortante naquela ausência de palavras.

Eles ficariam ali, quietos, por mais algum tempo, deixando que o som das ondas levasse parte do peso que ambos carregavam.

Aos poucos o grupo foi se aproximando, percebendo o silêncio entre Âmbar e Jota. Sabendo que Âmbar poderia se sentir desconfortável com muita atenção em cima dela, eles decidiram se aproximar de maneira sutil, fingindo que nada de sério havia acontecido. Começaram a rir e a brincar entre si, tentando trazer de volta a leveza habitual do grupo.

— Vamos entrar na água? — sugeriu Megan, como se tudo estivesse normal. Todos concordaram e, aos poucos, foram para o mar.

Âmbar, mesmo ainda carregando o peso dos últimos momentos, sorriu de leve ao ver seus amigos se divertindo. Por um momento, ela tentou deixar as preocupações para trás e se permitiu participar. Entrou na água, brincou com os amigos, e, por algumas horas, pareceu que o clima tenso havia desaparecido.

Ao anoitecer, o grupo decidiu que era hora de voltar para casa. Todos começaram a se organizar, mas Âmbar se afastou um pouco, ainda perdida em pensamentos. Quando chegou o momento de escolher os carros, ela foi firme em seu pedido:

— Eu vou sozinha.

— Sozinha? — questionou Victoria, preocupada. — Não acha melhor ir com a gente? Você ainda não parece bem...

— Eu vou ficar bem, sério. Eu só preciso de um tempo para pensar, para ficar sozinha por um momento — insistiu Âmbar, tentando sorrir, mas sem muito sucesso.

Os amigos não estavam convencidos, mas diante da insistência de Âmbar, acabaram cedendo, embora com relutância.

— Se precisar de qualquer coisa, liga para a gente, ok? — disse Sophia, ainda preocupada, enquanto Âmbar acenava, já indo em direção ao seu carro.

Âmbar entrou no carro e, ao fechar a porta, o peso de tudo o que aconteceu ao longo dos dias a atingiu de uma vez. As lembranças das palavras de Jota, da pressão entre Anthony e ele, e até mesmo da inocência de Anna pesavam sobre ela.
Tudo aquilo, pareceu ser um gatilho emocional para Âmbar, que começou a ver tudo de negativo que antes, trancou em seu coração.

A voz de sua mãe ecoava em sua cabeça, as discussões sobre como ela nunca daria a alegria que a mãe esperava e quão frustada estava por não conseguir seguir o que ditavam.

Aquelas palavras machucavam mais do que qualquer coisa. Âmbar, segurando o volante com força, sentiu as lágrimas começarem a escorrer, misturadas com a raiva e o cansaço de sempre tentar agradar aos outros, de nunca ser suficiente.

— Por que... por que não posso simplesmente... desaparecer? — murmurou ela para si mesma, enquanto acelerava o carro.

O carro cortava a estrada com velocidade crescente, os faróis dos carros à frente passavam rapidamente. Ela mal via os outros veículos, só queria sair dali, desaparecer, fugir de tudo. As memórias da discussão de seus pais continuavam a persegui-la, e, sem perceber, ela começou a ultrapassar os carros à sua frente de forma perigosa.

A adrenalina subiu, e tudo ao seu redor parecia embaçado. Âmbar estava cega pela dor e pela vontade de escapar de tudo. Em um movimento brusco e impensado, ao tentar desviar de um carro, perdeu o controle do volante.

— Não... — murmurou ela, com o coração acelerado e os olhos arregalados.

O carro derrapou e, antes que ela pudesse reagir, bateu em um poste à beira da estrada. O som metálico da batida ecoou no ar, o impacto jogou seu corpo contra o volante. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta, mas o choque foi imediato.

A cabeça de Âmbar pendeu para frente, enquanto tudo ao seu redor escurecia. O último pensamento que teve antes de perder a consciência foi um vago arrependimento. Talvez, se tivesse parado de tentar fugir por um segundo, as coisas pudessem ser diferentes.

E então, tudo ficou em silêncio.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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