Capítulo 4: Como é, amigo?

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Âmbar passou o dia todo dormindo e, ao acordar, parecia que seu próprio estômago a devoraria. Chegou à conclusão de que nunca mais beberia.

— Âmbar, desça imediatamente! — Ouviu a voz da mãe em meio a batidas na porta. Colocou os chinelos e desceu para o térreo. Conforme descia os degraus, avistou uma pessoa conhecida ao pé da escada.

— Victória? — Coçou os olhos para tentar desembaçar a visão; a claridade parecia um veneno.

— Olá! — Victória sorriu. A mãe de Âmbar estava sentada na poltrona, bebericando seu chá e observando a cena. — Estava explicando para a sua mãe o quão cansativos tinham sido os estudos. Afinal, temos testes na próxima semana.

Âmbar não saberia mentir tão bem quanto Victória, então apenas permaneceu em silêncio e fez um gesto para que ela prosseguisse.

— Então, estava prestes a pedir para que ela deixasse você me acompanhar nas aulas particulares que minha mãe contratou. Mas, para isso, você teria que passar esse feriado comigo. — Victória levantou a sobrancelha.

— Vocês podem estudar aqui. — A mãe de Âmbar colocou o chá na mesa de centro.

— Não, senhora. Minha mãe contratou os melhores professores da capital, por isso teríamos que ir para lá. Já estão pagos. — Victória se virou para a mãe de Âmbar, entrelaçou os dedos e ajeitou a coluna. — A senhora sabe como os testes do último ano são primordiais para entrarmos nas melhores faculdades. Por isso, minha mãe desembolsou alguns milhares de dólares para pagar os melhores profissionais.

— Milhares de dólares? — A mãe de Âmbar fez uma pausa. — Ora, que generosa. Se são os melhores profissionais, agradeço por compartilhar os meios para a educação de Âmbar.

— Imagina, senhora. Agradeço por deixá-la ir conosco. — Victória sabia lidar bem com a mãe de Âmbar. — Arrume suas coisas, Âmbar!!!

Âmbar não sabia se aquilo realmente era verdade. Na realidade, ainda tentava assimilar a presença de Victória em sua casa.

— Antes, preciso conversar com a sua mãe. — Victória pareceu hesitar por alguns segundos.

— Poderia ser por telefone? — A voz falhou. Ora, Victória, mentira! — Ela está ocupadíssima preparando as coisas para viajarmos.

— Claro! — Às vezes, Âmbar pensava o quão ingênua sua mãe poderia ser.

Victória discou um número e passou para a mãe de Âmbar, enquanto puxava a amiga para mais perto.

— Vai logo, a Sophia vai convencer. — Ela sussurrou.

— O que você está tramando? — Âmbar sussurrou de volta.

— Vamos para a capital, na casa dos Dallas.

— Como é, amiga?! — Âmbar deixou escapar alto e de forma espontânea.

— Vai, antes que você estrague. Vou fazer você viver um pouco, saia dessa bolha.

— Achei ofensivo.

Retornou ao quarto, pegou a mala de viagem e, por um instante, se questionou se Jota iria. Achava que não conseguiria aguentar as idiotices dele por um dia. Começou a organizar suas coisas, dividindo em sacos para cada ocasião. Levou também seu tênis para viver sua última aventura antes de aposentá-lo.

Quando desceu, encontrou Victória sentada ao lado de sua mãe e de seu pai, rindo de algo. Aquela menina conseguia encantar a todos.

— Veja, então ela saiu correndo e bateu com a cabeça na casinha de brinquedo, ficou com um galo enorme. — O pai de Âmbar adorava contar essa história.

— Oi, amiga, seu pai estava contando... — Âmbar interrompeu.

— Ele adora essa história. Estou pronta, vamos? — Perguntou.

— Claro, obrigada pela receptividade! — Victória apertou as mãos dos pais de Âmbar e sorriu.

— Nós que agradecemos. Peço que, por gentileza, fale para sua mãe nos ligar e que liguem para nos informar. — A mãe de Âmbar se levantou. — Âmbar, não esqueça dos seus compromissos, de se dedicar a essa oportunidade. Iremos nos falando.

— Claro! — Âmbar sorriu. — Irei aproveitar essa oportunidade ao máximo.

— Te amo, ficarei com saudades. — O pai a abraçou.

— Também te amo, retornarei em breve. — Âmbar retribuiu o abraço.

— Veja, essa sim é uma amiga que você deveria se espelhar e cativar. — A mãe de Âmbar se referiu a Victória.

— Ok. — Âmbar pegou a mala e se dirigiu para fora.

— Nossa, sua mãe, hein... — Victória colocou a mão na testa. — Ela faz tantas perguntas, ainda bem que temos a Sophia.

— Nem me fale. — Âmbar parou e olhou para ela. — Agora me conta, o que está acontecendo?

Little Angel, Big men.Onde histórias criam vida. Descubra agora