Retorno Ao Lar - Sasusaku

3 - Sasuke

Após terminarmos o jantar, o clima estava leve, mas dentro de mim, uma pressão crescente se acumulava. Eu sabia que precisava abordar um assunto que me atormentava há muito tempo. Enquanto eu pensava sobre como abrir meu coração, Sakura se levantou da mesa.

- Espere um momento - disse ela, com um sorriso travesso.

Ela se dirigiu até um armário e abriu as portas, revelando uma coleção de utensílios de cozinha. Com habilidade, pegou uma jarra de vinho tinto, o vidro escuro refletindo a luz suave da cozinha. Em seguida, escolheu duas taças elegantes, uma em cada mão, e voltou para a mesa.

- Acho que isso merece um brinde - disse, com um brilho nos olhos.

Eu a observei, surpreso e curioso. Nunca tinha imaginado que ela traria vinho para a conversa.

- Um brinde? - perguntei, levantando uma sobrancelha.

- Sim! Para celebrar novos começos - respondeu ela, enquanto enchia as taças com o vinho rubi. O líquido brilhante deslizou lentamente, enchendo cada taça com um tom profundo e vibrante.

Quando ela se aproximou da mesa, ofereceu uma taça a mim e levantou a outra, pronta para brindar.

- À esperança e às novas jornadas - disse ela, sorrindo.

Bati levemente minha taça na dela, e o som ressoou suavemente na sala. Ao beber, senti o sabor encorpado do vinho, que parecia aquecer não apenas meu corpo, mas também o ambiente ao nosso redor, tornando tudo mais acolhedor.

Enquanto a atmosfera se tornava mais descontraída, eu sabia que era o momento certo para falar sobre minha viagem.

- Agora que temos um pouco de vinho, posso perguntar sobre sua viagem de redenção? O que você encontrou por lá? - perguntou Sakura, inclinando-se levemente para frente, sua expressão revelando genuíno interesse.

Eu respirei fundo, preparando-me para compartilhar as experiências que me transformaram.

- A viagem foi... transformadora - comecei, lembrando das paisagens deslumbrantes que conheci e das pessoas que encontrei. - Passei por vilarejos que estavam sofrendo, pessoas que haviam perdido tudo na guerra. Vi o impacto que a dor pode ter na vida das pessoas.

Sakura me ouvia atentamente, seus olhos verdes brilhando com empatia. Eu podia ver que ela estava se conectando com as minhas palavras.

- Uma vez, encontrei um grupo de crianças que havia perdido suas famílias. Elas estavam tão desesperadas, mas mesmo assim, ainda conseguiam sorrir. A força delas me tocou profundamente. Eu percebi que, mesmo em meio ao sofrimento, havia esperança.

A expressão de Sakura mudou, e eu vi um misto de preocupação e admiração em seu olhar.

- E você conseguiu ajudá-las? - perguntou, sua voz suave e encorajadora.

- Eu fiz o que pude. Ensinei algumas técnicas básicas de defesa e tentei transmitir um pouco de confiança. Mas o que mais aprendi foi que a verdadeira força vem de dentro. Essas crianças me mostraram que, mesmo nas situações mais difíceis, a esperança nunca deve ser perdida.

Enquanto falava, percebi que estava me abrindo de uma forma que nunca havia feito antes. Havia algo sobre compartilhar essas experiências com Sakura que tornava tudo mais real e palpável.

- O que você sentiu ao voltar? - ela perguntou, sua voz cheia de curiosidade.

- Um misto de alívio e tristeza. Alívio por ter aprendido e crescido, mas tristeza por saber que havia tantos erros que cometi e que não poderiam ser desfeitos. E, é claro, havia a culpa por não ter estado presente para aqueles que se importavam comigo - respondi, o peso das palavras pressionando meu coração.