[05] O reflexo na igreja

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Protagonista: Hanni (Atenção: essa one shot NÃO tem a intenção de ofender qualquer religião!)

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A igreja estava silenciosa, exceto pela voz do pastor. Hanni se sentou em um dos bancos da frente, admirando a beleza do altar adornado com flores brancas e as velas que lançavam sombras dançantes nas paredes. O culto noturno tinha uma atmosfera única e Hanni sentia que poderia encontrar paz ali.

À medida que o pastor falava, Hanni se perdeu em seus pensamentos, contemplando suas preocupações e esperanças. A voz do pastor preenchia o espaço, mas ela não conseguia evitar a sensação de que algo estava fora do lugar. Era como se uma sombra estivesse se movendo nas bordas de sua visão.

— Devemos confiar em Deus em todas as circunstâncias. — o pastor proclamou, sua voz cheia de convicção. — Quando enfrentamos a escuridão, Ele é nossa luz. Não podemos permitir que o medo nos afaste de nossa fé.

Enquanto ele falava, Hanni olhou para um grande espelho na parede da frente, ornamentado e polido. Ele refletia a imagem do que estava acontecendo no altar, mas, à medida que a atenção de Hanni se fixava no espelho, algo a deixou inquieta. No fundo da igreja, quase fora de vista, uma figura envolta em um manto escuro começou a aparecer. A figura parecia se mover lentamente, mas não havia ninguém lá quando Hanni e os outros fiéis olhavam diretamente.

Um arrepio percorreu a espinha de Hanni. Ela tentou focar no culto, mas o impulso de olhar para o espelho era irresistível. A cada momento que passava, a figura no reflexo se aproximava, e Hanni sentia uma mistura de curiosidade e medo. Os olhos da figura eram vazios, mas sua presença exalava uma sensação de malícia e dor.

Um murmúrio começou a correr pela congregação. Outros fiéis notaram a presença sombria e começaram a sussurrar entre si, seus rostos pálidos se voltando para o espelho. Quando tentaram olhar diretamente para a figura, ela desapareceu, como se nunca tivesse estado lá. Mas, assim que voltavam seus olhares para o espelho, a figura estava mais próxima, seus contornos agora mais nítidos.

— Não tenham medo! Confiem em Deus! — o pastor exclamou, tentando acalmar os fiéis. Mas a tensão na igreja aumentou. Os rostos, antes serenos, agora mostravam pânico e confusão. Hanni estava paralisada em seu lugar, o coração batendo descompassado.

À medida que a figura se aproximava ainda mais, o pastor insistia em sua mensagem de fé, mas o terror tomou conta do ambiente. A figura sombria tinha uma aura sobrenatural, como se estivesse viva, mas não fosse humana. Um peso opressivo pairava no ar, e a temperatura parecia cair. As velas tremeluziam, e o som das vozes do culto estavam inquietas.

"Ela está tentando nos dizer algo," Hanni pensou, embora não conseguisse entender o que poderia ser. Um impulso a levou a se aproximar do espelho, e, com cada passo, a figura se tornava mais clara. Era uma mulher de cabelos longos e escuros, o olhar profundo e enigmático.

— Ajude-me... — a figura sussurrou, sua voz soava como um lamento. O pânico começou a se espalhar entre os fiéis. Hanni sentiu um puxão forte em seu coração. A mulher estava em apuros, presa entre mundos. O desejo de ajudar superou seu medo. Ela estendeu a mão em direção ao espelho, como se quisesse tocar a mulher.

— Confiem em Deus! — o pastor repetiu, mas sua voz já soava distante, quase perdida na confusão. Assim que os dedos de Hanni quase tocaram a superfície do espelho, a imagem da mulher se contorceu em uma expressão de desespero. 

— Não! Não me toque! — ela gritou, mas era tarde demais.

Hanni sentiu uma força invisível puxá-la para dentro do espelho. O mundo ao seu redor girou, e tudo se transformou em uma neblina de sombras. Um grito ecoou na igreja enquanto a figura desaparecia, levando Hanni consigo.

Quando a luz retornou e os fiéis finalmente conseguiram olhar novamente para o espelho, ele estava vazio. Hanni não estava mais lá. O pastor, em seu desespero, caiu de joelhos, enquanto a congregação começava a entrar em pânico, chamando por Hanni, mas suas vozes se perdiam no silêncio ensurdecedor do templo vazio.

Então, algo estranho começou a acontecer. O espelho, antes limpo, agora parecia embaçado, como se uma névoa densa o envolvesse. As velas tremeluziam com um vento invisível, e as sombras nas paredes começaram a se contorcer, formando figuras grotescas que dançavam ao som de um riso baixo e maligno.

No reflexo do espelho, uma nova imagem surgiu. Hanni estava lá, mas sua expressão era diferente; seus olhos agora brilhavam com uma luz sombria e vacilante. A figura da mulher a observava de perto, um sorriso cruel se formando em seu rosto. O pastor começou a falar, mas Hanni não parecia ouvir. 

O culto se transformou em um caos enquanto o pastor, em desespero, gritou por ajuda. Mas a realidade na igreja começou a distorcer-se. As paredes pareciam se fechar, e os rostos dos fiéis se tornaram uma massa indistinta de medo e pânico. Hanni e a mulher agora estavam unidas no espelho, e a igreja estava sendo consumida pela escuridão.

Com um último grito, o pastor foi silenciado, e o reflexo de Hanni se tornou um lembrete sombrio de que, na hora do verdadeiro terror, até mesmo a fé pode falhar, e as trevas podem engolir até os mais valentes. A igreja, antes um lugar de esperança, agora era um santuário de horrores, onde a confiança foi traída, e as almas perdidas se tornaram parte do reflexo sombrio que eternamente assombraria aquele templo.

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