CAPÍTULO 4

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Havia se passado um ano desde a noite tumultuada em Driftmark, mas o impacto daquele dia ainda se fazia presente em cada aspecto da vida de Aemond Targaryen. Marcado pelo ferimento que tirara seu olho, Aemond dedicou-se de corpo e mente à recuperação, transformando-se de maneiras que surpreenderam a todos ao seu redor. Ele se fortalecia com uma disciplina feroz, sua mãe tentou o fazer descansar mais foi em vão e até o rei Viserys notava a mudança no filho caçula, mas Aemond não partilhava os detalhes das razões que moldaram seu crescimento.

No entanto, mesmo com seu progresso físico e psicológico, as visões daquela noite não o deixaram. Durante as noites, Aemond acordava suando, com as imagens da visão ainda vívidas em sua mente. Ele via rostos familiares, todos mortos ao seu redor, e ele, como o último Targaryen de pé, em cima de uma pilha de corpos — seus irmãos, seus sobrinhos amados, sua família por parte de mãe, todos consumidos por um destino que ele não conseguia impedir.

Algo que também o estava tirando o sono, era o fogo. Aemond evitou como uma praga qualquer labareira de fogo, chaminés ou tochas. Sempre se lembrando das palavras dos deuses, céus ele não queria outra experiência de "ver" o futuro.

Naquele ano, Aemond também começou a perceber as intenções dos outros para com ele. Em uma tarde, ao investigar uma conversa entre os maestres, descobriu que um deles, Maester Lyrax, havia sido enviado a pedido de Rhaenyra para cuidar de seu ferimento no olho e relatar a ela seu estado. Quando percebeu isso, uma fúria fria tomou conta de seu coração. Sem hesitar, ordenou que o maestre deixasse o castelo imediatamente, com instruções de retornar a Pedra do Dragão e informar a Rhaenyra que ele não era uma criança a ser monitorada.

Sozinho após o incidente, Aemond ficou imerso em pensamentos sobre Rhaenyra. Aquela desconfiança e hostilidade que ele sentia em relação a ela parecia crescer. Ele percebeu que não havia nenhuma notícia oficial sobre a morte de Laenor Velaryon ou o casamento de Rhaenyra com Daemon, algo que ele sabia que deveria ter ocorrido apenas uma semana após os eventos de Driftmark, conforme ouvira em sua visão. A ausência de tal informação reforçava sua incerteza, e ele se perguntava quantos segredos e mentiras estavam enraizados em sua própria família.

Helaena, por sua vez, fora a única a persistir na tentativa de unir a família, ainda determinada a evitar a guerra que se desenhava no horizonte. Insistia para que Aemond ajudasse nessa missão, mas ele sempre recusava. Com o tempo, porém, ele acabou concordando, mas deixou claro que não seria amigo de Rhaenyra, Daemon, Rhaenys ou dos filhos bastardos. Ele se envolvia apenas pelo desejo de manter Helaena longe do conflito, e não pela causa.

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Em uma tarde chuvosa, Aemond e Helaena estavam na biblioteca do castelo. Ela falava sobre suas ideias para juntar a família, enquanto ele permanecia com uma expressão entediada, folheando um livro sem muita atenção. A insistência de Helaena em proteger os laços familiares parecia inútil para ele, mas ele permitia que ela falasse, tentando ser cortês.

— Eu poderia me casar com Jacaerys, — disse Helaena de repente, interrompendo os pensamentos dispersos de Aemond.

Imediatamente, Aemond levantou o olhar, franzindo a testa. — Não, — ele respondeu, o tom seco e decidido. A ideia de ver Helaena casada com o filho de Rhaenyra o incomodava profundamente. Ele lembrava dos rostos dos filhos dela, seus sobrinhos só nasceram por ela se casar com Aegon. E Ele sabia que era egoísta pensar assim, mais só em pensar que nunca mais veria seus sobrinhos lhe causava uma dor descomunal. E só em pensar da sua irmã, tendo filhos com os cabelos castanhos e era profundamente desconfortável. Jaehaerys, Jaehaera e Maelor neste mundo poderiam ter a chance de viver, crescer e serem tão glorioso quanto um Targaryen pode ser.

𝐓𝐡𝐞 𝐓𝐡𝐫𝐞𝐞 𝐇𝐞𝐚𝐝𝐞𝐝 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐨𝐧, Hᴏᴜsᴇ ᴏғ ᴛʜᴇ ᴅʀᴀɢᴏɴOnde histórias criam vida. Descubra agora