O Amor Também Morre

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Um dia Helena chega do trabalho exausta em casa, deita na cama e chama Phynasy:

- Phy vem fazer uma massagem nos pés da mamãe, vem filho.

Ele vai fazer e começa a contar histórias engraçadas para sua mãe, buscando algum sorriso dela, até que consegue ver alguns. Porém logo Davi chega, aparentemente meio bêbado, senta e chama:

- Mulher! Cadê você? Tem o que pra comer nesse barraco? Vai preparar algo! ligeiro!

Logo os sorrisos que Phy tinha conseguido de sua mãe são trocados por um olhar sem esperança e sem vida. Ela levanta e vai fazer algo para Davi comer. Phynasy não entende porque sua mãe obedecia aquele homem, seu coração cheio de tristeza e raiva de seu pai faz com que ele saia correndo de casa, sua mãe o grita e vai saindo atrás dele preocupada pelo jeito que saiu chorando, porém Davi diz:

- Aonde você pensa que vai vagabunda? Pode ir fazer algo pra eu comer agora! Esquece aquele pivete mimado.

Ela acaba baixando a cabeça e faz o que ele ordenou, porém o modo que o garoto saiu correndo deixou-a preocupada. Ela faz o mais rápido possível alguma coisa que sirva para Davi comer, coloca na mesa, sai, fecha a porta e corre atrás do garoto, porém ela já tinha o perdido de vista. Era fim de tarde o sol já estava quase se pondo, seria muito perigoso ficar na rua àquela hora. Ela grita por seu nome para ver se ele responde, mas nada.

Enquanto isso, Phynasy corria sem direção até que tropeçou em uma pedra, bateu a cabeça e, quando caiu no chão, desmaiou de baixou de uma árvore. Dentro de sua cabeça ele acorda olha para um lado e para o outro e, apesar de estar com a visão meio embasada, não reconhece o lugar, era uma cabana muito humilde. Ele tenta levantar e sentar-se, porém sua cabeça ainda doía, pega na sua nuca e sente um calo, então lembra que tinha batido a cabeça quando caiu. Havia uma pessoa na cabana de costas aparentemente fazendo alguma coisa parecida com um chá. Phynasy levanta e pergunta:

- Desculpe, mas onde eu estou? Quem está ai?

A pessoa continua calada de costas fazendo o chá, coloca um pouco em um copo e entrega na mão de Phy, que pergunta:

- O que é isso?

A pessoa segura à mão de Phynasy, que estava segurando o copo, e leva junto para boca dele. Phy engoliu um pouco e acabou cuspindo pelo o gosto ser horrível, mais uma vez perguntou o que é isso e a pessoa respondeu:

- São todos os seus medos. O gosto ruim é porque foi feito do seu futuro.

A visão de Phynasy começa a voltar ao normal e ele tem um choque quando vê o rosto da pessoa, era ele próprio na sua frente. Olha para os lados e percebe que estava dentro de uma jaula e a única porta da cabana estava dentro da jaula.

- O que ta acontecendo?! Me tira daqui! Quem me prendeu aqui?!
- Você não lembra? Você mesmo se prendeu ai a muito tempo. Talvez isso faça sua memória voltar.

A pessoa se transforma em Davi e dá um sorriso, Phy não consegue acreditar no que estava vendo e se arrasta para o canto da jaula. A pessoa com o rosto de Davi diz:

- Quem são essas das fotos ai?

Phynasy levanta a cabeça e vê na parede de trás da jaula dois quadros, um com a imagem de sua mãe e outro com a imagem de sua irmã. A pessoa fala:

- Nossa olha isso!

Phynasy pisca os olhos e quando abre tinha uma faca enfiada em cada uma das imagens. Ao ver isso grita:

- NÃÃÃÃO!

Pega na maçaneta da porta para abrir quando a pessoa fala:

- Será que você já está pronto para fazer essa escolha?

Ele não entende a pergunta e abre a porta, mas o que tinha do outro lado era assustador. Um caminho levando para uma luz e milhares de sombras circulam o caminho, mas antes que consiga colocar um pé para fora, a porta fecha sozinha e Phynasy acorda.

Enquanto isso, Davi estava comendo o que Helena tinha preparado e a irmã mais nova de Phy chega para conversar com seu pai:

- Papai! Papai!
- Fala o que você quer caralho!
- Eu queria pedir uma coisa pro senhor. Por favor, para de brigar com a mamãe, porque se isso continuar eu não sei se quero mais viver.

Ao ouvir isso Davi parou de comer virou para a criança e disse:

- Ah não quer mais viver é?! Pois eu vou te mostrar o que é não querer mais viver sua mal agradecida!

Levantou, pegou uma das cordas que estavam ali em cima da mesa, segurou a garota, amarrou suas mãos. Depois disso pegou a outra corda e colocou em seu pescoço, jogou a outra ponta por cima de uma das madeiras do telhado e puxou até a criança ficar totalmente erguida do chão.

- Agora eu vou te ensinar o que é não querer mais viver demônio!

Pega um cinto e começa a bater na garota, ela só conseguia se retorcer.

Enquanto isso Helena, que estava procurando Phynasy, decide voltar para casa na esperança de que ele tenha voltado. Quando vai chegando perto de casa ela escuta um barulho como se fosse alguém batendo em alguma coisa com um chicote, coloca a mão na maçaneta, abre, e presencia aquela cena horrível, extremamente chocada e revoltada com aquilo que estava vendo só consegue gritar e partir para cima de Davi para tirá-lo de perto de sua filha:

- O que você fez seu desgraçado?!

Ela consegue derrubar ele no chão e tenta bater nele com qualquer coisa que ache por ali. Porém ela não era tão forte.

Phynasy preocupado com o que tinha visto no sonho corre o mais rápido possível pra sua casa. Chegando lá encontra a porta entreaberta, chega aos seus ouvidos o som de sua mãe brigando com seu pai, e ele logo pensa que só tinha voltado para aquele inferno mais uma vez. Porém quando abre a porta se depara com dois pés balançando enquanto uma corda rangia, era sua irmã enforcada.

Então viu uma sombra de um homem em cima de uma mulher erguendo uma faca. Phynasy gritou e Helena gritou ao mesmo tempo:

- NÃÃÃÃÃÃÃOO! - Phynasy
- SOCORROOOO! - Helena

Então a faca desceu em seu peito, Phynasy correu para tirar aquele monstro de cima de sua mãe. Com as duas mãos fechadas se jogou com toda a força que tinha para tirá-lo dali, porém quando o golpeia suas mãos não chegam a tocar o corpo de Davi, mas mesmo assim ele é atirado na parede com tanta força que a parede racha toda.

Não consegue acreditar ao ver sua mãe com uma faca dentro de seu coração, suas mãos tremem totalmente. Porém, mesmo cuspindo muito sangue ela consegue falar algumas palavras:

- Me desculpe filho! Não era isso que eu queria para você! Acho que não vou conseguir ver você crescer. Eu te amo.

Acaba fechando os olhos, e Phynasy escuta seu coração batendo cada vez mais fraco até parar totalmente. Ao ver isso, se enche de ódio pelo homem que tinha tirado as pessoas mais importantes de sua vida.

Seus olhos se viram para Davi que começa a debochar:

- HÁ HÁ HÁ! Finalmente me vi livre dessa vagabunda que só fazia era atrasar minha vida.

O ódio no coração se misturava com o amor que tinha por sua mãe, que fez uma pequena luz fraca sair de seus olhos para o mundo. Phynasy não conseguia se mover, mas ele queria vingar a morte de sua mãe, mesmo gritando ele ergueu seus braços com as mãos fechadas e desceu como se estivesse acertando Davi, mas lá onde Davi estava era como se tivesse decido um golpe de uma massa de ar no seu corpo. Phynasy olha para o braço dele e dá mais um soco e o braço dele se quebra. Ele fala:

- É parece que você tinha algo que nunca me mostrou né?! – Falava enquanto cuspia sangue.

Ele olha nos olhos de Phynasy e diz:

- Você não é muito diferente de mim, mas será que está pronto para fazer essa escolha?

Totalmente possuído pelo ódio Phynasy começa a socar ele, os ossos de Davi quebram. Continua até destroçá-lo completamente, depois de matar-lo ele deixa sair um último grito, perde o equilíbrio e acaba encostando-se a uma parede e escorregando até o chão. Não conseguia acreditar no que tinha acontecido ali. 

Assim começa essa história.


O Último AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora