Capítulo 08

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Três portas após o quarto de Emily se encontrava os aposentos de Richard, que a essa altura da noite se mantinha em absoluto silêncio diante o pai que não parava de falar ao lhe dar um imenso sermão sobre responsabilidades e linguajar afiado. Ele estava cansado depois de um longo dia e apenas queria descansar, entretanto o pai parecia determinado a lhe encher o saco. Seus olhos vagavam pelo quarto decorado exclusivamente para si, enquanto o mais velho insista em continuar a falar com uma voz firme e autoritária. O que tinha de mais em querer jogar em paz? Ou falar alguns palavrões? Ele não era nenhuma criança como os irmãos para ser controlado assim.

- ...Eu não quero saber de você com esse aparelho durante o dia todo, você deixa todos de lado para jogar meu filho, seus irmãos querem sua atenção e você simplesmente os ignora para ficar com esse celular. Já conversamos diversas vezes sobre esse seu comportamento e nada parece adiantar!- O homem suspirou de forma audível notando que o menino não estava preocupado em lhe ouvir; ele estava apenas o ignorando.- Richard!- Ele quase gritou e obteve assim um suspiro alto e pesado do menino a sua frente, que lhe encarou como se o mesmo fosse o pior vilão do mundo.

- O que foi pai?- O menino se levantou em um gesto indignado ficando quase na mesma altura que o homem mais velho, cansado de ficar ali apenas escutando esporro.

- Você cuide desse tom.- Avisou o homem aprontando o dedo na cara do jovem que apenas estreitou os olhos, puto da vida.

Então era isso que seu pai queria? Que ele ficasse quieto escutando?

Ah mas ele não faria isso!

- Antes de se preocupar com o meu tom pai, porque o senhor não cuida do seu?- Ele não se conteve e soltou a pergunta de forma desafiadora. O silêncio tomou conta do quarto por alguns instantes, enquanto o pai de Richard processava as palavras do filho.

- O que você disse?- O pai perguntou abaixando seu apontar, claramente surpreso e um tanto perplexo com a resposta ousada do jovem, ao que sentia a palma da mão coçar diante tamanha insolência de seu mais velho.

- Eu disse que antes de me pedir para cuidar do meu tom de voz, o senhor deveria se preocupar com o seu.- Repetiu o menino de aparência irritada sem segurar a petulância.- Não sou mais uma criança, pai. Tenho direito de expressar minhas opiniões, de ser ouvido, em vez de apenas ficar calado te escutando falar o tempo todo.- Richard retrucou, mantendo o olhar firme e desafiador. Ele estava farto! Se o pai queria continuar aquela conversa, ele não iria se conter.

- Não é mais criança mas se comporta como uma, que maduro em meu filho, está de parabéns!- O homem elogiou com deboche escancarado, sem conseguir se conter diante a irritação vigente que o menino lhe oferecia; travando a mandíbula em uma tentativa de tentar segurar as palavras dentro de sua boca. Em um momento como aquele, estava fácil dele realmente perder a paciência e acabar saindo como o errado da história.

- Obrigada!- Agradeceu o mais novo no mesmo tom ao que se jogava mais uma vez sobre a cama de lençóis bagunçados.- Já terminamos, agora me deixe em paz.- Decidiu sem querer continuar com aquilo.

- Richard, você está ultrapassando os limites! - O pai exclamou em tom de aviso, frustrado e irritado com a atitude desafiadora do filho. Ele estava se esforçando para manter a calma, mas sentia a raiva borbulhando dentro de si.

- Pai, me deixa! Se eu quero jogar eu vou e acabou! Eu decido.- Ele estava determinado a fazer valer sua vontade, mesmo que isso significasse desafiar a autoridade do pai que a essa altura do campeonato já havia perdido de vez qualquer resquício que poderia existir em si de paciência.

- Ótimo, você quer que eu te deixe?!- Exclamou Foster agora também de forma completamente irritada.- Vou te deixar todo marcado e aí vamos ver quem decide o que então!- Dito isso Richard observou o pai pegar o chinelo de borrachas grossas que servia anteriormente apenas como calçado, e sentiu um gelo passar por sua espinha ao que avistou o objeto nas mãos do homem mais velho.

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