Capítulo 03

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Laura ao dar um basta nas birras de sua caçula, sentiu que não devia insistir em prolongar o castigo, pois, apesar de não demonstrar muito... ela não gostava de ver sua menina naquele estado. Mila já havia tomado o remédio momentos antes, então, o melhor a se fazer era deixar a mesma em paz por hora. Seu marido certamente se encarregaria de acalmar a mais nova enquanto ela própria tinha seu tempo com Adams. Emily não parecia estar muito confortável com a situação que havia acabado de se desenrolar ali, e a mulher mais velha queria acalmar os ânimos da menor antes de qualquer outra coisa. Ela se sentia extremamente ansiosa para chegar o momento em que acolheria aquele pequeno corpo adolescente, recém transformado em adulto de 18 anos, em seus braços, entretanto, entendia que tudo aquilo era novo para a jovem, e que talvez para isso acontecer, levaria certo tempo.

- Querida, irei subir com ela, tudo bem?- Questionou o homem do cômodo, ainda sustentando em seus braços a menina chorosa, que não atrevia-se a levantar o olhar, continuando assim, com o rosto enterrado na curva do pescoço do pai; provavelmente também constrangida por ter agido de tal forma na frente da nova irmãzinha. Laura conhecia os filhos como a palma de sua mão, e sabia exatamente como Mila iria se portar de agora em diante. A mulher previa que a filha ficaria manhosa e sensível ao extremo pelos próximos dias, e também que teria que usar uma grande porcentagem de sua paciência para saber lidar com a mesma. Ela não havia batido na menor, uma palmada não chegava nem perto da surra que sua caçula estava merecendo levar, entretanto, havia claramente servido como aviso.

- Tudo bem meu amor, mas, não demore sim? O jantar logo ficará pronto.- Afirmou a mulher de forma carinhosa, se aproximando de Foster para rapidamente lhe beijar os lábios, aproveitando também para alisar as costas da menor embutida ali, em um carinho mudo. Poucos segundos depois, a adulta se encontrou sozinha com sua nova menina, e sorrindo largamente, voltou sua atenção para o jantar que cozinhava.- Sente-se um pouco meu amor, não fique aí em pé no meio da cozinha.- Pediu de forma simples, reparando a menina morder os lábios, já feridos, insistentemente.- E pare de se machucar, não pode ficar mordendo a boquinha.- Repreendeu observando Emily, com as bochechas rosadas, lhe obedecer ao puxar um banquinho da bancada e se sentar.

Adams se sentia travada, em um misto de vergonha e querer. Ela estava um pouco nervosa... Bem, "pouco" não chegava nem perto da dimensão dos sentimentos que a mesma sentia naquele momento. Para Emily, tudo aquilo era novo e diferente, a ansiedade de entrar de cabeça em algo inusitado acabava com ela. Sempre fôra alguém não muito responsável, entretanto, sabia escolher como ninguém suas batalhas, e certamente jamais havia estado em situação parecida.

Por acaso Laura pretendia tratá-la da mesma forma que havia tratado Mila a pouco?

Emily era um tanto quanto tímida e somente o fato de pensar nisso, já fazia com que suas bochechas corassem intensamente. A vergonha certamente seria sua pior inimiga ali, disso ela tinha certeza, mas, ao mesmo tempo que desejava não ter posto os pés ali, ela também queria, ansiava por aquilo. Rapidamente desprendeu os dentes dos lábios, obedecendo ao pedido da mais velha, ela já sentia o gosto do sangue ralo em sua boca, porém, o ato ansioso era quase que inevitável.

- Desculpe...- Pediu em tom envergonhando se pondo a novamente a abaixar o olhar.

- Se sente nervosa meu amor?- Questionou a mulher desligando seu assado, ao que o apito fino do forno se manifestou, fazendo um estrondoso barulho ecoar pela cozinha. Laura havia preparado um prato típico da culinária de sua família; frango assado com batatas e alecrim, legumes cozidos a vapor e saladas. A mulher claramente amava cozinhar, e para a tristeza de seus filhos, principalmente de Mila, também levava muito a sério a alimentação dos mesmos. Encarou Adams com um sorriso materno de mais aberto nos lábios, e observou Emily aos poucos voltar a subir o olhar e assentir timidamente.

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